sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Desejo-vos um grande 2006!

e,
Como vou partir para outros mundos, aproveito para desejar uma boa entrada no ano que aí vem.
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Um grande 2006!
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(E... já conhecem o "VoipBuster" para desejar boas festas?)

Já saiu (INCM)

(clicar sobre a imagem para aumentar)
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"Ficará diante de nós, numa palavra, um dilema universal: partir definitivamente, ou entregarmo-nos antes ao desamparo da beleza que é, ao fim e ao cabo, a lembrança mais fecunda das nossas origens?
Ou as duas coisas, insustentadamente e ao mesmo tempo?"
e
(Só é pena que o preço do livro crie algumas vertigens)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Há quatro décadas

(clicar sobre a imagem para aumentar)
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Em Dezembro de 1965 estava no 2º ano do liceu. Concluíra o "primeiro período" com notas suficientes e sem quaisquer faltas. A informação, assinada pelo reitor, era enviada para casa (ao encarregado de educação) num postal cor-de-rosa e isento de franquia, devido a uma portaria datada de 7 de Abril de 1899. Lembro-me do arrepio que o postal suscitava (sempre era menor do que antecedia as orais).
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(Havia plátanos despidos na Avenida de S. João de Deus. Ainda lá estão, como se nada se tivesse passado entretanto)

Confissões epistolares

(Clicar sobre a imagem para aumentar)
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Tenho andado a mexer em papéis nesta pausa de fim de ano. E acabei agora mesmo de encontrar um conjunto de cartas do Vergílio Ferreira que há muito pensava perdidas. Esta foi escrita a 31 de Julho de 1984 e recebi-a, à época, na minha casa de Amesterdão. Depois de algumas frases iniciais, o teor de VF é revelador:
r
"Não me tem sido amável a vida e isso reflecte-se em todos os níveis de eu ser. Assim a literatura, por exemplo - é o exemplo mais flagrante - está-me em suspenso há muito tempo".
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E... pensar nos livros de VF que viriam a seguir a 1984!
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(Saliento o brilhante Até ao Fim de 1987, a selecção de aforimos Pensar de 1992 e ainda o enigmático e póstumo Carta a Sandra de 1997)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Férias

A ler (a meias com o Ruy Castro sobre Nelson Rodrigues) O Mal no Pensamento Moderno - Uma História Alternativa da Filosofia de Susan Neiman (Gradiva). É uma obra já do pós-09/11 sobre o sentido, a razão e a esperança. Prometedor, até agora.
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(Estado de alma: um alheamento radical face ao que foi a correria do último trimestre do ano)

Swinging

Estava com as colunas de som bem abertas, abri a Batukada e fui verdadeiramente fulminado por um jacto de felictricidade. O resto, o lado profético, já se vê, não passa de simples aura conceptual.
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(Ficou-me do final dos idos de sessenta e do início dos de setenta uma profunda ligação a sons que respiram electricidade pura)

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

BI de Maria Filomena Mónica - 2

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Acabei há pouco de ler o livro na íntegra. Deixo, nas linhas que se seguem, algumas opiniões dispersas e enunciadas quase em tempo real:
a) Gosto da dimensão do livro, particularmente ligada ao ethos da primeira pessoa, que enaltece a ambição, o narcisismo, a confiança, o deslumbre e a coragem. Esse aspecto, o mais detestado pela gíria dos leitores locais (pelo que tenho reparado), tem muito mais importância do que os factos que são relatados, sobretudo quando querem assumir alguma pertinência na cenografia histórica da época radiografada.
b) A referência ao “voyeurismo”, que já vi insistentemente inscrita em blogues e na imprensa escrita, também não me parece ter grande razão de ser. Para que se olha, quando se olha para dentro deste livro? Creio que se contempla a errância e o fluir entre vias que jamais se dissociam de alguma desordem (o que acontece em todas as vidas). Como refiro no post de baixo, as elipses que legitimam a montagem deste livro não serão talvez as acordadas pela expectativa habitual de quem se relata a si mesmo. Mas não deixam de ser elipses e o enredo não deixa de ser montagem e construção.
c) Considero mesmo cretino o modo epicizante com que a crítica tem apresentado o livro, como se fosse um inusitado zepelim a irromper na invicta névoa de uma aldeia subterrânea (leia-se o texto da Livraria Leitura sobre o livro: “Num país conservador, católico e hopócrita, o tom cru deste livro poderá chocar”). Numa era em que a dicotomia público vs. privado está clara e celeremente a mudar de sentido (a par de outras dicotomias, tais comos real vs. ficção, verdade vs. sentido, etc.), creio que esses anúncios publicitários são ridículos e mesmo paroquiais.
d) Diria ainda - e esta intuição é polémica e potencialmente injusta - que há neste livro um 'ultra-fascínio' pela redenção inglesa que é mais própria de uma mitifação local (e algo ressentida) do outro do que de uma genuína incorporação e produtividade da tradição estrangeirada. (mas esse factor apenas adensa o interesse peculiar que o livro contém).
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Por baixo fica a impressão, ainda a meio da leitura, de um livro que considero importante (haverá um misto de razões para esta opinião, não literárias ou históricas, que deixo para reflexão posterior).
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(Se este livro simulasse ser um romance que tivesse transposto e mascarado acções, nomes e factos, seria um romance sem qualquer tipo de encanto. A atracção real que o move advém de um outro tipo de ficcionalidade em que se batem a voluntariedade da narração e a involuntariedade da memória)

