sábado, 30 de setembro de 2006

Mini-Entrevistas - 32

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Cris Passinato, editora do 'Caderno R' do jornal O Rebate (Brasil).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Hoje, segundo alguns educadores, seguidores do mestre e autor de muitos livros, Edgar Morin, conhecemos alguns conceitos acima de tudo complexos, tais como o da noosfera ou atmosfera mórfica, onde muitos seres pensantes que unidos e em debate criam quando debatem sobre algum tipo de temática, ou se movimentam pra pensar e criar comutativamente e conjuntamente. Para mim, blogosfera me chama ao conceito de noosfera, só que localizado nesse nicho internauta que faz cada dia mais pessoas, de diversas esferas, países, culturas, religiões, mesmo assim de forma democrática e sem barramentos, muitas vezes vir a se expressar e para isso pensar em algum tema em si a ser publicado, a ser disseminado, ser multiplicado na forma de redes que uma unidade que fica lá longe acaba sabendo de outra do outro lado do planeta através de uma onda que chega através do nossa caixa postal. É de certo muitíssimo interessante esse efeito dominó e contagiante, que cria, que cresce e que faz muitas criações nascerem através dela - a Blogosfera é terreno amplo e fértil, graças a Deus!
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Alguns e acredito que blogues sejam meios fortíssimos de comunicação e proliferação de informação.
Associei-me a filiações, ONG´s e tudo mais, através de banners e informações advindas desses blogues mais comprometidos com a qualidade da informação e disseminação do bem.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Ah! Sem dúvida nenhuma, no "Caderno R" que edito junto ao Jornal "O Rebate" on line, pois por falta de espaço, e nossa preocupação do tráfego do nosso site aumentar, encarecendo nossas despesas, até porque queríamos trabalhar de forma independente e sem anunciantes grandes e nem adotar uma política "suja" ou especulativa como os sites grandes de informação e provedores que aí se instauraram por toda net, adotamos a política de que cada colunista abrigaria a sua coluna em seus blogs. Administrados e padronizados por mim e pela webdesign e webmaster, assim dando uma qualidade muito maior aos nossos leitores de publicação. Comentários são permitidos e abertos, uma vez que moderados, impedindo abusos, spams, xingamentos ou algo que denuincie contra o nível de nossos leitores e escritores que ali confiam seus conteúdos. Se ao acaso quiserem conhecer nosso caderno, ele ganhará domínio próprio, mas por enquanto está no endereço: http://www.cadernor.jornalorebate.com .
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sim, sim... Acredito, até porque sou uma das editoras que adoto o blog, cúmplice da idealizadora Rose Nogueira, que junto comigo, pensou no formato do template mais leve e limpo que através dele expressasse a origem e o objetivo das colunas do Caderno R. Algumas editoras, Universidades, Jornais, Revistas já adotam blogues e são muito bem sucedidos e dinâmicos em suas publicações. Um sucesso esse tal de blogue e sua já blogosfera criada.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues e Carlos Vilarinho. Amanhã: Fernanda Barrocas dos Serviços de Língua Portuguesa e Intercâmbio Cultural do Instituto Camões.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 31

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Carlos Vilarinho, escritor e professor de literatura, natural de Salvador-Bahia.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
É o infinito com fim. Paradoxo proposital para explicitar um espaço alternativo onde as idéias surgem e a comunicação flui. Acredito que onde houver maior facilidade de interação entre povos, entre pessoas, entre cabeças pensantes que mudem o mundo é necessário que se popularize. Contudo é com tristeza e infelicidade que constato que o ser humano jamais mudará o seu eu intrínseco, sobretudo o seu péssimo hábito de julgar o outro sem ouvi-lo e condená-lo. Em parte isso é uma das consequências graves que denotam a falta de leitura e o ruído na comunicação. De bom mesmo só a blogosfera, a rede infinita e finita, ininterrupta, sem tempo preciso para ser acessada. Para o escritor que sabe o que faz, que quer ser lido e colaborar com o mundo como um todo e infelizmente está prostrado fora do mafioso mundo editorial a blogosfera é um paraíso...
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não, necessariamente. Mas visito sites de amigos, de outros escritores e acabo conhecendo alguma novidade.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum. Aliás, essa entrevista. Iniciativa válida e louvável de Luís.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sem dúvida, como dissera lá em cima na primeira pergunta. O escritor que está fora do mundo editorial, por razões diversas, encontra no mundo da internet o espaço que precisa para ser lido e valorizado. Evidentemente, como tudo na vida, é necessário qualidade e responsabilidade. Principalmente com as palavras cerne de todo pensamento humano. O pensamento e as idéias são as únicas coisas exclusivas que o homem possui. Daí a importância editorial de blogosfera... Divulgar pensamentos e idéias para o mundo inteiro...
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite e Isabel Rodrigues. Amanhã: Cris Passinato, editora do Caderno R do jornal O Rebate (Brasil).

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 30

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Isabel Rodrigues, professora, 43 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Blogosfera: Gente que escreve genialmente, claro que incluo aqui uma selecção dada por uma amiga.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Lembro-me de ter seguido um pouco mais de perto a questão da Casa Pia e a trapalhada do Ministério Público. De vez em quando, uma amiga lá me alerta para umas tricas de comadres que, ao que parece, também há por aí. Vaidades...
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
A blogosfera não teve impacto na minha vida pessoal, às vezes - agora menos - dá-me gosto ler textos bem escritos e alguns com humor. Mais uma vez, há uma amiga que me vai alertando e acho muita piada ao modo como ela se refere aos bloguistas - tudo boa rapaziada e até parece que se conhecem desde a infância.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Existem formas de expressão editorialmente livres? A haver posso «acreditar» que este espaço contempla essa possibilidade. Apesar de breve, espero ter respondido às suas questões.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira e Susana Silva Leite. Amanhã: Carlos Vilarinho, escritor e professor de literatura, natural de Salvador-Bahia.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 29

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Susana Silva Leite, leitora na Universidade de Leipzig, 28 anos.
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- O que lhe diz a palavra blogosfera?
A primeira associação que faço é universo dos blogues. É um sistema per se dentro do ciberespaço. Um Agora do presente e do futuro, um espaço de expressão tão íntimo quanto público, muito apreciado entre políticos, por exemplo, perfeitamente integrado na vida política portuguesa.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não segui nenhum acontecimento totalmente através de blogues; ainda opto pela leitura de jornais (mesmo online) para saber das notícias em primeiro plano. No entanto, parto dessa leitura e conjugo os meus conhecimentos com as criticas que leio, muitas vezes isoladas, em blogues (de amigos) e aí partilho a minha opinião.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Não sinto uma especial alteração na minha vida pessoal devido aos blogues, mas confesso que um endereço de blogue é mais uma informação a acrescentar à lista de telefone e e-mail de alguém, onde se revelam personalidades, no fundo, os espaços íntimos colocados numa virtualidade pública. Já a nível profissional, enquanto professora, já organizei duas disciplinas, suportadas por blogues e o que mais senti, para além da motivação dos alunos para a disciplina, foi que as barreiras temporais da comunicação entre professora e alunos abrem possibilidades novas de troca de ideias, as quais podem ser involuntariamente ostracizadas nos limites da rotina da sala de aula normal.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Na blogosfera a expressão é acima de tudo livre. E nessa medida, tudo é passível de ser editado, na minha opinião, em primeiro plano, para satisfação própria do escritor. Penso, que a edição é uma actividade gerida também, senão acima de tudo, pelas leis do mercado e acredito, por isso, que a edição num blogue ainda oferece aos leitores menos garantias de qualidade de informação que uma edição da mesma ideia impressa (não nos esqueçamos que é primordialmente uma actividade de carácter pessoal) e que a edição impressa convoca uma matriz de visões plurais. Acredito também que há diferenças entre blogues, como que a continuação de uma sub-sub-cultura nos diferentes espaços proporcionados para blogues, mas se editorialmente livre implica a não censura, então com certeza que não.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda e João Nasi Pereira. Amanhã: Isabel Rodrigues, professora, 43 anos.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 28

