quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Mini-entrevistas - 3

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Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é Jorge Reis-Sá, editor e autor.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Não sou de grupos. Acredito por isso mais na biosfera do que na blogosfera. Até porque, bem vistas as coisas, escrevo um diário de amizade on line. Não sou membro do clube. Assim o não querem os membros, assim o não desejo eu.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Na vida profissional, alguma coisa. Afinal enquanto editor vou editar e já editei livros a partir de blogues. Na vida pessoal apenas a descoberta de algumas considerações sobre o que escrevo ou sobre a minha pessoa em blogues insuspeitos.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito. Com tudo o que daí advém de bom e mau.
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No post de baixo, entrevista a Carlos Zorrinho.
Amanhã: Nuno Magalhães, deputado do PP pelo círculo de Setúbal.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Mini-entrevistas - 2

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é Carlos Zorrinho (47 anos, Professor Universitário e actualmente Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Intuitivamente penso em rede e em vida, numa comunhão livre e simultaneamente inteligente e complexa, dada a infinidade de conexões possíveis. Por outro lado conduz-me a uma certa ausência de fronteira, mas ao mesmo tempo traduz um sentido de limite em continuo, associado ao próprio conceito de esfera.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não exclusivamente, mas procuro normalmente avaliar se o rumor da blogosfera adere ao visível mediático. Na tectónica da actualidade, os rumores da rede ajudam a prever (e a precaver) os terramotos noticiosos.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Quando fui nomeado para as funções que agora exerço (Coordenador do Plano Tecnológico), num contexto mediaticamente muito visível, a leitura dos Blogs fez-me perceber com clareza as expectativas positivas e negativas em relação ao meu potencial desempenho e ao mérito do Plano, algumas razoáveis e outras fruto de preconceitos ou deficiente informação. Procurei ter em conta essas percepções para criar as melhores condições possíveis para o desempenho da missão.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Formalmente sim. Quanto ao resto talvez não seja este o espaço para discutir o que é ser livre na sociedade da informação e na economia do conhecimento. Talvez um dia reflicta sobre isto neste ou noutro "blog".

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Mini-entrevistas - 1

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A partir de amanhã, o Miniscente iniciará uma série regular de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. As pessoas convidadas corresponderão a perfis e a níveis etários bastante variados. As perguntas serão sempre as mesmas:
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?

Flutuações temerárias

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André Moura e Cunha teve a ideia feliz das “frases iniciais exemplares”. É um bom ponto de empatia para uma rentreé blogosférica (existirá tal coisa em área de fluxo?). Estarei atento e contribuirei de vez em quando, até porque as Seis propostas para o próximo milénio de Italo Calvino não saciaram o tema. Hoje lembrei-me da “navegação temerária” convocada por Hans Blumenberg no “incipit” do seu Naufrágio com espectador:
“O homem conduz a sua vida e ergue as suas instituições sobre terra firme. Todavia, procura compreender o curso da sua existência na sua totalidade, de preferência, com a metáfora da navegação temerária.”

O nome da corrupção

Quando se trata do PCP, os registos apontam quase sempre para “irregularidades”, para “alegadas incongruências”, ou para “favorecimentos precipitados”, mas nunca, como em todos os casos do género, para “corrupção”. Por que será? Salvos raras excepções, o impulso dominante dos nossos media tende a escamotear os nomes, trocando-os pela imagem colorida que luz ao espelho: neste caso a sempre aclamada festa do Avante que aí vem para tudo esquecer (podia ter sido “doença prolongada”, ou “renovação partidária”, ou outra máscara retórica qualquer, não é?).

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

A beleza dos diagramas

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A propósito da beleza dos diagramas, evocada por J.Pacheco Pereira, passo a citar um extracto de umas das famosas cartas de Peirce a Lady Welb onde, depois de apresentar as suas categorias (firstness, secondness e thirdness), o autor passa a introduzir os tipos de signos que delas decorrem. Aí compara os ícones (signos que apresentam similaridades com o que denotam) com uma "visão" - "or the sentiment excited by a piece of music considered as representing what the composer intended. Such may be the sinsign (o que acontece agora e aqui), like an individual diagram; say, a curve of the distribution of errors".
Esta "curva" que acolhe as falhas e virtudes do que se vai actualizando - acto a acto da nossa vida - é, no fundo, a alma de todos os nossos prodígios.
Daí, porventura, também, a sua beleza.