BI de Maria Filomena Mónica - 1

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O interesse de um livro também se mede pelo ímpeto com que move e cativa o leitor. Mesmo que se revele abaixo das expectativas, um livro pode colar, ou não, com uma espécie de indução narrativa que está sempre pronta a recolocar o agenciamento, a intriga e, portanto, os destinos possíveis que estão em jogo. Um livro pode até dizer-nos qual a latitude entre a soberba e a humildade com que a sua escrita terá sido engendrada, sem que, com isso, deixemos de rescrever, com algum prazer, cada passo, cada rosto, ou cada rua mais anónima que apareça descrita. Um livro pode gerar empatias e comoções, ou passar despercebido entre mil e um acenos que dão a ver, ao longe, a emoção que passou ao lado. Um livro pode ser útil ao gender, à radiografia pontual de uma comunidade, à depurada fruição de um enredo, à plasticidade do que se diz, ou a nada. Um livro pode adormecer na banca de cabeceira e murmurar-nos, ou não - a nós, leitores - acerca da sua presença durante o tempo que medeia a leitura. Um livro pode incendiar a alma e obrigar-nos a descobrir uma silhueta perdida no calor da nossa memória mais involuntária. Um livro pode dizer-nos os nomes de pessoas reais ou de personagens inventados, sem que isso remeta para realidades verificáveis ou "autorizadas"; no fundo, é o pressentido labirinto das imagens que acaba por trazer ao ser o mundo que faz um nome ser um fantasma, uma figura ou um esboço de pessoa. Um livro que se afirme autobiográfico já nos diz, à partida, que a ficção pretende regressar do esboço imaginário ao perímetro mais preciso de uma experiência que se revê num nome, numa percurso e numa montagem que se quer ver a si própria encenada. Um livro autobiográfico que se diga de si mesmo ser pioneiro (ou que tão-só o sugira em subtexto para que o metatexto e a crítica pública que o sucedem o definam enquanto tal) pode tornar-se algo artificioso. Resumindo: um livro que consiga motivar o leitor, que consiga engendrar com nitidez o espaço de um trajecto, que consiga retratar (com elipses diversas do habitual no meio em que é difundido) a avidez da superação e que, por fim, consiga habilmente dizer de si mesmo ser outro... pode ser um bom livro. Não sei se será, neste caso, mas já li mais de metade. E vou embalado.
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(Um texto de blogue é livre: permite andar à procura do que se quer dizer. Um texto autobiográfico é-o muito menos: permite andar à procura de uma imagem que se quer repor)
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(No início do Verão de 2004, comecei a reunir material para escrever a biografia inventada de uma personalidade muito conhecida e já falecida há umas três décadas. No entanto, o tipo de pesquisa e a incerteza das metas a atingir, acabaram por desmobilizar-me. Porquê?)
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(Curiosamente, o Balanço que o Francisco está a fazer tem muito a ver com o espírito "Bilhete de Identidade", embora muito mais incisivo e sem aquelas "elipses", mas com as outras que também não se esperavam; daí o interesse e, já agora, a oportunidade.)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