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é João Nasi Pereira, Arquitecto, 56 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Comunicação. Sendo a esfera a mais equitativa das superfícies (nela todos os pontos distam o mesmo do centro) o neologismo agrada-me. Evoca um imenso e redondo jornal de parede. Livre. Libérrimo: anónimo, impune, incontrolável. Verifica essa espécie de lei de Lavoisier da história: nada se perde, tudo se transforma. Quando parecia não haver remédio para a instrumentalização dos media, ai está a net e a esfera dos blogues. Todos à blogosfera, portanto…
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim. A guerra entre Israel e Líbano, p. e.. Embora nem fundamental nem exclusivamente. Por ora destempero a unissonância oficial quer das vozes serenas e bem timbradas dos opinion makers das democracias ocidentais, quer das lamúrias indignadas dos porta-vozes dos outros senhores da guerra, com a busca de alguma lucidez no universo torrencial dos blogues.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Contribuíram para preservar a luzinha bruxuleante da fé nisto tudo (que é a única a que um apóstata tem acesso).
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Por enquanto. (Mas a polícia do pensamento anda inquieta. O grande irmão não aprova este laxismo. Deixar ao cidadão comum o livre-arbítrio de decidir no que acredita independentemente do que o Ministério da Verdade determine, é insustentável!). Creio, sobretudo, que é indispensável que assim se mantenha. Anónima, impune, incontrolável…
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Corte-real, Lúcia Encarnação e Paulo José Miranda. Amanhã: Susana Silva Leite, leitora na Universidade de Leipzig, 28 anos.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

pan informática

Ver por baixo a (excelente) mini-entrevista de hoje a Paulo José Miranda, poeta e escritor.
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Por inexplicável pan informática, perdi ontem de manhã todas as mensagens de correio electrónico que tinha recebido desde o dia 24 de Setembro de 2004 (dois anos de mensagens perdidas!).
eR
APELO, PORTANTO, A TODAS AS PESSOAS E INSTITUIÇÕES QUE ME REENVIEM AS SUAS MENSAGENS, SOBRETUDO AS ENVIADAS DESDE O FIM DE AGOSTO PASSADO!
E
Peço ainda - de modo muito especial - a Carlos Vilarinho, Luís Fagundes Duarte, Jorge Mangas Peña, Agnelo Carrasco, Joviana Benedito, Maria Gabriela Rocha de Gouveia Martins, Patrícia Gomes da Silva, Susana Oliveira, Onésimo Almeida e Nuno Costa Santos que me reenviem os textos escritos propositadamente para a entrevista ao “Miniscente”.

Mini-entrevistas - 27

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O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Paulo José Miranda, poeta e escritor.
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O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Um espaço de liberdade. Um espaço onde se pode aprender e amplificar o conceito de responsabilidade. Pois se a qualquer momento nossas palavras podem ser vistas em qualquer parte do mundo, a responsabilidade aumenta e a consciência dela também, embora por vezes não necessariamente. Por isso, sou partidário dos comentários devidamente identificados. E, por maioria de razão, digo o mesmo em relação aos blogs de cada um. A blogosfera é um enorme livro, cheio de capítulos, de aforismos, de desenhos, de fotografias. Fazemos a leitura que queremos, exercitando ao máximo a nossa condição de escolha (temos sempre de escolher) e a capacidade de procura.
Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sem dúvida! O mais recente foi o caso alertado (foi assim que soube) pelos blogues Subrosa, da Meg, e o do Milton Ribeiro, meu companheiro do espaço Verbeat, acerca da censura ao blog da jornalista Alcinéa Cavalcante, por causa da sua campanha “Xô Sarney”. E, devido a eles, fui parar ao Pensar Enlouquece, do Inagaki, que conta muito bem tudo o que se passou.
Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
No meu caso é total. Pois pela primeira vez senti que estava em casa, que tinha um espaço onde poderia escrever e ser lido. Um espaço onde poderia receber pessoas. Amigos, conhecidos e até os outros. Editar livros não é o mesmo que estar “ligado”. Para mim, editar livros é lidar com o futuro, isto é, fazer com que um dia seja passado nas mãos de alguém; estar “ligado” é atual, é participar no nosso tempo de um modo efetivo, atuante e imediato. O que me agrada na blogosfera é precisamente a diversidade. E a qualidade dessa diversidade, muito maior do que a imprensa escrita. Se quisermos saber algo acerca do que se passa no Médio Oriente vamos encontrar blogues americanos, espanhóis, ingleses e, para quem domine a língua, em árabe, muito melhor do que qualquer jornal ou revista. E o mesmo em relação a assuntos culturais ou outros mais ligeiros.
Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não se trata de acreditar. Pois acreditar é não poder ver aquilo que se afirma ou que se aceita como verdade. Acredito que alguém me diz a verdade, por exemplo, sem que haja provas disso; ou o caso de quem acredita em Deus. Eu, pelo contrário, sou confrontado diariamente com a liberdade de expressão da blogosfera. Vejo a liberdade. Ainda que haja quem queira controlar esse meio de expressão, como por exemplo na China e no Irã. E agora também, ao que parece, no Brasil. Por outro lado, como comecei por dizer, os blogues (e a internet) são um lugar privilegiado para o exercício da liberdade, isto é, da escolha.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Corte-real e Lúcia Encarnação. Amanhã: João Nasi Pereira, Arquitecto, 56 anos.

domingo, 24 de setembro de 2006

Pan informática

Por inexplicável pan informática, perdi hoje de manhã todas as mensagens de correio electrónico que tinha recebido desde o dia 24 de Setembro de 2004 (dois anos de mensagens perdidas!).
eR
APELO, PORTANTO, A TODAS AS PESSOAS E INSTITUIÇÕES QUE ME REENVIEM AS SUAS MENSAGENS, SOBRETUDO AS ENVIADAS DESDE O FIM DE AGOSTO PASSADO!
E
Peço ainda - de modo muito especial - a Carlos Vilarinho, Luís Fagundes Duarte, Jorge Mangas Peña, Agnelo Carrasco, Cris Passinato, Joviana Benedito, Maria Gabriela Rocha de Gouveia Martins, Patrícia Gomes da Silva, Susana Oliveira, Nasi Pereira, Onésimo Almeida e Nuno Costa Santos que me reenviem os textos escritos propositadamente para a entrevista ao “Miniscente”.
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Com toda a amizade, Luís Carmelo.

