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Maria João Cantista (Org.), Desenvolvimentos da fenomenologia na contemporaneidade, Campo das Letras, Porto, 2007 (Julho).
rMaria João Cantista (Org.), Desenvolvimentos da fenomenologia na contemporaneidade, Campo das Letras, Porto, 2007 (Julho).
Pré-publicação:
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"Inclui a presente publicação uma série de estudos, todos eles virados para uma dilucidação, quer da subjectividade, quer da racionalidade, à luz de um quadro de repensamento e consequente correcção crítica destas mesmas noções na pós-modernidade filosófica.
É a subjectividade transcendental, é a constituição do sentido do fenómeno, é a redução na acepção husserliana do termo, que se oferecem a um repensamento, a partir das próprias exigências de radicalidade do mestre de Friburgo.
No caso de Hannah Arendt, é a racionalidade prática que exige a reabilitação do sentido fundamental, já que, na modernidade, a razão se mostrou “incapaz de pensar o que andava a fazer”. O juízo como reflexão reconciliadora do pensamento e da acção torna-se a questão modal em ordem ao que realmente importa: uma reflexão sobre o acontecimento. Por caminhos distintos, é este o propósito dos estudos aqui incluídos de Maria José Cantista e de Pilar Pereila Martos, intitulados O juízo em Hannah Arendt: superação do paradoxo do pensar e do querer e El papel del juicio en la rehabilitación de la racionalidad práctica, respectivamente.
Por sua vez, Bruno Pinheiro, com o escrito intitulado Sobre o mundo da quotidianeidade em Alfred Schutz, põe em relevo a importância da fenomenologia, quando aplicada ao mundo social. O fenómeno do trabalho na obra de Alfred Schutz reveste-se de uma fecundidade e criatividade pouco conhecidas do leitor português e que, na presente obra, é objecto de uma penetrante reflexão. Neste sentido, a relação do eu com o outro, bem como o fenómeno da intersubjectividade ganham um novo perfil, dilucidado pelo autor, que nos brinda com uma cuidada análise dos problemas relacionados com a acção humana, com o mundo da quotidianeidade.
A versão hermenêutica, quer da subjectividade, quer da racionalidade, são objecto de pesquisa no artigo Do sentido hermenêutico-fenomenológico de historicidade de Stella Azevedo. Em síntese, a Autora pretende prolongar o contributo da fenomenologia ao século XXI, mostrando o sentido de historicidade implícito na noção husserliana de fenómeno, através de uma interlocução com a hermenêutica, quer a nível textual-interpretativo, quer a nível metódico conceptual. Por sua vez, João Martins, no estudo intitulado Subjectividade e Racionalidade em Claude Romano, descreve o papel do fenómeno como “événement” no pensamento do autor francês, extraindo das suas características as consequências para uma metamorfose pós-husserliana e pós-heideggeriana da fenomenologia. Uma vez mais, são as suas noções nucleares que ganham uma nova perspectivação: sujeito, experiência, mundo, temporalidade, enfim, fenómeno.
Maria Manuela Martins dedica um interessante estudo intitulado A morte enquanto ‘excedente’ (Ausstand): leitura de alguns parágrafos de “Sein und Zeit” à dilucidação de um dos temas fulcrais da obra de Heidegger, pondo em relevo a infl uência de Agostinho de Hipona na génese deste pensamento, “pelo menos na época de Marburgo e de Friburgo”. A influência aristotélica é também chamada à atenção, designadamente no que respeita à noção de Cuidado, noção nuclear na dilucidação hermenêutica levada a cabo pela Autora. Por último, apresenta esta publicação um artigo intitulado Santo Agostinho no pensamento de J.-L. Marion: uma leitura de “Dieu sans l’être”, também da autoria de Maria Manuela Martins. Estamos perante um texto que se situa no limiar da filosofia e da teologia, com o objectivo principal de assinalar as possíveis afi nidades, mas também as diferenciações específicas da noção de Deus em J.-L. Marion e Agostinho de Hipona. Para aceder ao sentido de “Deus sem o Ser”, na obra de J.-L. Marion, teve a autora de proceder a uma descrição geral do pensamento do filósofo francês, enquadrando a obra específica a que dedicou o seu trabalho no todo em que se insere. Com efeito, J.-L. Marion propõe um sentido de fenómeno como doação, no âmbito de uma redução que põe em suspenso, não apenas as categorias da metafísica onto-teo-lógica da tradição filosófica ocidental, mas também a própria noção heideggeriana de fenómeno como “estanticidade” (étantité). O sentido inerente à realidade de “Deus sem Ser” inscreve-se na óptica de Deus como ágape, que proíbe toda e qualquer entificação de deus, ou mesmo um acesso cognitivo ao Ser, a partir das categorias representacionistas da metafísica tradicional. No intento de diferenciar ambas as vias de acessibilidade ao tema fulcral da metafísica, procede-se a uma explicitação do ídolo e do ícone, como dois “olhares” distintos de um mesmo “fenómeno”, visado em acepções contrapolares. Para Maria Manuela Martins, “a razão de procurar(mos) ver simultaneamente as raízes e as sintonias entre o que diz Marion e Santo Agostinho… prende-se com a própria especulação agostiniana que será avant la lettre bem mais fenomenológica e sugestiva para a interpretação de J.-L. Marion”.
O presente livro é mais uma publicação no âmbito do projecto de investigação Subjectividade e Racionalidade: elementos para uma hermenêutica da fenomenologia, subsidiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e levado a cabo pelo Gabinete de Filosofia Moderna e Contemporânea. Será mais um tomo integrado na Colecção Filosofia, em edição da Campo das Letras."