O problema do dia

Ser autor declarado na capa de um livro que, ao fim e ao cabo, é escrito por outros (sobre os chamado "Ghostwriters"). Aqui e aqui. Só é estranho que uma história tão antiga acabe por acirrar impaciências num dia tão anónimo com é o dia 26 de Dezembro (ainda se fosse anteontem à noite!).
e
(But... they love Hillary)

domingo, 25 de dezembro de 2005

Vivos como as laranjeiras

Não há dia que não projecte uma sombra sobre o seu próprio ronronar. No Natal, no entanto, é possível vislumbrar a penumbra que repousa dentro dessa sombra. Deverá ser esse o milagre: uma metamorfose que não se decifra, mas que atravessa a densidade da grande pausa do ano: o início dos inícios a sussurrar no coração do solstício. E o que comove, no Natal, não é a reunião, a partilha, a repetição, ou o ritual. O que comove, no Natal, é a penumbra que se insinua no olhar. Tão distante ela é de qualquer expiação.
e
(This is all bullsheet)

sábado, 24 de dezembro de 2005

Natalícias

Comecei a ler O Anjo Pornográfico de Ruy Castro, uma óptima biografia de Nelson Rodrigues (e, já agora, entrecortadamente, do pai, Mário Rodrigues, fundador de jornais como A Manhã e - a 'malograda' - Crítica).
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(Eis que, a meio de O Anjo, passei para a autobiografia da MFM e já devorei metade!)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Cartas de amor

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O Paulo José Miranda envia-me Cartas de Amor para ler (não sou eu o destinatário empírico, é claro). E vale a pena digerir esta escrita. Recomendo.

Está quase

er
A família começa hoje a chegar aqui à Velha Casa (há décadas - e isto é uma piada literária -, perguntavam ao Régio: E quando é que a velha casa?). Razão pela qual vou já desejando um grande Natal aos aventurosos viajantes que pousaram o olhar neste micro-espaço estelar chamado Miniscente. E a todos os outros, também.
É sempre bom saber que este é mais um Natal.
~r
P.S. - By the way: só em exportações de árvores de Natal, a China vendeu (à Europa) o correspondente a quase mil milhões de Euros.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

2005 International Weblog Awards

e
Tinha-me esquecido de sublinhar um facto particularmente relevante (estas humildades!): é que o Miniscente venceu o Prémio 2005 do "Melhor blogue com folhetins dentro".
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(Três dias depois, ainda continuo sem dormir por causa de tanto êxito!)

Nuno Gomes

Uma bola tão bem colocada ajuda a serenar o espírito de Natal.
e
(O que seria eu, mais seis milhões e meio, sem o Glorioso!)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Campanha - 21

Para além do errante teor político, há coisas que batem certo. Por exemplo: (a) continua sem se perceber a razão que levou Soares a candidatar-se. Há prazos de validade política e tributos que deixam de ter razão de ser à medida que se repetem de modo inusitado; (b) continua a parecer enigmático que Cavaco faça do estoicismo sem ondas um método que todos acatam, apenas porque irá preencher, presume-se, uma espécie de carência pública de tutela; (c) continua a ser divertido ver Manuel Alegre a coligar aristocracia telúrica com romantismo revolucionário sob os auspícios de alguns dos nossos mais celebrados escritores; (d) continua a ser de missal a peregrinação da ira prosódica que abisma Louçã; e) continuará a ser objecto de estudo para os biógrafos comunistas que estão na moda a heróica sensibilidade proletária de Jerónimo de Sousa.
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(Há um grande atraso mental em Portugal: é o que é. Só se safa Inês de Castro)

O caucasiano

Fiz ontem um electrocardiograma, mera rotina, e deparei-me com os dados de identidade inscritos no relatório. Já sabia onde e quando tinha nascido, assim como o meu sexo e nome. O que não sabia ainda é que a minha raça ("race") era a "caucasian". Estamos sempre a aprender.
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(Mera rotina, o caraças: durante o Natal percebi que este post não fazia cócegas ao humor dos antropólogos. Hélas.)

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Insídias

Três e públicas, hoje: Scolari ("balneário"), Cavaco ("competência") e Soares (confidências dos "amigos da Europa"). Um espelho do país?
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(Até porque um país sem espelhos deixa de fazer a barba)

Quebras inefáveis

De três em três minutos, ciclos precisos e irrespondíveis, fico sem ligação à rede. É a trindade da ADSL em vésperas de Natal. Ao meu lado direito, a ameixoeira já desfolhada e o sol que a inunda como se ciciasse em nome da imensa brancura do mirante. Ciclos precisos. E porosos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Férias?