A Falha, outra vez

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A Falha, filme de João Mário Grilo (2002) baseado no meu romance do mesmo nome (1998), pode ser revisto logo à noite (uma da manhã, RTP, canal 1).

Férias - 69

Termina hoje, no simbólico número 69, esta longa série de férias. Foram pequenos posts muito variados, tematicamente descentrados, sem preocupações de networking e sobretudo ilibados de toda a carga ilocutória. Olho para trás e sinto-me (narcisicamente) feliz com a experiência e com o tom que não foi planeado, nem pressentido à partida. Com efeito, as férias são um espaço de escorço mais acentuado, no meio do enduring pathos do resto do ano. Nada mais do que isso. Espero não ter desiludido os generosos leitores que permaneceram fiéis a este espaço durante o longo Agosto.
(28/8)

domingo, 27 de agosto de 2006

Férias - 68

Futebol e férias: enquanto reabro o computador de casa, deixo a TVi ligada (em silêncio sepulcral) não vá aparecer, às 19h15, um Benfica-Belenenses.
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p.s. - Furioso pelo facto de a Pública de hoje (links ausentes) não ter integrado o Lusitano de Évora nos clubes míticos portugueses.
(27/8)

sábado, 26 de agosto de 2006

Férias - 67

Com as férias quase quase quase a terminar, faço ainda por desconhecer se a vista é aquilo que se vê ou aquilo que se dá a ver. Melhores dias virão.
(25/8)

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Férias - 66

Neste quase último mês de férias, li Houllebecq (Quase uma Ilha), Rushdie (Shalimar o Palhaço), Coetzee (O Mestre de S. Petersburgo), Banville (O Mar), Kundera (A Ignorância) e acabei hoje mesmo um óptimo McEwan (O Fardo do Amor), cujos méritos advêm da arquitectura do plot e da engrenagem ficcional que faz revolutear factos e situações inauditas. Tudo começa com um incidente puro e duro de onde depois emerge a força dos mal-entendidos e a singular inverossimilhança de um psicopata. Talvez o final pudesse acusar uma toada um pouco mais abismada, ou tão-só inesperada.
(24/8)

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Férias - 65

Que tipo de assimetria existirá entre o modo como os jornais passaram a citar diariamente blogues e o modo como os blogues, digamos os mais activos, citam (também diariamente) jornais? No primeiro caso, o tom é explicitamente citacional e vive de prioridades e de oportunidades de agenda. No segundo caso, é muitíssimo mais rara a neutralidade citacional e muito mais abundante o posicionamento crítico. Estou em crer que uma maior harmonização entre estas duas tendências enriqueceria certamente o nosso espaço público.
(23/8)

Férias - 64

Durante um período da minha vida, viajei quase todos os dias entre Amesterdão e Utreque. Nesta última cidade, a catedral deixa ver ainda hoje os resultados da Beeldenstorm: as imagens completamente arrasadas no seguimento dos confrontos de 1566 (faz depois de amanhã, no dia dos meus anos, 44o anos). Trago comigo, há anos, esta imagens que não deixam de ser imagens, apesar das amputações. Ao ler o Público de hoje (sem links), apercebo-me de que as imagens de Tom e Jerry vão passar a protagonizar o mesmo tipo de terrorismo que eu pensava ser, entre nós, uma coisa já datada. Mesmo em férias, as voltas que o mundo (não) dá!
(23/8)

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Férias - 63

Num texto sobre a recente guerra do Líbano, Vital Moreira refere-se hoje (Público sem links) à "superioridade moral das democracias". A linguagem tem antecedentes na época em que os comunistas, religiosamente, ainda anunciavam às claras a sua própria "superioridade moral" (a auto-imagem de uma incorruptibilidade algo puritana e exclusiva mantém-se ainda hoje no seu seio). Pina Moura foi mais pragmático ao ter associado, "em democracia", a ética ao império da lei. No fundo, o primeiro ilude a realidade da guerra em defesa da democracia, enquanto o segundo ilude a estrita existência da ética. Ilusões psicanalíticas que são ainda porventura sombra desse incómodo maior que se chamou muro de Berlim.
(22/8)

