quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Cerveja e literatura - 35

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É no ambiente de luta entre adolescentes (tentações violentas, pequenos raptos, agressões avulsas, brincadeiras abismadas e um calão esmerado) que as luzes de “halogéneo da cor de malva” contracenam com o “ar perfumado a madressilva”. Neste desconcerto afectado com algumas fugas para a frente, uma simples garrafa de cerveja roubada sempre dá algum colorido à sofreguidão:
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“- Eu estou bem, Dummie. Deixa-me em paz.
Pengiun não se via em lado nenhum no jardim das traseiras. Fiquei no pátio com a garrafa bifada de San Miguel e um Silk Cut acabado de acender. Uma noite fora do vulgar em Begshall: um ar perfumado a madressilva, o perímetro de intrigante escuridão do jardim, vestígios de caracóis e margaridas visíveis no rasgo oblongo de luz da cozinha. Sentia-me (com a cada vez mais forte noção de que a escola – pelo menos a uniforme e repressiva St. Dymphna – tinha acabado) leve e despreocupado.”
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(Glen Duncan, Catavento, tradução: Paula Antunes; Publicações Europa-América, Mem Martins, 2006, pp. 94/95)