Não sei o que é um assunto sem importância. Mas desconfio que, nos últimos dias, me tenho embrenhado nessa ignorância prática, activa e inconsequente. Renas ao fundo.
e
(Afinal, o Natal é o território mais carregado de stress de todo o ano!)

domingo, 18 de dezembro de 2005

Agora a sério

Os subtextos do Record de hoje foram felizes em relação ao meu clube. Contudo, prefiro "Golo Rei" a "Três Tristes Pontos". Da quadra à música lusa, sempre prefiro a primeira (embora a coisa, com musgo à mistura, ameace mais contenda e stress do que na chamada rotina do dia a dia). É assim a sorte do jogo e, também, da vida. Tem dias (mas que foi um grande remate do Nuno Gomes, lá isso foi: parecido com os belíssimos golos da U. de Leiria e do Penafiel, nas duas últimas jornadas).

Tiradas reflexivas - 2

A mãe sabia que ele ia ser diferente quando fosse grande. E foi. Fez-se por si próprio. Hoje dirige um clube, um sindicato, uma empresa de sondagens e até um partido. Dizem que Portugal é um país de famílias em que toda a gente se conhece. Mas ele há mesmo excepções. Das grandes.

sábado, 17 de dezembro de 2005

Um olhar súbito

Há uma sondagem que diz que a ameixoeira do meu pátio vai ficar sem folhas. Já faltou mais.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Coisas extraordinárias

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Só hoje reparei que a Maira Parula do blogue brasileiro Prosa Caótica me fotografou a "passear pela blogosfera".
De facto, as cores da fotografia batem certo com as cores do header do Miniscente.
E assim se ficou a perceber que calço '42' (para presentes de Natal, pelo menos, é um dado interessante a divulgar).

Monovisões

Concordo piamente com o estrito respeito pelos direitos humanos.
Sou frontal e inabalavelmente contra a tortura e contra a pena de morte. Felizmente, a larguíssima maioria do Ocidente partilha e advoga estes princípios e faz deles até - não gosto da palavra - "identidade".
No entanto, parece-me muito estranho que os insistentes protagonistas da actual vaga dos "aviões da CIA" (uma meta-ocorrência com fôlego e com razão de ser, é claro) jamais articulem as possíveis transgressões criminosas com o que realmente significa o hiperterrorismo surgido no mundo pós-09/11/2001.
Há algo nesta história toda que não soa bem. Não é verdade?

Repto greco-blue

Skip James

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Ontem emocionei-me com o belíssimo documentário de Wenders na "2". É pena que a Charlotte não tenha hoje acordado com insinuante fotografia da época e sobretudo com uma das músicas do grande Skip James. Sei que ela é mulher capaz de me fazer a vontade. Afinal, não o havia ainda dito, mas estou a seguir a Madonna 'dos últimos tempos' e estou a gostar muito (Time goes by so slowly) e, para além disso, em Agosto de 1997, estive também no Cabo Sounion, durante largas horas, e garanto que foi, de facto, um momento único (ars nascendi). De resto, e com a poíesis no fundo profundo da respiração, passei o tempo a ouvir os ralos nocturnos de Vouliagmeni.

Heranças da Salvação

Há grandes Kits de sobrevivência!

Femininamente correcto

Acho que a Sara, desta vez, devia ler o Pedro acerca do tema da beleza masculina. Afinal, Maria Filomena Mónica, talvez de modo involuntário, sempre vai animando polémicas com sal.

Rabo de fora

Podia ter toda a razão, mas ao escrever isto perdeu-a toda:

"(...) para Pacheco Pereira, os jornalistas - mais do que os políticos, e muito mais do que o candidato Presidencial que ele apoia (Cavaco Silva conhecido, entre outras coisas, por ter dito estar a ler a “Utopia” de Thomas Mann) - são ignorantes."


Ou seja, o Nuno peca por esquematizar excessivamente o diagnóstico e acaba assim por não conseguir desmontar a linha mais ou menos isotópica que percorre a argumentação normal de JPP. E fá-lo ao generalizar aquilo que é uma pressuposição, reduzindo-a ao atributo "ignorantes". Creio sinceramente que essa redução vem mais de algum recôndito ressentimento do que propriamente da facticidade.