Férias - 62

Há alfaias que são intemporais na liturgia balnear. Contudo, neste momento apenas me vem à cabeça a "Laranjina C", não o líquido, mas a garrafa quase oblonga, sexy, dir-se-ia que murmurava monossílabos suaves.
(21/8)

Férias - 61

Do aniversário de Clinton, o tema das gerações fez-se de novo evidência. Tudo se iniciou na escolha editorial dos jornais e acabou depois por se propagar ao espaço da crónica. Do pós-guerra para cá, o elenco parece claro: 45/6 - 65/6, os baby boomers (única privilegiada e aparentemente vitoriosa); 55/6 - 75/6, a dita "revolucionária" (ressentida e falhada); 65/6 -85/6, a pós-moderna (arejada mas insonsíssima); 75/6 - 95/6, a geraçã0 "rasca" (vazia e ilusória) e 85/6 - 05/6, a geração "morangos com açúcar" (tão irreal quanto ainda sem história). De facto, uma geração só tem alento na iminência encantatória do seu próprio presente. Eu prefiro ostras em Cacela, mas longe de grandes ajuntamentos.
(22/8)

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Férias - 60

O que comanda as férias é a reminiscência: persianas corridas e a impressão de que o bulício exterior já foi vivido e revivido noutros areais, noutros toldos, noutros pontões, noutros faróis.
(21/8)

Férias - 59

Às vezes penso que não é, nem o legado heideggeriano (zorge/tomar conta de), nem o darwinista (a implicação da sobrevivência) que nos dão o fulgor. É sobretudo a perda, i.e., a convicção de que não voltar a encontrar é inevitavelmente prosseguir.
(21/8)

Férias - 58

O mais radical desapego à vida implica sempre uma avaliação que sobrepõe à natureza humana uma outra. Por isso ele nunca é livre: ou reside no misticismo, ou na engenharia ideológica, ou ainda no terror (a erradicação pura e simples de todos os "obstáculos", no sentido metafórico que Hobbes utilizou para caracterizar justamente a liberdade).
(20/8).

Férias - 57

No Público de hoje (Domingo, legenda da página 47): "Alguns publicitários não vêm um grafismo realmente inovador no novo semanário". Na escola primária, o meu professor ensinou-me: vê-se com dois olhos (vêem) e quando se regressa vem-se por um só caminho (vêm). Chega?
(20/8)

sábado, 19 de agosto de 2006

Férias - 56

As férias também nos dão tempo para vasculhar. Ao fazê-lo, dei com este desafio do Bloguítica que vai já fazer um ano no próximo dia 9 de Setembro:
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"O desafio que proponho aos leitores consiste em identificar os casos de laços de parentesco na política. Por exemplo, um líder de uma distrital cujo filho seja deputado. Um governador civil cujo filho faça parte dos órgãos de um partido. Um presidente da câmara cuja mulher seja ministra. E assim sucessivamente. Os dados deverão ser enviados para o email: paulogorjao@gmail.com. Daqui a oito dias tornarei pública uma primeira listagem."
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Em que terá ficado, no final, este interessantíssimo desafio?
(19/8)

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Férias - 55

Não me oponho feericamente às subvenções estatais dos “gestos contemporâneos”, como escreveu Fiadeiro, ou doutras manifestações de índole “cultural”. Só que o escrutínio em torno da actividade e a exclusividade que se lhe impõe (tal como a que é exigida aos bolseiros da área científica) nem sempre – diria raramente – são dados claros. Esta falta de clareza tem extremado posições nos últimos anos (digamos pós-Expo): de um lado, a incompreensão crescente e legítima do público; do outro lado, a arrogância e (muitas vezes) o isolamento quase autista dos próprios subsidiados. Não sei se os novos instrumentos legais irão corresponder a este extremar de posições. Vai ser uma das discussões (de nicho) da “rentrée”, creio eu.
(18/8)

Férias - 54

Quando o Ocidente passar a julgar os factos unicamente a partir da apoteose das imagens (já faltou mais), tornar-se-á plausível a aparição vitimizada de um novo Hitler vestido porventura com cores islâmicas. Nesse dia, vai ser demasiado tarde para sequer sonhar com uma nostalgia da liberdade.
(18/8)

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Férias - 53

Às sete da manhã, a tempestade fez a praia levantar voo como se o areal, o relvado e os arbustos fossem flamingos frágeis na vazante.
(17/8)

