Nem todo o terror pós-09/11 é islâmico, mas todo ele advém de aprendizagens e práticas concretas da interpretação do Islão. O que há de específico na religião muçulmana, independentemente da complexidade das suas variantes históricas, dogmáticas, tradicionais e jurídicas, é o facto de a revelação se assumir como o "último selo", i.e., como o fechar inelutável e indiscutível de todas as revelações proféticas antecedentes (fazendo assim subsumir a si própria todas as outras religiões do "Livro"). Este cariz de unicidade irremissível (o famoso tawíd) e irrepresentável, aliado a uma interpretação linear das fontes - o Qur'ân e a hadith - (numa postura oposta ao tawíl), tornou-se num ingrediente simples que legitima todo o tipo de acções, mesmo aquelas que não cabem, pela sua barbárie, na compreensão de uma sociedade livre e democrática. Para quem levou três anos da sua vida a estudar o Islão - terá valido a pena, pergunto-me eu hoje? - há que começar a retirar algumas ilações. Continuarei depois das férias..
(13/8)