Tiradas reflexivas

É verdade, Mário Soares foi o único, até agora, que atribuiu a si próprio a vitória num debate. E Jorge Coelho foi o único, até agora, a atribuir a Soares, o que quer dizer a si próprio, uma imparável "descolagem". Louçã e Jerónimo - como se viu ontem - limitam-se a atribuir a si mesmos alguns louros ressequidos em função do sol nascente chinês. Por fim, Manuel Alegre e Cavaco Silva atribuem às suas próprias caminhadas desígnios caracterizados como "estratégicos" (não serei o único, já se sabe, a perguntar: o que é que isso quererá dizer?).

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Vendavais extra-eleitorais

É certo que há alguma diferença entre as "mães de Bragança" e o feminismo de Jerónimo de Sousa. Janus tinha dois rostos, Portugal tem ainda mais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Tap loves Varig

Seguiram a pior tradição do meu clube (nada no mundo é perfeito) e perderam. Clamorosamente. Falar em demasia antes do negócio é o que dá.

Juízos à hora do almoço

Nos "fóruns" da manhã e em grande parte dos concursos televisivos (desconheço os nomes, pois apenas vejo estilhaços ocasionais), os apresentadores tratam os convidados pelo nome próprio. O hábito tem outro sentido noutros mundos (nomeadamente no anglo-saxónico), mas, por cá, cheira-me a artifício. Por outras palavras: cheira-me sempre a fato de treino no funeral ou a caldo verde no casamento. Questões de gosto.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Publicidade negativa

Quando Soares, à condição, se diz disposto a exibir o seu "boletim clínico", é porque sabe que a saúde, no seu caso, é uma questão real (ou potencial). Quando Alegre tem a necessidade de afirmar que não é um "candidato de protesto", é porque sabe que é essa de facto a sua marca. Quando Cavaco faz tudo para tornar o seu discurso numa despolitizada sucessão de elipses, é porque sabe que a expressão aberta e franca do seu pensamento apenas contribuiria para afectar o posicionamento que detém. Quando Louçã e Jerónimo dizem ao que vêm (do modo como o dizem), é porque sabem ambos que apenas correspondem ao ruído do marketing "tribunício".

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Ficção?

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Os acontecimentos de Camberra mostram-nos que o mundo está quase em estado de Pulp Fiction.

A não identificação

Entre o país da vivenda Mariani (é assim que se escreve?) e o desejo de reatar um antigo ritual da Marinha Grande, assim vai andando a campanha eleitoral. Juntemos-lhe umas migalhas de alma patriótica com toada guerrilheira e mitológica e ainda, no pano de fundo, uns salmos e suratas oitocentistas e teremos então a caldeirada perfeita. Por que é que se perde tão facilmente a paciência com tão pobre cortejo? Boa pergunta.

domingo, 11 de dezembro de 2005

Sortilégios do musgo

Só por pudor é que não direi há quantos anos não ia apanhar musgo. Mas hoje fui. O carro parado na berma e eu, passo a passo, avançando lentamente de faca na mão. Depois, com o polegar a sentir a textura da terra, fiz a lâmina avançar com cuidado e com muita ternura sob o tufo húmido, em algumas partes ainda polvilhado pelo orvalho. Repeti a operação até que o saco se encheu e o brilho do musgo me iluminou o resto do dia. Até agora.

sábado, 10 de dezembro de 2005

Mais BD

Vem aí mais um folhetim em banda desenhada. É da autoria de outro ex-aluno de mestrado, Francisco Leite. A série, de apenas três episódios, promete expandir-se no futuro e tem, para já, o singular nome de "Kai Kai". Nos próximos dias será colocada on-line. Haja, pois, atenção!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Ressurgimento

A leste da racionalidade, tal e qual como as ondas. Ou seja, regressou o MiniBenfica, embora mais por força do Jorge Lopes (e dos adeptos do Manchester United em Portugal).

A sinceridade de Dezembro

A rua escura, obscura, sem vivalma e do outro lado uma montra cheia de luzinhas a apagar e a acender. Amarelas, cor-de-rosa, vermelhas, azul turquesa, há de tudo. Faz-me lembrar o "binding problem", assinalado por A. Damásio, ou seja, a resposta à questão (até hoje sem resposta): como é que a "organização anatómica" das "zonas de convergência" pode servir de base ao tipo de imagens integradas e unificadas de que temos conhecimento nas nossas mentes"?
Mais coisa menos coisa, olho e continuo ainda a ver o outro lado da rua. As luzinhas, o Natal, o pasmo. Sinceramente.