Férias - 52

Leio com interesse um apontamento que se admira com a leitura de A Ignorância de Kundera em (apenas) 24 horas. Devo dizer que, apesar de ter lido de sol a sol as 186 páginas da edição de bolso da ASA, elas não me chegaram sequer a impor uma devoração sôfrega. Foi canoagem intensa mas sempre com brisa de feição: não mais do que isso. Aliás, quem trabalha comigo em temas no mínimo tão labirínticos quanto o são os da problematização kunderiana, de certeza absoluta que é convidado a ler ainda com mais rapidez (pelo menos, em certas circunstâncias).
(17/8)

Férias - 51

A propósito da "crença" e da "rapidez" (este, outro tema kunderiano), é interessante a revelação que surge hoje nos jornais: Marcelo Caetano doutorou-se aos 25 anos e já era catedrático aos 27 anos. Imagine-se que a eficácia facilitista de Bolonha tomava conhecimento destes factos!
(17/8)

Férias - 50

Há argumentos que apenas desvalorizam quem os utiliza. Um bom exemplo disso é o modo como O Estrangeiro de Camus foi tratado e noticiado (a propósito da sua leitura por G. W. Bush). O provedor dos leitores do Público (sem links) deveria hoje ter matéria com que se preocupar. A discórdia política e o reducionismo mais cru e cruel nunca deveriam andar de mãos dadas (pelo menos nesses territórios que o jornalismo reivindica para si, ao sabor íntimo e exclusivo da sua "deontologia").
(16/8)

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Férias - 49

Quando o hiperterrorismo recua das primeiras páginas para o meio dos jornais (ou dos telejornais), sentimo-nos subitamente salvos. Seis séculos depois, as indulgências passaram deste modo a constituir um modo de vida que se paga com o mais alto preço: a ilusão. Onde antes havia crença e fé indefectíveis, há hoje uma miríade de cenários que movem cenários para que acreditemos que nada de anormal se passa afinal à nossa volta. E assim acontece.
(15/8)

Férias - 48

Não, não é Gunter Grass que caiu agora em desgraça. O que caiu - e que sempre esteve estatelado no chão sem que ninguém o quisesse admitir - foi o mito da autoridade moral dos (cito) "intelectuais".
(15/8)

Férias - 47

Só num desses programas estilo "Levanta-te e ri", mas de mau gosto muitíssimo mais acentuado, é que podia imaginar-se um debate acerca do estatuto de partido político, ou não, do Hezbollah. Em Portugal, às vezes, acontecem coisas extraordinárias. E ainda há quem as leve a sério nas páginas dos jornais.
(15/8)

Blogues e Meteoros - 3

Desde ontem no Expresso on-line:
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Blogues para as férias (I)
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Chegou o tempo dos engarrafamentos, das malas por fechar e do suor em bica.
No entanto, a praia dos nossos dias já não é a praia inocente do «Gendarme de Saint-Tropez» ou de «Les Zozos». Hoje, o portátil faz companhia ao mais ínvio veraneante. Para ele, passo a aconselhar alguns dos melhores blogues de férias.
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Comecemos pelo «Triciclo Feliz» que tem cores quentes e uma expressão que casa a radiografia paródica do quotidiano com a nostalgia do design da «segunda revolução industrial». Além disso, vive da evocação e do prazer com que manuseia a primeira pessoa. Puro lúdico. O hedonismo anda também à solta no «Dias Felizes»: trata o biografismo por tu, adora Francis Bacon, não esconde alguns traços filantrópicos e respira um grafismo clean e depurado (netjes como dizem os holandeses). O «Memória Inventada» é também muito útil à quadra solar, já que se enuncia em viagem e em tempo real. Qual «Grande Reportagem», qual quê! Aqui é Nova Iorque ao vivo, é a «Route 66» e é ainda um espada romântico de cor amarelada: verdadeiro perfume que a «trepidação» dá a sentir, para além, é evidente, da «chapa morna, morna como um mamífero de verdade».
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Nesta brevíssima visita guiada com bronze ao fundo, não pode ser esquecido o humor que não teme aquilo a que os cientistas designam por hipérbole: um animal sempre maior do que qualquer outro e, ainda por cima, a fazer troça de todos. O gracioso blogue que o encorpa como poucos dá pelo o nome de «A Causa Foi Modificada». É evidente que os espíritos mais suaves, mas desejosos de prazer imediato, imprevisto (e estético), podem sempre passar pelo «Cocanha». O relato que atravessa este blogue tem o seu fundo cinematográfico, mas é sempre cotejado pela antropologia da actualidade, pela subtileza do sarcasmo e, como diria Dida na baliza do escrete, pela mais secreta gozação. Vale a pena.
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Se o calor fustigar o leitor, já sabe que a blogosfera é generosa e não lhe esconde soluções. Passe nesse caso pelo «Adriátiko»: entre short stories, muita neve e algumas hibernações próprias do clima criado, o blogue tem um culto especial por imagens (com atenção especial para o anfitrião, Fernando Relvas, e também para Nina Govedarica). O Verão também pede algum descanso para o olhar. Razão para mais esta visita. A terminar, deixo-vos com o doce favorito de um dia em que o céu se esfuma e o crepúsculo parece uma estrela em fogo. É o «Hey-City-Zen», blogue «Bi-continental, bi-cultural, bi-lingual». Os ritmos surgem aí recriados em janelas muito claras e deixam-nos ver – com frescura – noites de música animadas por Diana Krall, Kudu ou Massive Attack (já agora: por aqui, a natureza da escrita não se deixa impressionar com o politicamente correcto que está a transformar a nobreza clássica do tabaco num mundo de estufas e próteses tecnológicas).
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Na próxima crónica de estio, completarei esta ementa que foi pensada para juntar o restaurante de praia à perdição, o areal vazio ao portátil e o amanhecer na praia à nudez mais virtual. Boas danças com blogues!