Mini-entrevistas - 26

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Lúcia Encarnação, Directora de Marketing da Empresa Cocktail Team®
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
É a palavra que designa a globalidade dos blogs, e pretende provar que estes são acessíveis a cada vez mais pessoas em todo o mundo.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
A única altura que tive de facto obrigatoriamente que “lidar” com blogs, foi na disciplina de “Escrita Criativa” onde todos os textos eram publicados no blog da turma.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A blogosfera é o paraíso para aqueles que sempre se quiseram exprimir publicamente e não tinham como o fazer. Sim acredito, é uma forma de quem não tem oportunidade de se expressar publicamente através de outros e quer ser ouvido fá-lo através de blogs. Contudo, se não houver alguma filtragem da informação também há muito “lixo” que se vai acumulando.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira e Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques e Eduardo Corte-real Amanhã: Paulo José Miranda, poeta e escritor.

sábado, 23 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 25

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Eduardo Corte Real, Arquitecto e Prof. universitário.
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Conjunto dos blogues existentes no planeta que curiosamente formam uma esfera.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Nenhum.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
A minha mulher descrever-me os blogues que visita muitas vezes para os arrasar com críticas bem fundamentadas.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito que a blogosfera é uma esfera e acho que isto diz tudo o que eu acho sobre a blogosfera.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira e Maria Augusta Babo e Luís Carloto Marques. Amanhã: Lúcia Encarnação, Directora de Marketing da Empresa Cocktail Team®.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 24

e
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Luís Carloto Marques, deputado do Grupo Parlamentar do PSD, indicado pelo MPT (círculo de Setúbal).
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Creio que se trata de um termo atribuído a uma forma de comunicação. Consulto regularmente alguns blogues, pela importância que dou aos seus autores ou autor.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Existem alguns assuntos regionais que sigo através de um blogue – A-Sul – nomeadamente a urbanização da Flor da Mata. Este blogue tem a particularidade de ser particularmente criativo, sempre actual e vigilante sobre uma autarquia que se caracteriza por um horrenda gestão urbanística.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum blogue teve impacto na vida pessoal, no sentido de que não alteram profundamente. Creio que a nossa vida é também um somatório de aprendizagens que vamos adicionando diariamente. O blogue como fonte de informação permite-nos isso, o de estarmos melhor informado sobre a nossa sociedade.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito na democracia e considero que é um privilégio viver num país europeu. Não abundam neste nosso globo países com regime democráticos. O de ser “editorialmente livre” está directamente relacionado com o seu estatuto, caso o tenha. Reparem nesta particularidade, os blogues anónimos. Será que são editorialmente livres? Então porque se apresentam na forma anónima? Creio que a liberdade é um bem supremo que nos foi oferecido, pelo que deverá ser acarinhada e vivida com responsabilidade. Como na imprensa escrita, o mesmo se passa na blogosfera, existam quem escolha a estratégia , onde “tudo vale”. De um modo geral esses caminho não lançam frutos que produzam sementes férteis.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira e Maria Augusta Babo. Amanhã: Eduardo Côrte-Real, Arquitecto e Prof. universitário

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 23

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Maria Augusta Babo, Prof. Universitária, 52 anos
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Ciberespaço-público. A blogosfera veio fornecer outros contornos e reavivar, senão mesmo dinamizar, uma actividade essencial nas democracias modernas: a discussão pública de acontecimentos ou problemas que dizem respeito à comunidade local, mas também global. O fenómeno da blogosfera portuguesa desenvolveu bastante este tipo de intervenção, mais pública do que privada, ou melhor, reformulando a partilha entre o público e o privado, mas com forte incidência no núcleo de questões que, por dizerem respeito à comunidade, são por natureza públicas: ambiente, terrorismo, política interna e externa, questões de urbanismo, estética e arte, ética e bioética, etc.
Resumindo: reforço manifesto de uma consciência de cidadania.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim, vários: guerra no Iraque, conflito israelo-palestiniano ou internamente: nomeação do governo Santana e seus desenvolvimentos, candidatura de Manuel Alegre às presidenciais, entre outros.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Eu própria ter participado num blogue colectivo, abordando essencialmente questões de natureza política e de cidadania. Foi mesmo um vício que, talvez por isso mesmo, acabou por se extinguir.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito. A blogosfera sendo um espaço completamente novo e aberto à participação individual no espaço global, rege-se, a meu ver, pelas regulações pragmáticas de outros tipos de discursos e enunciados. Há, como em outros tipos de dispositivos de comunicação, auto-censura, desenvolvimento de enunciados de natureza argumentativa, polémica, provocatória; discursos intimistas, confessionais, subjectivantes ou humoristas, de crítica e de cariz ensaísta. Penso que a capacidade de intervenção intersubjectiva favorece e enriquece o debate. A experiência do debate público em Portugal precisa deste espaço de discussão, só tem a ganhar com ele e merece que se desenvolva. As utilizações mais desviantes - exposição pública do intimismo mais exacerbado - acontecem no domínio do impresso, como da televisão onde atingiram níveis indescritíveis.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça e Manuel Pedro Ferreira. Amanhã:. Luís Carloto Marques, deputado do Grupo Parlamentar do PSD, indicado pelo MPT (Círculo Eleitoral de Setúbal), 43 anos.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 22

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Manuel Pedro Ferreira, Professor universitário, 47 anos.
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A palavra «blogosfera» sugere-me uma rede de pontos irradiadores de expressão/ opinião individuais, que mutuamente se potenciam, podendo estruturar-se como comunidades informais em torno de um tema.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não segui até agora acontecimentos através de blogues. Leio os jornais.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
A participação num blog colectivo de poesia permitiu que tivesse alguns dos meus poemas publicados na Internet. Não é que isso tivesse impacto na minha vida pessoal ou profissional (que nada tem a ver com literatura), mas deu-me alguma satisfação, porque há dois anos que uma editora ficou de os publicar, e nada.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A blogosfera parece-me tão livre quanto os seus intervenientes estiverem dispostos a sê-lo. Na prática, a exposição pública põe limites à liberdade que cada um se permite.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça. Amanhã: Maria Augusta Babo, Prof. Universitária, 52 anos.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Viajar no "Cidade Crónicas"

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Vale a pena passar pelo Cidade Crónicas. É um modo gracioso de viajar. Além do mais, poderei acompanhar-vos como humilde anfitrião.