"Inclui a presente publicação uma série de estudos, todos eles virados para uma dilucidação, quer da subjectividade, quer da racionalidade, à luz de um quadro de repensamento e consequente correcção crítica destas mesmas noções na pós-modernidade filosófica.
É a subjectividade transcendental, é a constituição do sentido do fenómeno, é a redução na acepção husserliana do termo, que se oferecem a um repensamento, a partir das próprias exigências de radicalidade do mestre de Friburgo.
No caso de Hannah Arendt, é a racionalidade prática que exige a reabilitação do sentido fundamental, já que, na modernidade, a razão se mostrou “incapaz de pensar o que andava a fazer”. O juízo como reflexão reconciliadora do pensamento e da acção torna-se a questão modal em ordem ao que realmente importa: uma reflexão sobre o acontecimento. Por caminhos distintos, é este o propósito dos estudos aqui incluídos de Maria José Cantista e de Pilar Pereila Martos, intitulados O juízo em Hannah Arendt: superação do paradoxo do pensar e do querer e El papel del juicio en la rehabilitación de la racionalidad práctica, respectivamente.
Por sua vez, Bruno Pinheiro, com o escrito intitulado Sobre o mundo da quotidianeidade em Alfred Schutz, põe em relevo a importância da fenomenologia, quando aplicada ao mundo social. O fenómeno do trabalho na obra de Alfred Schutz reveste-se de uma fecundidade e criatividade pouco conhecidas do leitor português e que, na presente obra, é objecto de uma penetrante reflexão. Neste sentido, a relação do eu com o outro, bem como o fenómeno da intersubjectividade ganham um novo perfil, dilucidado pelo autor, que nos brinda com uma cuidada análise dos problemas relacionados com a acção humana, com o mundo da quotidianeidade.
A versão hermenêutica, quer da subjectividade, quer da racionalidade, são objecto de pesquisa no artigo Do sentido hermenêutico-fenomenológico de historicidade de Stella Azevedo. Em síntese, a Autora pretende prolongar o contributo da fenomenologia ao século XXI, mostrando o sentido de historicidade implícito na noção husserliana de fenómeno, através de uma interlocução com a hermenêutica, quer a nível textual-interpretativo, quer a nível metódico conceptual. Por sua vez, João Martins, no estudo intitulado Subjectividade e Racionalidade em Claude Romano, descreve o papel do fenómeno como “événement” no pensamento do autor francês, extraindo das suas características as consequências para uma metamorfose pós-husserliana e pós-heideggeriana da fenomenologia. Uma vez mais, são as suas noções nucleares que ganham uma nova perspectivação: sujeito, experiência, mundo, temporalidade, enfim, fenómeno.
Maria Manuela Martins dedica um interessante estudo intitulado A morte enquanto ‘excedente’ (Ausstand): leitura de alguns parágrafos de “Sein und Zeit” à dilucidação de um dos temas fulcrais da obra de Heidegger, pondo em relevo a infl uência de Agostinho de Hipona na génese deste pensamento, “pelo menos na época de Marburgo e de Friburgo”. A influência aristotélica é também chamada à atenção, designadamente no que respeita à noção de Cuidado, noção nuclear na dilucidação hermenêutica levada a cabo pela Autora. Por último, apresenta esta publicação um artigo intitulado Santo Agostinho no pensamento de J.-L. Marion: uma leitura de “Dieu sans l’être”, também da autoria de Maria Manuela Martins. Estamos perante um texto que se situa no limiar da filosofia e da teologia, com o objectivo principal de assinalar as possíveis afi nidades, mas também as diferenciações específicas da noção de Deus em J.-L. Marion e Agostinho de Hipona. Para aceder ao sentido de “Deus sem o Ser”, na obra de J.-L. Marion, teve a autora de proceder a uma descrição geral do pensamento do filósofo francês, enquadrando a obra específica a que dedicou o seu trabalho no todo em que se insere. Com efeito, J.-L. Marion propõe um sentido de fenómeno como doação, no âmbito de uma redução que põe em suspenso, não apenas as categorias da metafísica onto-teo-lógica da tradição filosófica ocidental, mas também a própria noção heideggeriana de fenómeno como “estanticidade” (étantité). O sentido inerente à realidade de “Deus sem Ser” inscreve-se na óptica de Deus como ágape, que proíbe toda e qualquer entificação de deus, ou mesmo um acesso cognitivo ao Ser, a partir das categorias representacionistas da metafísica tradicional. No intento de diferenciar ambas as vias de acessibilidade ao tema fulcral da metafísica, procede-se a uma explicitação do ídolo e do ícone, como dois “olhares” distintos de um mesmo “fenómeno”, visado em acepções contrapolares. Para Maria Manuela Martins, “a razão de procurar(mos) ver simultaneamente as raízes e as sintonias entre o que diz Marion e Santo Agostinho… prende-se com a própria especulação agostiniana que será avant la lettre bem mais fenomenológica e sugestiva para a interpretação de J.-L. Marion”.
O presente livro é mais uma publicação no âmbito do projecto de investigação Subjectividade e Racionalidade: elementos para uma hermenêutica da fenomenologia, subsidiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e levado a cabo pelo Gabinete de Filosofia Moderna e Contemporânea. Será mais um tomo integrado na Colecção Filosofia, em edição da Campo das Letras."
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(Prefácio de Maria José Cantista)
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