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Férias - 46

Acabei anteontem de ler O Mar do irlandês John Banville. Um bom livro, simples, de narração agilíssima. No entanto, a história evoca excessivamente um protagonista derrotado pelo objecto da sua própria memória. Como se as lembranças que se acamam no romance desarmassem o narrador face ao narrado: uma melancolia filha da desistência e não tanto do brilho ácido de um pranto (à Houellebecq, por exemplo) que saberia bem acompanhar. Seja como for, há poucos livros em que a poética da minúcia e um realismo solto e até mordaz acasalem de modo tão sereno. Mais uma boa leitura de férias. Aconselho-o.
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p.s. - De ontem para hoje, de um só trago, devorei um romance de 2000 de Milan Kundera que ainda não tinha lido: A Ignorância. É um livro que toca quem repartiu a sua vida por diversos lugares (o leitmotiv põe em jogo dois checos que, depois do fim do comunismo, procuram em vão a mitologia do Nostos, ou seja, da cruel miragem de um regresso dourado).
(14/8)

Férias - 45

Nem todo o terror pós-09/11 é islâmico, mas todo ele advém de aprendizagens e práticas concretas da interpretação do Islão. O que há de específico na religião muçulmana, independentemente da complexidade das suas variantes históricas, dogmáticas, tradicionais e jurídicas, é o facto de a revelação se assumir como o "último selo", i.e., como o fechar inelutável e indiscutível de todas as revelações proféticas antecedentes (fazendo assim subsumir a si própria todas as outras religiões do "Livro"). Este cariz de unicidade irremissível (o famoso tawíd) e irrepresentável, aliado a uma interpretação linear das fontes - o Qur'ân e a hadith - (numa postura oposta ao tawíl), tornou-se num ingrediente simples que legitima todo o tipo de acções, mesmo aquelas que não cabem, pela sua barbárie, na compreensão de uma sociedade livre e democrática. Para quem levou três anos da sua vida a estudar o Islão - terá valido a pena, pergunto-me eu hoje? - há que começar a retirar algumas ilações. Continuarei depois das férias..
(13/8)

sábado, 12 de agosto de 2006

Férias - 44

O hiperterror junta à destruição pura e à morte indiscriminada de pessoas inocentes uma engenharia da apoteose espectacular. Creio que os autores reais destes crimes sem nome, quando consumados, se interessarão muito mais pelo impacto da apoteose do que pelas vidas (à parte a avaliação meramente estatística). Contudo, o trunfo político da cultura terrorista da morte não reside nesta ou naquela apoteose particular, mas antes em fazer crescer nas sociedades livres - com sucesso, infelizmente, em alguns casos - a certeza iminente de que não sobreviverão e de que, portanto, não terão futuro nem defesa possível.
(12/8)

