Clara Pinto Correia, Complementos Indirectos - Um Guia Prático para uma Escrita Feliz em Português, Quasi, Famalicão, 2007 (Setembro).
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Pré-Publicação (da "Introdução"):
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"(...) O português é uma língua maravilhosa. Tem uma riqueza de vocabulário deslumbrante, uma flexibilidade magnífica na articulação das ideias, uma lógica de utilização que raramente deixa margem a dúvidas, e uma beleza de entoação que atravessa sem vacilações todo o espectro linguístico que vai da oralidade analfabeta à erudição académica. Soa bem tanto nas canções como nos discursos, e é atraente para quem o ouve sem saber de que linguajar se trata. Por tudo isto, quem sabe expressar-se bem em português já percorreu meio caminho para ter o mundo na mão.
No entanto, uma grande parte dos portugueses parece desdenhar a sua língua de forma quase acintosa, e o senso comum não se cansa de insistir que esta tendência está a aumentar entre nós. Na Universidade, reparamos, certamente, que os nossos alunos, acabados de chegar do secundário, já com doze anos de aprendizagem de português em cima, escrevem muito mal e se expressam com dificuldade. Poderemos culpar
o Ministério da Educação por este fenómeno? Estaremos perante a consequência perversa de todos os passos desviantes que se foram dando até se chegar ao labirinto exasperante do TLEBS? Não temos a certeza absoluta, mas eu lembro-me de ir à escola e considerar absolutamente excitante aprender os segredos do bom português. Sei também que esta descoberta nunca está completa se não aproveitarmos aquelas idades em que ainda temos muito tempo livre para lermos avidamente tudo o que nos passa ao alcance das mãos – em casa, nas bibliotecas, nas feiras, nas estantes dos amigos, onde quer que a oportunidade de aumentar a nossa base de dados se proporcione. Talvez seja verdade que o ensino e o mundo actuais incentivam pouco os jovens a ler. Essa teria que ser a primeira linha da catástrofe a inverter-se. E, logo a seguir, seria preciso devolver ao estudo do português o carácter de descoberta emocionante que ele tinha quando eu ia à escola.
"(...) O português é uma língua maravilhosa. Tem uma riqueza de vocabulário deslumbrante, uma flexibilidade magnífica na articulação das ideias, uma lógica de utilização que raramente deixa margem a dúvidas, e uma beleza de entoação que atravessa sem vacilações todo o espectro linguístico que vai da oralidade analfabeta à erudição académica. Soa bem tanto nas canções como nos discursos, e é atraente para quem o ouve sem saber de que linguajar se trata. Por tudo isto, quem sabe expressar-se bem em português já percorreu meio caminho para ter o mundo na mão.
No entanto, uma grande parte dos portugueses parece desdenhar a sua língua de forma quase acintosa, e o senso comum não se cansa de insistir que esta tendência está a aumentar entre nós. Na Universidade, reparamos, certamente, que os nossos alunos, acabados de chegar do secundário, já com doze anos de aprendizagem de português em cima, escrevem muito mal e se expressam com dificuldade. Poderemos culpar
o Ministério da Educação por este fenómeno? Estaremos perante a consequência perversa de todos os passos desviantes que se foram dando até se chegar ao labirinto exasperante do TLEBS? Não temos a certeza absoluta, mas eu lembro-me de ir à escola e considerar absolutamente excitante aprender os segredos do bom português. Sei também que esta descoberta nunca está completa se não aproveitarmos aquelas idades em que ainda temos muito tempo livre para lermos avidamente tudo o que nos passa ao alcance das mãos – em casa, nas bibliotecas, nas feiras, nas estantes dos amigos, onde quer que a oportunidade de aumentar a nossa base de dados se proporcione. Talvez seja verdade que o ensino e o mundo actuais incentivam pouco os jovens a ler. Essa teria que ser a primeira linha da catástrofe a inverter-se. E, logo a seguir, seria preciso devolver ao estudo do português o carácter de descoberta emocionante que ele tinha quando eu ia à escola.
Seja como for, vivemos confrontados com a realidade de que o domínio do português de grande parte dos portugueses é no mínimo sofrível, e sabemos que essa limitação afecta todas as possibilidades de carreira e felicidade no trabalho de cada pessoa que padece dela. Uma apresentação oral mal feita, um memorando mal escrito, e lá se vai a vaga tão cobiçada para aquele emprego que parecia feito por medida para o candidato chumbado. O estrago, aliás, faz-se sentir antes mesmo da entrada no mercado de trabalho: um exame cheio de erros ortográficos, com verbos mal conjugados e uso estropiado de pronomes, tem incontornavelmente uma nota inferior a outro exame idêntico com o mesmo número de respostas erradas mas de redacção clara e compreensível. A média com que se sai do curso pode estar intimamente afectada pela falta de controlo sobre a língua portuguesa que o estudante manifesta (...)"
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Actualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Ariadne, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Cotovia, Gradiva, Guerra e Paz, Livro do Dia, Magna Editora, Magnólia, Mareantes, Publicações Europa-América, Quasi, Presença, Sextante Editora e Vercial.