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E no tempo em que os animais falavam e as línguas se inventavam como castelos feitos de nuvens, nesse tempo límpido e folgazão, lá andava ela, espumosa, nem sempre cândida, às vezes amarga, mas decidida:
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“Falavam que comia a quanta imundície: caramujo, até rã, com as braçadas de alfaces, embebidas num balde de água. Ver, que almoçava e jantava, da parte de fora, sentado na soleira da porta, o balde entre suas grossas pernas, no chão, mais as alfaces; tirante que, a carne, essa, legítima de vaca, cozinhada. Demais gastasse era com cerveja, que não bebia à vista da gente. Eu passava por lá, ele me pedia: — "Irivalíni, bisonha outra garrafa, é para o cavalo..." Não gosto de perguntar, não achava graça. Às vezes eu não trazia, às vezes trazia, e ele me indemnizava o dinheiro, me gratificando.”
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(João Guimarães Rosa, O Cavalo que Bebia Cerveja em Primeiras Estórias, Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1988, pág. 83)
(João Guimarães Rosa, O Cavalo que Bebia Cerveja em Primeiras Estórias, Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1988, pág. 83)