Férias - 43

Que teria eu dito e que acabei por não dizer, neste mesmo dia há dez anos, simplesmente por não ter à mão o luar da compulsão blogosférica?
(12/8)

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Férias - 42

O terror aparece em nome de um "Deus" maior e exclusivo (a repetição da repetição de um sentido imposto sem liberdade). O terror não declara, não debate, não questiona, nem pressupõe o Outro. Gostaria antes de o reduzir a cinzas porque nele a liberdade é, não um exclusivo, mas a própria respiração.
(11/8)

Férias - 41

O mundo deixou de respirar por um momento. A tragédia e o terror foram cristalinamente visionados, percebidos e interiorizados. Alguma neurose política viu no aceno terrorista uma simples encenação dos media, uma diversão para afastar atenções. Preocupar-se-ão mais com um avião israelita que fez escala na Terceira.
(11/8)

Férias - 40

Apesar das nações, Coluna e Eusébio são património benfiquista. Já Obikwelu e Deco são património de uma nova globalização. É por isso que há euforias e euforias.
(10/8)

Férias - 39

Os senhores jornalistas deviam saber que a vila do "Redondo" é sempre pronunciada de forma determinada, i.e., "o Redondo". A "Serra d´Ossa", por sua vez, é invariavelmente pronunciada por omissão da contracção entre artigo e preposição (ninguém dirá, no local, "Serra da Ossa"). Pequenos esteios que denunciam alheamento.
(10/8)

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Férias - 38

Terrorismo aéreo: o iceberg da guerra global às vezes emerge. Existe um inimigo, sim: sem rosto, sem estado e sem outra linguagem que não seja a da morte e do terror. A doença letal e perversa do Ocidente é descrer da sua defesa e chegar até a confundi-la com o terror que lhe aparece pela frente.
(10/8)

Férias - 37

Eu sempre depositei grande esperança no personagem. Agora, bateu-lhe à porta a oportunidade histórica: Rui Barros vai finalmente desenvolver o seu projecto de "talento" e "inteligência" artificiais.
(10/8)

Férias - 36

Há dois anos ou três anos a esta parte, políticos, futeboleses, locutores, jornalistas e outros simpáticos pregoeiros do E.P. (espaço público) desataram a utilizar o infinitivo como bóia expositiva de salvação. De repente, tornou-se normal seguir a melopeia tal como um gato segue com a cabecinha um jogo de pingue-pongue: "Apenas dizer que...", "Já agora, dizer como foi bom..." ou "Por fim, dizer que foi um prazer...".
(10/8)

Férias - 35

Numa embalagem de iogurtes dou com um brinde literário: Paixão em Florença de Somerset Maugham. Lê-se como se fossem pedaços de fruta silvestre, é da ASA e termina assim: "- Querida, é para isso que a vida serve... para se correr riscos".
(10/8)

Férias - 34

O London Review of Books de 3 de Agosto parece o Le Monde. Há, pois, que saber gastar bem o dinheiro quando se está em férias! Ficam avisados.
(10/08)

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Férias - 33

Antes de Donna Tartt, entrei em O Mestre de Petersburgo de J.M. Coetzee. Lê-se bem e tem o grande Fiodor como protagonista. O que me vem à cabeça é que Camus teria possivelmente escrito outro Mito de Sísifo se tivesse lido este livro. É que, no final do capítulo 9, Fiodor responde deste modo à filha da anfitriã: "Ninguém se mata, Matriosha. Uma pessoa pode pôr a vida em perigo, mas não se pode verdadeiramente matar" (...) ou seja: "pergunta a Deus: Salvar-me-ás?; e Deus - neste caso - deu-lhe uma resposta. Deus disse: Não. Deus disse: Morre". No fundo, mesmo no suicídio, existe um espaço de possibilidades que se situa entre a situação de risco criada e o desfecho. Belos pensamentos de férias!
(9/8)

Férias - 32

Até lua em contrário, não é por astúcia de calcanhar que deixo de repetir em silêncio que, este ano, o meu clube ainda não me convenceu.
(9/8)

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Férias - 31

E como podia eu tranquilamente continuar as minhas férias, sem desejar à Miss Pearls o perfume de muitos e muitos mais anos de blogosfera (e logo calhou esta homenagem convocar um trinta e um!)?
(8/8)