Mini-entrevistas - 21

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Luís Graça, jornalista/escritor, 43 anos.
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Tecnicamente, a blogosfera será o universo dos blogs, o somatório de todos os que existem. Tudo o que lhes diga respeito. Presumo que os sites poderão ainda ser incluídos no universo da blogosfera, num sentido alargado e generoso, até porque são anteriores e permitiam já interactividade.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Para mim, é fundamental ler os jornais em papel e transporto-os para onde quer que vá ao longo do meu dia. Mas também sigo acontecimentos pelos blogs. Concretamente nos blogs dos amigos. Dou um exemplo: Misantropo Enjaulado, do Paulo Cunha Porto, onde é bastante comentada a actualidade política, cultural ou desportiva. Mas prefiro frequentar blogs das mais variadas proveniências e não os usar como fonte de informação exclusiva no que toca à actualidade. Leio os blogs por questões afectivas e comunicacionais e não em demanda de informação.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Os blogs tiveram um impacto grande na minha vida pessoal. Se os blogs desaparecessem, eu ficava mais "descansado". É que são um terrível vício. "Perco" horas nos blogs. Tendo muitos amigos com blogs, exibo a tendência de me espraiar nas caixas de comentários, num "pingue-pongue" de pergunta/resposta que nos leva a ficar "pregados" ao computador.Por outro lado, não há dúvida de que aprendemos bastante nos blogs. Principalmente a conhecer o Outro, aquele desconhecido que está do outro lado. É um factor comunicacional extraordinário. Através de um blog está-se em todo o lado ao mesmo tempo. Há uma relação muito directa pensamento/palavra/comunicação.Como em tudo, é necessário distinguir o trigo do joio. Muitas pessoas têm blogs por puro exibicionismo e vaidade pessoal, com muito pouco para dizer. Acho perfeitamente supérfluos os blogs que se limitam a fazer actualizações diárias com jogos, uma foto, uma anedota. Esses são pura perda de tempo. O blog terá de ser sempre comunicação, ainda que confessional. Se não possuir uma subjectividade que lhe deverá ser inerente, torna-se um factor de ruído. Um "Playstation" da palavra, um MacDonalds da Net.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Os blogs são a prova mais evidente que o 25 de Abril falhou num capítulo fundamental: a Educação. Porque se a Educação tivesse triunfado, a Liberdade de Expressão seria uma coisa perfeitamente natural nos blogs.
Ora, há muita censura nos blogs. Sei por experiência própria. Já fui vítima disso. Assisti a um debate na livraria Almedina (Atrium Saldanha, Lisboa) e pude constatar como algumas senhoras assumiam um blog como coutada privada, onde as críticas são mal aceites. Achavam perfeitamente natural que se apagasse um comentário, apenas por poder ser "desagradável" ou "má onda".
Falamos de pessoas na casa dos 30 anos. Que deviam compreender as regras da Liberdade de Expressão. Mais curioso: alguns bloggers que têm blogs sobre sexo, com linguagem crua e humorística, são os primeiros a praticar a censura. Exemplo: corrigi de forma divertida uma profusão enorme de erros ortográficos nos comentários. As minhas correcções foram apagadas e recebi um mail a explicar-me que era chato corrigir os erros dos amigos.Repare-se que a minha correcção não pretendia humilhar ninguém.
Mesmo sem censura, há comentários que podem criar um gelo enorme na comunicação. Exemplo: um comentário menos favorável sobre um poema pode ser encarado de forma melodramática pelo seu autor. Há muitas senhoras a publicar poemas de sua autoria na blogosfera. Aprendi que não devemos fazer críticas, ainda que construtivas. Podem compreender que estamos de boa fé, mas ficam sempre muito doridas.
A blogosfera é ainda um espaço em que as pessoas não resistem ao insulto fácil, a coberto do anonimato. Eu penso que devemos deixar o insulto "esvaziar-se". Manter o post no ar e não responder. Não é pela crueza da linguagem que um comentário vai ter muito efeito. Os insultos não passam disso.
Tenho uma experiência recente com um blog meu: Ganda Ordinarice. Prevendo insultos, não pretendendo censurar ninguém, avisei em editorial que podiam insultar à vontade. Sugeri que fossem apenas criativos. E respondo aos amigos através de mail privado. Não na caixa de comentários. Para não "eternizar" diálogos. Por acaso tem havido um número reduzido de comentários, mas eu quis prevenir-me.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate e Ivone Ferreira. Amanhã: Manuel Pedro Ferreira, Prof. universitário, 47 anos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

A grande cegueira - 2

e
A questão das caricaturas, as recentes palavras do Papa e o discurso cada vez mais redondo dos políticos do Ocidente têm algo em comum: o medo das susceptibilidades. Paradoxalmente, aquilo que devia ser o nosso limite – o respeito pela liberdade e pela democracia – está a tornar-se na prudência e na autocensura temerárias face às susceptibilidades das novas teocracias globais. Para estes males já não há “alter-globalizadores”: esses preferem ombrear na Venezuela, ou em Havana, dando-se a ver claramente como a nova aliança do fascismo mundial. E há quem ache que isso é apenas folclore.

Mini-entrevistas - 20

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Ivone Ferreira, docente de Retórica na UBI, 30 anos.
e
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Recorrendo a um termo das ciências exactas, a blogosfera será o domínio dos blogues. Isto é, a blogosfera será uma espécie de planeta habitado por blogues e blogueiros, sendo estes últimos uns seres que disponibilizam ou recebem informação através de páginas pessoais na internet.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Penso que ainda consultei um ou dois blogues de jornalistas ligados a diários portugueses de referência, após o 11 de Setembro e durante a guerra no Líbano, mas não “perdi” muito tempo com isso.
Para mim os jornais continuam a ser os jornais: é aí que vou beber informação. Vejo os blogues mais como uma espécie de cadernos culturais, que leio com frequência – alguns deles todos os dias, logo pela manhã, tal como consulto a Lusa e alguns diários on-line – mas que servem mais para abrir horizontes (de leitura, por exemplo) do que para fornecer informação (jornalística).
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
“Impacto” parece-me uma palavra muito forte. Apetecia-me dizer que não tiveram impacto nenhum… Depois penso melhor e reparo que consulto blogues diariamente, que eu própria tenho um blogue, que o uso para dar referências, e que passo bastante tempo com a Internet, não necessariamente à volta dos blogues.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Haverá alguma coisa totalmente livre? Editorialmente? Talvez, mas não passamos a ser editores de nós próprios? Desaparece a figura do editor mas surgem, talvez, figuras com ainda mais poder:
Primeiro, as audiências. Um blogueiro será sempre alguém com alguma vaidade que não se contenta em contemplar-se a si mesmo, ao contrário de Narciso. Se quer ser lido, tratará de adequar os conteúdos que publica ao seu público.
Segundo, nada que façamos é inconsequente. Para além das audiências há leis, e o desrespeito por estas habilita o blogueiro a ser processado pelos conteúdos que publicou.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro e Francisco Curate. Amanhã: Luís Graça, jornalista/escritor, 43 anos.

sábado, 16 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 19

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Francisco Curate, Professor e Investigador em Antropologia.
e
- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
A palavra “blogosfera” remete-me sempre para o conceito de partilha, sobretudo para uma partilha do que considero, sem qualquer tipo de superioridade moral, de uma personalidade bem pensante, de uma intelectualidade blasé mas crítica; mais do que a partilha de uma moral, ideologias ou valores. Claro que existe também uma tendência para o proselitismo de certas ideias políticas, mas geralmente o sectarismo estriba-se em argumentos fundamentados, o que torna a discussão de ideias muito proveitosa.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Nos derradeiros três anos tenho seguido as matérias nacionais e internacionais de relevo sobretudo através dos blogues. A informação é tão boa ou melhor que nos jornais portugueses, a qualidade da escrita e da opinião é, nalguns blogues de referência, superior à dos jornais, logo, é natural que aqueles se tenham tornado o manancial que nutre a minha ânsia de informação. Na realidade, julgo que a blogosfera, enquanto espaço de opinião crítica, subjugou a imprensa escrita (e nem falo nas televisões, que exalam tenebrosa podridão informativa) pois, para além de ser uma espécie de “Academia de Alcochete” na formação de novos valores da opinião e da crítica, alcança níveis qualitativos médios que não consigo discernir nos jornais.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Os blogues exerceram, indubitavelmente, um impacto substancial na minha vida pessoal. E nem sequer falo de uma impressão sobre a minha forma de escrever ou de pensar. Falo da constituição de uma rede de afinidades, de amizades, de relações que hoje muito prezo.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Ninguém escreve, julgo eu, para não ser lido. Nessa medida, os autores de blogues poderão coarctar a sua liberdade de opinião quando escrevem de encontro ao que os “ seus leitores” querem. De qualquer forma, devido à inexistência de limites – de espaço ou editoriais – as ideias flúem, cruzam-se e polinizam-se de uma forma livre e impensável até há uns anos atrás. O problema (e eu não partilho esta opinião) é que a liberdade editorial permite a produção e acumulação de muito lixo, mas, até aí as orlas se tornam menos sucintas porque muitas vezes o trabalho que catalogamos como lixo é, algumas vezes, uma forma de experimentação que vai muito além da sua compreensão contemporânea.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino e António M. Ferro. Amanhã: Ivone Ferreira, docente de Retórica na UBI.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

