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quarta-feira, 25 de julho de 2007

Pré-publicações - 47

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Maria João Cantista (Org.), Desenvolvimentos da fenomenologia na contemporaneidade, Campo das Letras, Porto, 2007 (Julho).
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Pré-publicação:
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"Inclui a presente publicação uma série de estudos, todos eles virados para uma dilucidação, quer da subjectividade, quer da racionalidade, à luz de um quadro de repensamento e consequente correcção crítica destas mesmas noções na pós-modernidade filosófica.
É a subjectividade transcendental, é a constituição do sentido do fenómeno, é a redução na acepção husserliana do termo, que se oferecem a um repensamento, a partir das próprias exigências de radicalidade do mestre de Friburgo.
No caso de Hannah Arendt, é a racionalidade prática que exige a reabilitação do sentido fundamental, já que, na modernidade, a razão se mostrou “incapaz de pensar o que andava a fazer”. O juízo como reflexão reconciliadora do pensamento e da acção torna-se a questão modal em ordem ao que realmente importa: uma reflexão sobre o acontecimento. Por caminhos distintos, é este o propósito dos estudos aqui incluídos de Maria José Cantista e de Pilar Pereila Martos, intitulados O juízo em Hannah Arendt: superação do paradoxo do pensar e do querer e
El papel del juicio en la rehabilitación de la racionalidad práctica, respectivamente.
Por sua vez, Bruno Pinheiro, com o escrito intitulado Sobre o mundo da quotidianeidade em Alfred Schutz, põe em relevo a importância da fenomenologia, quando aplicada ao mundo social. O fenómeno do trabalho na obra de Alfred Schutz reveste-se de uma fecundidade e criatividade pouco conhecidas do leitor português e que, na presente obra, é objecto de uma penetrante reflexão. Neste sentido, a relação do eu com o outro, bem como o fenómeno da intersubjectividade ganham um novo perfil, dilucidado pelo autor, que nos brinda com uma cuidada análise dos problemas relacionados com a acção humana, com o mundo da quotidianeidade.
A versão hermenêutica, quer da subjectividade, quer da racionalidade, são objecto de pesquisa no artigo Do sentido hermenêutico-fenomenológico de historicidade de Stella Azevedo. Em síntese, a Autora pretende prolongar o contributo da fenomenologia ao século XXI, mostrando o sentido de historicidade implícito na noção husserliana de fenómeno, através de uma interlocução com a hermenêutica, quer a nível textual-interpretativo, quer a nível metódico conceptual. Por sua vez, João Martins, no estudo intitulado Subjectividade e Racionalidade em Claude Romano, descreve o papel do fenómeno como “événement” no pensamento do autor francês, extraindo das suas características as consequências para uma metamorfose pós-husserliana e pós-heideggeriana da fenomenologia. Uma vez mais, são as suas noções nucleares que ganham uma nova perspectivação: sujeito, experiência, mundo, temporalidade, enfim, fenómeno.
Maria Manuela Martins dedica um interessante estudo intitulado A morte enquanto ‘excedente’ (Ausstand): leitura de alguns parágrafos de “Sein und Zeit” à dilucidação de um dos temas fulcrais da obra de Heidegger, pondo em relevo a infl uência de Agostinho de Hipona na génese deste pensamento, “pelo menos na época de Marburgo e de Friburgo”. A influência aristotélica é também chamada à atenção, designadamente no que respeita à noção de Cuidado, noção nuclear na dilucidação hermenêutica levada a cabo pela Autora. Por último, apresenta esta publicação um artigo intitulado Santo Agostinho no pensamento de J.-L. Marion: uma leitura de “Dieu sans l’être”, também da autoria de Maria Manuela Martins. Estamos perante um texto que se situa no limiar da filosofia e da teologia, com o objectivo principal de assinalar as possíveis afi nidades, mas também as diferenciações específicas da noção de Deus em J.-L. Marion e Agostinho de Hipona. Para aceder ao sentido de “Deus sem o Ser”, na obra de J.-L. Marion, teve a autora de proceder a uma descrição geral do pensamento do filósofo francês, enquadrando a obra específica a que dedicou o seu trabalho no todo em que se insere. Com efeito, J.-L. Marion propõe um sentido de fenómeno como doação, no âmbito de uma redução que põe em suspenso, não apenas as categorias da metafísica onto-teo-lógica da tradição filosófica ocidental, mas também a própria noção heideggeriana de fenómeno como “estanticidade” (étantité). O sentido inerente à realidade de “Deus sem Ser” inscreve-se na óptica de Deus como ágape, que proíbe toda e qualquer entificação de deus, ou mesmo um acesso cognitivo ao Ser, a partir das categorias representacionistas da metafísica tradicional. No intento de diferenciar ambas as vias de acessibilidade ao tema fulcral da metafísica, procede-se a uma explicitação do ídolo e do ícone, como dois “olhares” distintos de um mesmo “fenómeno”, visado em acepções contrapolares. Para Maria Manuela Martins, “a razão de procurar(mos) ver simultaneamente as raízes e as sintonias entre o que diz Marion e Santo Agostinho… prende-se com a própria especulação agostiniana que será avant la lettre bem mais fenomenológica e sugestiva para a interpretação de J.-L. Marion”.
O presente livro é mais uma publicação no âmbito do projecto de investigação Subjectividade e Racionalidade: elementos para uma hermenêutica da fenomenologia, subsidiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e levado a cabo pelo Gabinete de Filosofia Moderna e Contemporânea. Será mais um tomo integrado na Colecção Filosofia, em edição da Campo das Letras."
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(Prefácio de Maria José Cantista)
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Actualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Ariadne, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Cotovia, Gradiva, Guerra e Paz, Livro do Dia, Magna Editora, Magnólia, Mareantes, Publicações Europa-América, Quasi, Presença, Sextante Editora e Vercial.