Férias - 30

Eu sei que os votos conjugais são intocáveis. No entanto, tal não impediu que a (também minha) cidade de Amesterdão nos concedesse a sua sina de rara fantasia ao ter baptizado seis golinhos no fundo portista das balizas. Nem imagino por que cervejas irá optar o nosso gaúcho de Campo de Ourique. Acompanhá-lo-ia de qualquer maneira, nem que fosse para dizer mal dos pobres alas que o meu clube vai hoje à noite apresentar num distinto salão de dança de Viena. Entretanto, vou começar a ler Donna Tartt.
(8/8)

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Férias - 29

Acabo agora mesmo de ler Shalimar O Palhaço de Salman Rushdie e concordo que apenas a imensa cobardia do Ocidente o afasta do Nobel. Nada mais.
(7/8)

Férias - 28

A imensa idiotice dos foguetes sobre a terra, a tristeza da procissão caminhando sob o sol nu de Domingo e as gaivotas espalhando-se no céu com o alarme que faz delas o tocador de flautas apocalíptico.
(7/8)

Férias - 27

A morte do país rural só é velada em Agosto , quando os incêndios abrem os telejornais. O outro lado dessa morte lenta é a incontida vitalidade da massificação balnear que cruza o litoral português.
(6/8)

Férias - 26

Os porta-vozes da ditadura cubana têm o seu quê de Pato Donald. Para eles, o "comandante" só está mal de saúde devido ao mito do trabalho desmesurado e intenso, directas e sorvedouros sem fim ao serviço das peças do seu rebanho (que não têm que se incomodar a ter ideias ou a pensar seja no que for). Nada de velhice, portanto, na equação do PCC. A santificação "Quá-quá" é assim mesmo: arrasa a liberdade e vive do burlesco dos heróis tão ridículos quanto sobrehumanos que vai inventando. Se não fosse a mortandade e as tragédias que causou, o comunismo até podia ser uma BD ou um jardim zoológico giro.
(6/8)

Férias - 25

Há coisas que o meu cão faz por serem superiores às suas forças. Natureza pura. A natureza dos homens contraria o que é superior às suas forças e, ao fazê-lo, separa dois campos claros: vontade e liberdade, crença e desejo, dever moral e arbítrio. As "culturas", como o Ocidente aprendeu a soletrar no final de setecentos, são zonas de restrições que se projectam nestes campos. Faz parte das férias igualarmo-nos às nossas forças.
(5/8)

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Férias - 24

Acabei o último de Houellebecq e entrei fulgurantemente no Shalimar O Palhaço de Rushdie. A entrada reivindica o literário (a altivez adjectiva, o imperativo descritivo dos personagens, as espirais narrativas, etc.) sem o dizer, ao contrário do bretão cujo génio reside em descarnar a ferida com um realismo e com um vitalismo extremamente actuais.
(4/8)

Férias - 23

Desde que passei a escrever os posts num caderno de papel (férias...), tenho a impressão de que o "tom" que fala através desta escrita passou a ser muito diferente daquele que se enuncia no teclado em tempo dir-se-ia real. Menos preciosismo, mais rudeza e acutilância; menos cenografia e dissociação radical face à susceptibilidade em boomerang que é própria (da hermenêutica) dos links. Tinta solta, irremediavelmente vadia e intempestiva.
(4/8)

Férias - 22

Uma comunidade de escritas tende a centrifugar estilos, a uniformizar matizes e a amalgamar os traços. Ainda que o ponto de partida dessa comunidade seja pouco linear, completamente acentrado e em rede. É bom sair da blogosfera continuando nela a escrever apenas de modo muito indirecto.
(4/8)

Férias - 21

No Público de hoje (sem links), óptimo editorial de José Manuel Fernandes. A cabeça no sítio, pelo menos.
(4/8)

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Férias - 20

Escrutinar a incerteza ou percorrer a areia molhada: dois rumos tão discretos quanto invisíveis.
(3/8)

Férias - 19

Sempre que revejo o mar, tenho a impressão de que também já fui o protagonista de Interiors.
(3/8)