A grande cegueira - 1

Até o próprio Papa já não pode citar um imperador bizantino do século XIV.

Mini-entrevistas - 18

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é António Maria Ferro, estudante, 22 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
De início lembrava-me um jornal clandestino onde todos poderíamos escrever. Fiquei durante bastante tempo à procura dessas vozes anónimas, como quem lê os rabiscos nas casas de banho. Acho que essa força inicial da “blogoesfera” esmoreceu. Mas, continuo a achar interessante esse anonimato.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
De âmbito internacional segui atentamente a polémica entre a Margarida Rebelo Pinto e o João Pedro Jorge. Jamais vou esquecer o termo “marca registada”. De âmbito nacional estive particularmente atento às últimas eleições presidenciais.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Entre Outubro 2003 e Setembro de 2006 escrevi no blog segundo-impacto, que continua sem mim. Iniciei-o simplesmente por curiosidade mas rapidamente percebi que estava a nascer uma experiência interessante. Sinto que trabalhei a minha escrita. Vivo agora o luto do último post.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
É seguramente.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão e Emanuel Vitorino. Amanhã: Francisco Curate, professor e investigador em antropologia.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 17

e
o Miniscente
está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Emanuel Vitorino, Editor da Magna Editora, 27 anos de idade.
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O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A blogosfera é um fenómeno de massas relativamente recente. Penso que é um fenómeno ainda um pouco “marginal”, pois não tem o impacto de outros meios de informação e divulgação. Mesmo dentro da internet ainda sofre com essa marginalidade, talvez pela quantidade de incontáveis blogs sobre tudo e sobre nada, talvez pelo carácter anónimo de muitos deles, que pode levar aqueles que procuram informação a não terem confiança neste meio da blogosfera. Por outro lado, a blogosfera é um espaço de criação, pois um blog é uma criação do seu titular, condicionada é certo, mas provêm da decisão de alguém em iniciar um projecto.
Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de Blogues?
Concretamente, não me recordo de seguir um acontecimento nacional ou internacional. Tenho, isso sim, o cuidado de recorrer a este meio para obter informações complementares àquelas que obtenho através de outros meios de informação. Para além dessas informações complementares, acompanho a criação literária e artística que é divulgada através da “blogosfera” e que não tem espaço para ser divulgada através de outros meios.
Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Desde há algum tempo que acompanho a criação literária que vai surgindo no ambiente da “blogosfera”, verificando que muita dessa criação tem uma qualidade assinalável dentro do contexto literário nacional. Como tal, e notando que a “blogosfera” é ainda um meio um pouco “marginal” de divulgação, noto que muitos dos “bloguers” anseiam pela publicação e pela divulgação das suas criações num meio mais comum e mais mediático. Iniciei assim um projecto que desse voz e luz a essas criações. A Magna Editora surgiu, também, com esse intuito, ou seja, dar visibilidade aos poetas, aos romancistas, aos contadores de histórias que andam escondidos pela “blogosfera”. Nesse sentido, e como editor da Magna Editora, a “blogosfera” teve e tem uma importância capital na minha vida profissional e pessoal.
Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Penso que neste assunto ainda se fazem algumas confusões quanto ao que é livre, ou não, da expressão através de blogs. Convém distinguir entre liberdade no acesso a um blog e a liberdade no que se publica num blog. Muitas pessoas não são livres de aceder à internet, pois não têm uma vida suficientemente livre para que o possam fazer. Mesmo aqueles que têm acesso à internet têm de o fazer mediados por um conjunto de parcerias que estabelecem as regras desse acesso. Mas não é este tipo de liberdade que está em causa na sua pergunta, antes a liberdade que diz respeito ao que se escreve num blog. E aí penso que a blogosfera é, efectivamente, uma forma de expressão editorialmente livre. É livre nos conteúdos, praticamente todos, na quantidade, na qualidade e em todo o tipo de criação, as barreiras de controle num meio como este são praticamente nulas, e o facto de ser um pouco “marginal” propicia tal situação.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas e António Nunes Pereira e Fernando Negrão. Amanhã: António M. Ferro, estudante, 22 anos.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 16

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Fernando Negrão, deputado, 50 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Uma união de palavras muito feliz e que nos leva para o novo mundo das comunicações particulares globais, que está a transformar a imprensa tal como a conhecemos, o que acontece através da democratização do "trajecto da palavra", ou seja, agora não só podemos escrever aquilo que é o nosso entendimento acerca das coisas do mundo, como também, querendo, o podemos fazer chegar a poucos, a muitos ou a todos.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Tenho ainda só a curiosidade, falta-me o hábito. Mas quando o tema é relevante, nunca deixo de fazer uma "visita". A nível nacional lembro-me de "consultas" acerca do caso "apito dourado", ou das últimas eleições presidenciais. A nível internacional a consulta tem sido sempre nos piores momentos no que ao terrorismo diz respeito.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O facto de nos blogues as formas de expressão serem tão variadas e por vezes tão desenquadradas, levam a que por vezes neles se escrevam textos da maior crueldade factual e pessoal, o que só acontece por alguns ainda não terem percebido a relevância desta nova forma de comunicação.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Estamos perante o fenómeno de comunicação mais extenso e mais livre que até hoje terá acontecido, com a particularidade de nem sequer nele existirem regras editoriais. É um caso de efectiva e completa auto-regulação que será interessante acompanhar no futuro.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas e António Nunes Pereira. Amanhã: Emanuel Vitorino, Editor da Magna Editora, 27 anos de idade.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 15

e
o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é António Nunes Pereira, Arquitecto e Prof. Universitário.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Sem saber muito bem o que quer dizer "blog“, parece-me que blogosfera é um espaço virtual de páginas da internet de indivíduos que, nessas mesmas páginas, exprimem opiniões (muito pessoais) e estabelecem diálogo com os leitores. Provavelmente é um lugar previligiado para esquecer inibições, portanto de real livre expressão. Para além disso, a própria expressão blogosfera remete esta realidade para uma situação comparável à da esfera celeste, tão vasta, indistinda e inabrangente aquela como esta.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Hum.. esta entrevista!
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Até agora, não. Evito mesmo ler blogs, pois os que vi até agora são de uma expressividade algo visceral, muito subjectiva, assim como um local de desabafo em que depressa se pode cair no "dizer mal por dizer“. No entanto, para eu ter uma opinião sobre blogs, deveria conhecer mais.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito que sim, até porque o conteúdo dos blogs deve ser de difícil controlo (por parte de qualquer hipotética entidade censória). Em relação aos blogs, coloca-se me menos a questão da censura, mas mais a questão da extrema subjectividade, que raras vezes me interessa.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos e Paulo Tunhas. Amanhã: Fernando Negrão, deputado.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 14

