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O sorriso do arquivo no tempo da rede
(hoje: Viriato Soromenho Marques)
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Tempos e Clima (28/10/1999)
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Tempos e Clima (28/10/1999)
Está a decorrer em Bona uma nova Cimeira sobre Clima.
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Em causa estão, mais uma vez, as ameaças colocadas pelo nosso modelo de civilização industrial e tecnocientífico, às próprias possibilidades de sobrevivência da humanidade, em condições de dignidade e qualidade mínimas, num horizonte histórico de longa duração.
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Há muitos elementos contraditórios e até patéticos neste tipo de reuniões, que se têm generalizado nas últimas duas décadas. Porém, não é todos os dias que centenas de pessoas -- desde burocratas da administração pública, passando por cientistas de reconhecido mérito, até representantes de organizações não governamentais ambientais, e de grupos de pressão ligados a sectores empresariais -- se reúnem em salas confortáveis para analisar relatórios científicos que apontam cenários de cataclismo cerrado, estendendo-se para além do ano 2100!
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No passado, o futuro pertencia a Deus e aos seus profetas, geralmente andrajosos e descalços. Hoje, o futuro sai em transparências coloridas de terminais informáticos, como resultado de simulações matemáticas de extrema complexidade.
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Contudo, o aspecto mais incómodo em todas estas grandes cimeiras, dedicadas ao candente problema das alterações climáticas, é a suspeita radical que nos assalta quando nos interrogamos sobre a questão chave da sua eficácia prática: será que daqui poderão sair resultados tangíveis e convincentes?
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As dúvidas e as proposições dos cépticos nesta matéria têm a seu favor um argumento muito importante: no dossier sobre o clima a assimetria, a clivagem entre o tempo da natureza e o tempo político atingem o seu limite extremo.
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Todos sabemos que em democracia o tempo político se mede por grandezas temporais que não ultrapassam um dígito, enquanto que a Natureza se avalia em décadas, séculos e milénios.
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As alterações climáticas, muito mais do que, por exemplo, a questão da depleção da camada de ozono, colidem generalizadamente com o nosso modo de vida quotidiano. Com o modo como moramos, como nos transportamos, como nos alimentamos, como nos divertimos, como trabalhamos...Para evitar que os nossos filhos e netos venham a habitar num planeta mais degradado e com menos opções para o exercício da sua liberdade precisaríamos de líderes políticos com visão estratégica e cidadãos corajosamente empenhados na vida pública. Precisaríamos de políticos e eleitores menos egoístas, com uma noção mais ecológica e menos economicista do tempo. Precisaríamos de uma concepção da vida que fosse estratégica e solidária, e não imediatista e hedonista.
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Qual será a direcção política que abdicará dos seus 4 anos de mandato para pensar nos interesses dos eleitores que ainda não nasceram? Qual será o cidadão que se importará autenticamente com a desgraça do seu próximo, exilado, contudo, na linha do futuro, que o egoísmo torna opaca e invisível?
Em causa estão, mais uma vez, as ameaças colocadas pelo nosso modelo de civilização industrial e tecnocientífico, às próprias possibilidades de sobrevivência da humanidade, em condições de dignidade e qualidade mínimas, num horizonte histórico de longa duração.
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Há muitos elementos contraditórios e até patéticos neste tipo de reuniões, que se têm generalizado nas últimas duas décadas. Porém, não é todos os dias que centenas de pessoas -- desde burocratas da administração pública, passando por cientistas de reconhecido mérito, até representantes de organizações não governamentais ambientais, e de grupos de pressão ligados a sectores empresariais -- se reúnem em salas confortáveis para analisar relatórios científicos que apontam cenários de cataclismo cerrado, estendendo-se para além do ano 2100!
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No passado, o futuro pertencia a Deus e aos seus profetas, geralmente andrajosos e descalços. Hoje, o futuro sai em transparências coloridas de terminais informáticos, como resultado de simulações matemáticas de extrema complexidade.
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Contudo, o aspecto mais incómodo em todas estas grandes cimeiras, dedicadas ao candente problema das alterações climáticas, é a suspeita radical que nos assalta quando nos interrogamos sobre a questão chave da sua eficácia prática: será que daqui poderão sair resultados tangíveis e convincentes?
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As dúvidas e as proposições dos cépticos nesta matéria têm a seu favor um argumento muito importante: no dossier sobre o clima a assimetria, a clivagem entre o tempo da natureza e o tempo político atingem o seu limite extremo.
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Todos sabemos que em democracia o tempo político se mede por grandezas temporais que não ultrapassam um dígito, enquanto que a Natureza se avalia em décadas, séculos e milénios.
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As alterações climáticas, muito mais do que, por exemplo, a questão da depleção da camada de ozono, colidem generalizadamente com o nosso modo de vida quotidiano. Com o modo como moramos, como nos transportamos, como nos alimentamos, como nos divertimos, como trabalhamos...Para evitar que os nossos filhos e netos venham a habitar num planeta mais degradado e com menos opções para o exercício da sua liberdade precisaríamos de líderes políticos com visão estratégica e cidadãos corajosamente empenhados na vida pública. Precisaríamos de políticos e eleitores menos egoístas, com uma noção mais ecológica e menos economicista do tempo. Precisaríamos de uma concepção da vida que fosse estratégica e solidária, e não imediatista e hedonista.
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Qual será a direcção política que abdicará dos seus 4 anos de mandato para pensar nos interesses dos eleitores que ainda não nasceram? Qual será o cidadão que se importará autenticamente com a desgraça do seu próximo, exilado, contudo, na linha do futuro, que o egoísmo torna opaca e invisível?
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Quem será capaz de quebrar a lei de bronze do tempo político, que em Bona centenas de pequenos actores se limitam a afagar?
eQuem será capaz de quebrar a lei de bronze do tempo político, que em Bona centenas de pequenos actores se limitam a afagar?
Segundas - João Pereira Coutinho
Terças - Fernando Ilharco
Quartas - Viriato Soromenho Marques
Quintas - Bragança de Miranda
Sextas - Paulo Tunhas
Sábados – António Quadros (António M. Ferro, Org.)