Férias - 18

As férias são propícias a comparações (fazer das coisas o que elas não são). Neste período de excessiva delonga, uma das comparações que mais me tem assaltado refere-se a fisionomias: vejo insistentemente no desocultado corpo balnear parecenças com animais. Uma tal animalidade vive de categorias bastante lógicas. Por ordem: bovina (rostos e olhares sequiosos), ovina (gestos, repetições e secreções), caprina (automobilistas, provas de pertença indígena e regresso às origens em tuning) e suína (linguagem, expressões dominantes e sobretudo a delicadeza).
(3/8)

Férias - 17

É altura de dizê-lo: um governo que tome em mãos o desígnio de sobre tudo legislar (sem excepção) deveria lembrar-se da sesta.
(2/8)

Férias - 16

A ideia com que fico ao ler uma crónica do Fernando Mora Ramos (Público de 2/8 - sem links) é a de que tudo e todos abandonaram a "beleza em si" (a maior das "revelações" que é dada ao "ser humano", referenciada aqui em Maria João Pires). O cronista percebeu agora que, fora do mundo dele - o da cultura -, resta apenas uma massa informe de "burgessos" e de "parvenus".
(2/8)

Férias - 15

Eu sei, acredito, compreendo a injustiça e parece-me digno que recorra. Mas, ao olhar-lhe nos olhos (fotografia de Nobre Guedes no jornal), há qualquer coisa que me leva inevitável e fatalmente a descrer. Não me perguntem porquê.
(2/8)

Férias - 14

A ideia com que fico ao ler uma crónica de Isabel do Carmo (Público de 2/8 - em links) é a de que "nada é deles" (dos judeus).
(2/8)

Férias - 13

O gender tem destas coisas: ao olhar para uma palmeira em Agosto, é claro que o SM (sexo masculino) se confunde com a terra e que a copa frondosa e irradiadora da árvore não passa de um diagrama de uma ejaculação. As reflexões de férias também também têm destas coisas. Foder é preciso.
(1/8)

Férias - 12

A tradudora de A Possibilidade de uma Ilha de Houellebecq prefere sistematicamente o verbo "menear" e o substantivo "felação" para, respectivamente, abanar (a cabeça) e broche (no sítio do costume). Por que será?
(1/8)

Férias - 11

Marcar o tempo, tal como a vela marca o vento. Tal como o passeio marca o andar. Tal como a pegada marca cada marca, cada presença que virá.
(31/7)

Férias - 10

Não. A felicidade ou existe agora, ou apenas depois de há muito a termos perdido (ou inventado?).
(31/7)

Férias - 9

Se o governo se decidir pela publicação dos seus credores fiscais, creio que a blogosfera poderá - em parte, claro - gritar vitória (não posso, neste cibercafé, legitimar o dito com links).
(31/7)

Férias - 8

Gordos, gorduchos, balofos a baloiçarem em calções brancos de fibra Minipreço. Elas, vestidas com roupões às franjas, ancas montanhesas e olhos de loba. O frango assado, transparente, as ondas e as esplanadas como pastagens ecopilosas.
(30/7)

Férias - 7

Como sereno mas incisivo adepto do Glorioso, decreto aqui a minha vil impaciência. Engenheiro para a rua, já!
(30/7)

Férias - 6

Tenho um romance parado há quase dois anos. Todos os capítulos se iniciam com a mesma frase: "Quando eu era escritor..."
(30/7)

Férias - 5

A estupidez das pessoas leva-as a querer apenas coisas escritas. Para mim, nestes dias, a cultura devia apenas ocupar-se de outros aspectos da estupidez. E da pele.
(30/7)

Férias - 4

Por não ter sido nos últimos anos um grande leitor de ficção, a verdade é que neste Verão Houellebecq é mesmo a grande revelação. Salut!
(29/7)

Férias - 3

Em mais de três anos de blogger consegui (felizmente) estar apenas por uma vez numa dessas sessões de debate sobre blogues. E uma das coisas que - dessa vez - mais atormentava as pessoas era o poder afirmar-se num post que não havia nada a dizer. Pois eu acho isso o mais extordinário clímax da blogosfera.
(29/7)

Férias - 2

No início das férias, o cheiro a mofo despertou-me algum interesse. Percebi que o interesse nada tinha a ver com a humidade, mas apenas com o desejo de calcorrear o tempo para além da pausa (que é o estado aparente que as férias nos devolvem).
(29/7)

Férias - 1

O papel do escritor é voltar a dizer. Logo, o papel de um bom escritor é voltar a dizer, mas sem que se note a repetição.
(29/7)