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Hoje... começo o dia com um tom bastante incorrecto. É daqueles posts que 'parecem mesmo mal' (acho o máximo esta dupla 'parecer bem' e 'parecer mal' em Português maiúsculo: um refinamento). Pois, o texto é do Pasolini, personagem não muito aconselhável politicamente, mas genial noutros universos. A propósito, lembro-me de ter visto, em 1981, na 'Casa da Comédia', A Paixão segundo P. P. Pasolini (por La Feria, imagine-se) e o cenário, caótico e desnudado, extravasava fantasmas e encarava o cânone com grande inteligência. Mas deixemo-nos de preparativos e avancemos para a carne do post. Tudo se passa no meio de uma cena erótica. A certa altura, Pasolini deixa o leitor respirar um bocadinho e escreve o seguinte (não liguem ao nome, certo?):
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“Era isso, Carmelo acariciava a cabeça de Carlo como se acaricia a cabeça de um cão; ou melhor, de uma cadela. Por instantes Carlo contemplou, por assim dizer, esta situação: Carmelo acariciava-o como se acaricia uma cadela”
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(Petróleo, Editorial Notícias, Lisboa, 1992/1996, p.289)