O segundo debate: análise aprofundada

Jerónimo disse: “construímos um povo e uma pátria”. Soares disse: “sou um presidente que”. É tudo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

O que é um feriado?

E o pinóquio lá foi comido pela imensa boca da baleia. A ponte quase sem carros, a cidade meio esvaziada e o défice a imaginar as águas-furtadas embaciadas do Tio Patinhas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Intemporalidade

Diabo vermelho e civil (act.)

Há algum tempo que já lá não ia. A fúria turística à blogger tem-se atenuado (não deverá ser questão pessoal, creio). E, de repente, leio-o durante largos minutos, post a post, e reconheço a mesma graça melancólica, o mesmo virtuosismo quase narcísico e o mesmíssimo moinho de vento que se agita sem qualquer ventania. Gostei.
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Afinal retiro tudo o que disse: reparei que não há lá linque para o Miniscente (Coisas inexplicáveis)!

Carnaval, chacal, banal, etc.

O Portugal deste Outono-Inverno tem alimentado querelas e desafios particularmente prometedores. Para além da soberba felina de Soares, da altivez pacata de Cavaco e do centrismo homérico de Alegre - todos a tentarem antecipar o suave Carnaval dos pobres de espírito -, nada como um verdadeiro sonambulismo metafórico-utópico que tem dominado, de lés a lés, a campanha eleitoral: "dormir descansado vs. não dormir descansado" tem sido o refrão assinalado e muitas vezes sublinhado pelo restante duo de candidatos seminaristas. Para compensar o ritmo alucinante do debate, lá fomos todos brindados pelo êxtase de João César das Neves e pela extraordinária polémica dos crucifixos. Contudo, o riso malandrote, se existe, brotará tanto do patrono do êxtase como daqueles que com ele se têm envolvido na mesma arena de disputas, canonizando-se quase sempre no limiar da paródia (como se ser livre fosse apenas matéria de decreto-lei).

Imagine-se

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Um eléctrico vai passar a oitenta centímetros da porta principal de uma Escola de Enfermagem ("eléctrico", na cidade do Porto, pronuncia-se "metro"; há quem já lhe tenha chamado "desejo").

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Mais vale tarde

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Parabéns, pois, à inconfundível vista para o Índico que nos é dada, dia a dia, pelo bom"jpt" do Ma-schamba.
Sem desfazer a memória tão involuntária quanto volátil e extrelepunca da rosa cusca e rosa cueca Rititi! Parabéns, também!

A narração do blogger

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O mundo surge-nos muitas vezes como uma espécie de movimento duplo e quase natural de convergência e divergência de intrigas ("intriga" no bom sentido da 'trama', ou da 'teia'), daí a necessidade quase genética de narratividade.
É esse também o esteio do blogger: narrar enredos acessórios e enunciar dúvidas, quando não semear asserções através da linguagem com que nos inventamos nesta comunidade onde o possível é sempre virtual (ausência com leme nostrum).
Talvez a poética seja o simples resíduo que fica alojado a um canto de todas as histórias que correm e que, por isso mesmo, permanecerá a brilhar na passagem da grande carruagem do tempo.
Sacralização idiota? Possivelmente.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

O primeiro debate

Disse Alegre ao sair de casa: "Estive a ler o Homero". Disse Cavaco ao sair dos estúdios da SIC: "Foi um debate muito vivo". É tudo.

De volta

E a noite chegou como um chafariz que apaga a sua sede ao devorar a surpresa. Pouco mais do que isso.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Ainda a homenagem a Victor Palla

Terminado o Folhetim BD, O Pau de Fileira, publico agora a história original escrita por Rogério de Freitas e ilustrada por Júlio Pomar:
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( Carregar para aumentar e, depois, voltar a carregar para expandir - no canto inferior direito).
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Veja o Episódio 6 (e último) do folhetim BD


Uma BD inédita da autoria de João Palla e Carmo.
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Uma homenagem a Victor Palla em seis episódios.
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Veja e leia em baixo o sexto episódio.

Episódio 6 (último)

Carregar para aumentar e, depois, voltar a carregar para expandir (no canto inferior direito).