Especial 09/11: entrevista a Paulo Tunhas
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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Paulo Tunhas, Filósofo.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A possibilidade de conversas e discussões sem o tipo de mediações que, por exemplo, os jornais exigem. O que – colocando, é verdade, problemas particulares - é uma virtude em si. Tenho a certeza, por exemplo, que muito do que se escreverá hoje e nos dias consecutivos sobre o 11 de Setembro nos blogs será incomparavelmente mais pertinente e informado do que aquilo que poderemos encontrar na maioria dos media - que, para disfarçar a natural indigência, buscam ser subtis fazendo uma sociologia selvagem que é o disfarce fruste (às vezes nem isso) de um convencimento político “de esquerda” (e, mais do que “de esquerda”, do puro e simples medo de pensar). Aposto que nos telejornais de hoje vamos assistir a verdadeiros florilégios de sociologia selvagem. Com a boa consciência que o anti-americanismo e o anti-israelismo – é a sua razão profunda de ser - têm o dom de provocar. Como o interesse do exercício é puramente teratológico, confesso que não vou ver. E não é por má-fé: é porque já sei mesmo (um saber de experiência feito) o que iria ouvir, quase ao mínimo detalhe. Mas vou ler alguns blogs – e jornais, claro.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Todo o pós-11 de Setembro. Quem se lembrar o que era o grosso da cobertura jornalística, noticiosa ou opinante, das sequelas do 11 de Setembro (e não me refiro unicamente, nem sobretudo, à guerra do Iraque), percebe a lufada de ar fresco que veio dos blogs, de muitos blogs. Claro que, nos jornais, havia gente como Pacheco Pereira, Helena Matos, Diogo Pires Aurélio, Vasco Pulido Valente, Vasco Graça Moura, Francisco José Viegas, Esther Muznik, José Manuel Fernandes, entre outros, que, com várias diferenças entre si, não alinhavam na corrupção do espírito reinante. Mas eram uma minoria. De resto, a coisa pouco mudou. Os ataques a Israel e a resposta de Israel ao Hezbollah suscitaram na maioria dos media o mesmo estado de espírito que o 11 de Setembro: as vítimas do ataque eram, por definição, culpadas. E, mais uma vez, os blogs, muitos blogs, portaram-se muito melhor.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum. Enfim, um que não é exactamente “pessoal”. Quando Fernando Gil e eu (com Danièle Cohn) publicamos o livro Impasses, sobre o pós-11 de Setembro, foram os autores de blogs – o primeiro, creio eu, foi o Pedro Lomba, e agradeço-lho daqui – que começaram a falar do livro, no meio de um silêncio jornalístico nada inocente. E, mesmo quando o livro começou a ser referido nos jornais, as melhores discussões foram as dos blogs. Secundariamente, descobri também que, a par de maior liberdade de espírito (e melhor cabecinha), havia também gente que escrevia muito melhor que a média dos opinantes jornalísticos. O que, não sendo exactamente um prodígio, dá prazer.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Talvez por ignorância, não vejo como podia não ser assim, partindo do princípio que percebo o que quer dizer com “liberdade editorial”. O Luís não se sente “editorialmente livre” no seu blog? Isto, claro, não se permitindo decretar uma talvez apetecível fatwa contra inimigos políticos ou pessoais. Mas isso… O Luís permitir-se-ia, por exemplo, reclamar ardentemente terríveis medidas persecutórias contra a nutricionista totalitária Isabel do Carmo – que fosse forçada a usar o véu islâmico, ou a sofrer as indignidades costumeiras das mulheres no Islão, ou coisas assim? Não se permitia. Mas pode-lhe chamar “nutricionista totalitária”, se quiser. E bem, se me é permitida uma opinião na matéria. Mas o não se permitir a primeira coisa, e permitir-se a segunda, não lhe tira um milimetrozinho de “liberdade editorial”. Dá-lha. Ainda há uma palavrinha ou duas que se podem dizer a favor da democracia e dos bons costumes.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro e José Alexandre Ramos. Amanhã: António Nunes Pereira, Arquitecto e Prof. universitário.

domingo, 10 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 13

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é José Alexandre Ramos, webmaster do site não oficial de António Lobo Antunes, administrativo financeira, 35 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Um espaço para comunicar a nível global.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim, o movimento de candidatura de Manuel Alegre a PR.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Ter retirado algum do tempo dedicado a outras actividades.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sim, pode-se escrever um livro num blog sem outro custo que o da conta de internet.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering e Milton Ribeiro. Amanhã: Paulo Tunhas, Filósofo.

sábado, 9 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 12

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Milton Ribeiro, escritor e consultor informático, 49 anos, Porto Alegre (Brasil).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Em minha opinião, a blogosfera não é apenas a soma de blogues, mas sobretudo seus links, comentários e leitores, blogueiros ou não. A blogosfera se diferencia por disponibilizar ferramentas de comunicação, através das quais o leitor pode participar ativamente da festa e não somente assisti-la. A palavra blogosfera também me diz de conteúdos que vão do sublime e inteligente ao vulgar e burro. Porém, depois de viver mais de três anos nela, posso dizer que aqui não há mais bobagens do que nas revistas semanais. Estas são imbatíveis no quesito "ruindade" e, aqui, ainda temos a vantagem de poder xingar e ser xingado...
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim, poucos, mas importantes. Por exemplo, a melhor cobertura dos eventos relacionados ao furacão Katrina foi realizada pelo blog de Idelber Avelar (Professor de Literatura Latino-americana e Etnomusicologia da Universidade de Tulane, Nova Orleans, que possui o blog O Biscoito Fino e a Massa - http://idelberavelar.com/). Além de informações e fotos da cidade, ele montou uma rede de comunicação para que as pessoas pudessem dizer em que local estavam, etc. Foi uma diáspora súbita e o Idelber conseguiu fazer com que muita gente fosse encontrada e pudesse dizer "Olha, estou vivo, mas quero saber onde estão fulano e sicrano".
Outro evento que acompanho através de blogues é a tentativa de censura de vários deles, realizada pelo truculento ex-presidente - e, pasme!, membro da Academia Brasileira de Letras do Brasil - José Sarney.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Ser visitado e talvez lido semanalmente por 1200 pessoas é certamente, um impacto na vida de qualquer um. Há que se ter atenção para com este fato. Passo duas horas por dia lendo blogues e talvez quatro horas por semana escrevendo o meu. Mas o maior impacto é o de ser reconhecido como blogueiro quando não estou na frente do computador ou saber que há pessoas desconhecidas que estão informadas sobre minha vida. Explico: meu blogue faz explicitamente Improvisações sobre Literatura, Música, Cinema e Qualquer Coisa, principalmente. Neste Qualquer Coisa, entram alguns posts confessionais. Outro fato impactante foi o de ter ido à Europa e ter ficado hospedado exclusivamente hospedado na casa de blogueiros que não conhecia pessoalmente. E isto na Espanha e na Itália. Sim, fui sempre muitíssimo bem tratado, fui aonde quis e, puxa, fiz uma enorme economia!
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sem dúvida. Meu blogue fica num condomínio de cujo manifesto chama-se Liberdade de Comunicação e que tem, como membros, pessoas de esquerda - a maioria -, de direita, religiosos, provocadores, ateus, alternativos, etc. De nosso manifesto, trago o seguinte trecho:
Hoje, eu e você somos livres para informar e sermos informados, num fluxo que trafega por meios livres. Mas não vivemos num mundo livre. Liberdade por si só não é suficiente, porque ela não pressupõe naturalmente outro conceito importante: democracia. A mídia tradicional (rádios, TVs, jornais, portais web) está longe de ser proporcional à quantidade de informação produzida, tanto quanto ao número de indivíduos que as recebem. As pontas são infinitamente maiores que os meios existentes. Há um estrangulamento. E quando isso acontece, alguma coisa fica de fora do fluxo. É isso que a mídia tradicional faz: filtrar. Selecionar informações para distribuí-las ao maior número de pessoas possíveis - donde o termo "meios de comunicação de massa". Poucas informações produzidas são veiculadas, poucos produtores tem poder para comunicar o que querem, e poucas opções temos de receber o que de fato queremos. E se não recebemos, a informação existe? De fato, sim; na prática, não. É o sujeito que grita na sala vazia. Sujeito que talvez tenha coisas relevantes a dizer. Todos nós temos coisas a dizer, sim. Por que não teríamos?No modelo vigente, a mídia escolhe por nós. Ela cerceia a própria liberdade que tanto precisa, em nome de uma efetividade - muitas vezes, manchada pela face comercial que a viabiliza (quando não é a própria razão de existir).Mas eu quero falar. Quero falar o que eu quiser. E falar para quem eu quiser. Para quem quiser me ouvir e que vai poder me achar. Quero ouvir. Ouvir o que eu quiser. E ouvir de quem eu quiser. De quem quiser me falar e que vou poder encontrar. Essa é a verdadeira liberdade e democracia da comunicação. Isso, os meios de massa jamais poderão oferecer, mas a Internet sim: com o blog. Uma ferramenta pessoal, acessível, de baixo custo, sem intermediários, apoiada em uma mídia instantânea e de alcance global.
Não apenas o diário virtual, pense de novo: Blog é o suporte tecnológico de uma revolução na exposição de idéias, na distribuição de informação, na democratização da comunicação. Na internet, qualquer sujeito que quiser exercitar sua liberdade de expressão encontra um sujeito exercitando sua liberdade de informação. Isto é liberdade. Isto é democracia. Esse é o direito que deve ser assegurado.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha e Hans van Wetering. Amanhã: José Alexandre Ramos (webmaster do site não oficial de António Lobo Antunes).

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 11

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Hans van Wetering, escritor holandês, 42 anos (tradução de Carmo da Rosa).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera” ?
Que qualquer atrasado mental tem hoje acesso a um palco, e por que não? Toda a gente pode escrever e publicar no seu weblog o que lhe vem à cabeça. Já que não custa (quase) nada e não há critério de qualidade, ou outro qualquer.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A essência do weblog não será precisamente a inexistência de uma redacção, seja de que tipo for ? A única forma de redacção (no caso de existir) é o próprio sentido crítico.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis e Pedro Baganha. Amanhã: Milton Ribeiro, escritor e consultor Informático, 49 anos, Porto Alegre (Brasil).

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 10

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Pedro Baganha, arquitecto, 34 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Blogosfera: Camada da internet que contém uma série de sítios ou locais com registos mais ou menos pessoais, mais ou menos públicos, caracterizada por textos e imagens organizados de forma sequencial e cronológica. Situa-se imediatamente acima da chatsfera e abaixo da mediasfera. Trata-se de uma espécie de rede dentro da rede com características, regras, usos e comportamentos específicos. Há quem chame aos blogues (os quanta da blogosfera) os chats para maiores de 30, mas na verdade são muito mais do que isso.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não segui nenhum evento em particular, mas os blogues são neste momento uma fonte de alguma informação e de muita opinião que não encontro noutros meios de comunicação. No que diz respeito à actualidade local, por exemplo, a blogosfera preenche uma lacuna evidente nos meios tradicionais, tendo vindo a ser também um local de intervenção cívica. Recordo a este propósito uma polémica surgida há tempos na cidade do Porto com o projecto de instalação do Metro na Avenida da Boavista. Na altura o debate público foi reclamado pela blogosfera, tendo-se encontrado então um interlocutor inusitado na empresa Metro do Porto. A imprensa local e nacional curiosamente correu atrás do novo meio transcrevendo opinião de gente diversa expressa inicialmente em blogues. Aconteceu inclusivamente um inédito debate público com o presidente da comissão executiva da empresa Metro do Porto organizado por um blogue (a baixa do porto).O debate entretanto cessou, e provavelmente a decisão irá ser tomada ao arrepio da esmagadora maioria das opiniões expressas então. Mas por um momento, apenas um momento, pareceu que as vozes escritas podiam fazer a diferença.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Neste momento a visita diária a blogues é uma necessidade. A publicação de posts também se tranformou num hábito quase diário. O blogue em que participo tornou-se um espaço de expressão pessoal imprescindível. Posso afirmar que mais de metade do tempo em que estou on-line passo-o na blogosfera.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A liberdade não é um conceito absoluto. Nesse sentido acredito que sim.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida e Filipa Abecassis. Amanhã Hans van Wetering, escritor holandês, 42 anos (tradução de Carmo da Rosa).

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 9

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Filipa Abecassis, Leitora de Língua e Cultura Portuguesas na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pusan (Coreia do Sul), 29 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Blogosfera é uma dimensão infinita onde consigo perder-me horas a fio – tem DE TUDO.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Segui e sigo – aprecio a falta de isenção assumida e já tenho alguns sítios onde, na dúvida e sem rodeios, gosto de esclarecer-me.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Começaram por preencher o vazio de estar dolorosamente longe. Nunca gostei de jogos de computador, a televisão também acaba por cansar-me. Com este vício dei-me bem e não penso abandoná-lo quando voltar a estar por perto.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito... mais ou menos. Fora da blogosfera temos quem avance pela liberdade de expressão e quem se fique pela de pensamento e dentro não me parece que seja assim tão diferente. Projectamo-nos da maneira que queremos (ou gostávamos de) ser vistos – criamos limites.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela e Reginaldo de Almeida. Amanhã: Pedro Baganha, arquitecto, 34 anos.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 8

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é Reginaldo de Almeida, Professor universitário, 41 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Opinião Livre. Para o bem e para o mal: o anonimato que permite, abriga acusações e informações que não mostram o rosto de quem as assina. Por outro lado, esse mesmo anonimato também sugere um confronto/discussão/partilha de ideias plural e aberto. Gostaria que o adjectivo utilizado - Livre - pudesse sempre ser substituído por Opinião Isenta e não por Opinião Desenfreada.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Não.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Ter que os considerar a par de outras formas de expressão, quer na perspectiva de cidadão, quer no ponto de vista da docência que pratico.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Mais uma vez gostaria de chamar aqui alguns sinónimos de Livre: Desgarrado ou Desamarrado... Acredito que há pessoas que se expressam livremente, seja na blogosfera ou não. Se o fazem e quando o fazem, não lhes interessa onde o fazem.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho e José Quintela. Amanhã: Filipa Abecassis, Leitora de Língua e Cultura Portuguesas na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pusan (Coreia do Sul), 29 anos.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 7

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O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é José Quintela, 40 anos, Director de Comunicação do Grupo Inapa.

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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Obrigado, em primeiro lugar pelo seu convite. Relativamente à sua questão, eu que sou um caloiro neste mundo da blogosfera, considero neste momento, não quer dizer que a minha opinião não evolua, um espaço de evasão...
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Até este momento não, as minhas fontes privilegiadas de informação têm sido outras...
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Neste momento o impacto ainda é difícil de mensurar, no entanto há já um sentimento de que é possivel voltar a reunir um conjunto de pessoas que me são queridas, mas que estão geograficamente distantes.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Completamente! Mais ainda é uma forma de as pessoas se revelarem descomplexadamente.

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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto e Carlos Pinto Coelho. Amanhã: Reginaldo de Almeida, Professor universitário.

domingo, 3 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 6

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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é Carlos Pinto Coelho, 62 anos, jornalista.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Um mundo de modernidade, ainda incipiente e encantatório como todos os instrumentos de comunicação novos. Já começou a abrandar a quase histeria dos seus primórdios, quando parecia que a blogosfera chegara para esmagar irremediavelmente todos os restantes media de palavra escrita. Muitos dos seus prosélitos fundadores já o abandonaram, no cansaço de todos os paroxismos inúteis. Hoje a blogosfera é território exclusivo de adolescente (os “queridos diários” de antigamente), feirantes de vaidades, autores frustrados que só ali conseguem publicar-se, almas solitárias à procura de um qualquer eco, e também – certamente – de espíritos generosos que fazem doação militante das suas ideias, entre os quais coloco o autor do “Miniscente”.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim, já calhou ter falhado alguma cobertura noticiosa dos media jornalísticos e ter encontrado referência ao assunto num blogue. Mas muito avulsamente.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum, que me recorde.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não há, entre humanos adultos, manifestações públicas de pensamento inconsequentes. Todo o gesto partilhado transporta a sua própria sombra e com ela se compromete. Em termos simples, se um blogue se faz no anonimato, pratica a irresponsabilidade que se ampara na impunidade – e aí sim, a expressão pode ser livre até ao crime. Fora disso, nenhum autor identificado de blogue deixa de praticar uma severa auto-regulação, mesmo que inconsciente.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães e José Luís Peixoto. Amanhã: José Quintela, Director de Comunicação do Grupo Inapa.

sábado, 2 de setembro de 2006

Mini-entrevistas - 5

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Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é José Luís Peixoto, escritor, 32 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Muitas vezes parece-me que a blogosfera, ela própria, foge de todos os sentidos que lhe queiramos encontrar. Sendo tão complexa, por vezes paradoxal, creio que o significado mais globalizante que lhe encontro é a necessidade incontornável que todas as pessoas têm de comunicar, de se fazer ouvir, de participar na sociedade, de existir.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
O Tsunami do sudeste asiático é um exemplo de alguns dos grandes acontecimentos dos últimos anos que acompanhei através de blogues, embora não em exclusividade. Poderia dar vários outros exemplos. Em termos de política nacional, existem também muitas opiniões de blogues que tenho em conta. Exclusivamente em blogues, tenho acompanhado algumas das polémicas que aí nasceram e se desenvolveram.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O maior impacto terá sido uma redescoberta da Internet. Actualmente, passo bastante mais tempo na Internet e há muito que me habituei a ler no ecrã. Antes, antes de ler, dava-me ao trabaho de imprimir a grande maioria dos textos que encontrava online e que me interessavam.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Creio que sim. Editorialmente, sim.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá e Nuno Magalhâes. Amanhã: Carlos Pinto Coelho, jornalista.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Blogues e Meteoros - 4

Está publicada, desde hoje de manhã no Expresso on-line, a última das crónicas que dediquei a leituras blogosféricas de Verão (copio-a com os links expostos - perdoe-se-me a heterodoxia -, tal como surge no Expresso):
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Blogues para as férias (II)
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Um dia, Amos Oz descreveu a alma como «uma corsa ansiando por águas vivas». No tempo de férias que ainda temos pela frente - bem sei que há quem já tenha regressado e quem nem tenha sequer chegado a partir (o mundo é cruel!) -, continuo a aconselhar alguns blogues para refrescar a alma e preencher o sentido das pausas.

Comecemos hoje pelo «Tapornumporco» (http://tapornumporco.blogspot.com) que é um blogue de veia anarquista com uma prosa que parece herdar o tom de Mário Henrique Leiria, embora sem demasiado luar literário. Tente depois o «Spike Jones» (http://spikejones.livejournal.com) que, embora já há algum tempo parado (a gestações, as paragens e a superação dos géneros clássicos são coisas normais na blogosfera), nos fala de cinema com frugalidade e sem reciclagens retóricas. Mantendo o mesmo registo, o clássico «A Montanha Mágica» (http://amontanhamagica.blogspot.com) faz dos filmes um naipe de sortilégios que merece ser lido e visto com lentidão. Marque-o nos "Favoritos" e reserve assim a aventura e o prazer que lhe farão recordar mais tarde este Verão. Mais atento à TV e com um design a privilegiar o 'preto e branco', o «Quid Rides?» (http://quidrides.blogspot.com) tem dons que repousam o ciberviajante numa mesinha oval dos anos sessenta com um martini em cima (passe a publicidade).

As artes da performance também merecem destaque nesta altura do ano em que o corpo se olha ao espelho com renovada intimidade, mas também como um intruso de si mesmo (o bronze, as tatuagens, os piercings, a 'rave' perpétua e outros ícones liofilizados de 'bem estar' constituem, hoje em dia, o 'core' do que vai sendo a praia). Numa rota um tanto mais artística, para além da falta de ozono e do apelo aos deuses do iodo, eu daria atenção aos seguintes blogues: «Big Blog is Watching You» (
http://bigblogis.blogspot.com), ou o reatar de «Ceci n´est pas une pipe» com verve e actualização permanentes; «Prototype Collector», ou as evocações quotidianas à procura de um estado de alma para a videoarte dos nossos dias (http://anabezelga.blogspot.com); Ana Abrunhosa (http://anaabrunhosa.blogspot.com), ou a modulação da moda sem esquecer alguma melancolia que parece adivinhar o eco húmido de Madame Butterfly; «Art&tal» (http://artital.blogspot.com), ou a luminosidade da fotografia aliada aos chamados objectos culturais e a outros «fluxus» cheios de estilo.

E, enfim, entre muitos outros, salientaria ainda o «Corpo Visível»
(
http://corpovisivel.blogspot.com) onde o grafismo e o cromatismo partiram em lua-de-mel para uma ilha deserta onde apenas se contempla Godard, Lynch e o secreto furor das imagens de Nan Goldin.

Espero que as águas vivas e a corça de Amos Oz se tenham cruzado, nesta e na última crónica, com a imagem estival de uma alma mais preenchida.

Assim o espero. Até breve!
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p.s. - O Miniscente aproveita para agradecer a distinção às Bibliotecas Municipais de Oeiras.