quinta-feira, 27 de julho de 2006

Um artigo do escritor Amos Oz

LA Times
e
No passado, o movimento israelita pela paz tem criticado inúmeras vezes as operações militares de Israel. Desta vez não. Desta vez não se trata de expansão ou colonização israelitas. Não há território libanês ocupado por Israel. Não há disputas territoriais de qualquer dos lados.O Hezbollah lançou um ataque, malicioso e não provocado, em território Israelita. Foi também um ataque à autoridade e integridade do governo libanês eleito porque, ao atacar Israel, o Hezbollah sequestrou a prerrogativa do governo libanês de controlar o seu território e de tomar decisões de guerra e paz.O movimento israelita pela paz opõe-se à ocupação e colonização da Cisjordânia. Opôs-se à invasão israelita do Líbano em 1982 porque ela se destinou a distrair o mundo do problema palestiniano. Desta vez, Israel não está a invadir o Líbano. Está a defender-se de tormentos e bombardeamentos diários a dezenas das nossas cidades e vilas, tentando esmagar o Hezbollah onde quer que ele se esconda.O movimento israelita pela paz deve apoiar a tentativa de autodefesa de Israel, pura e simplesmente, enquanto o alvo desta operação for o Hezbollah e ela poupar, o quanto for possível, a vida de civis libaneses (o que não é uma tarefa fácil, porque os lança mísseis do Hezbollah usam muitas vezes os civis como escudos de protecção).Não pode haver uma equivalência moral entre o Hezbollah e Israel. Os alvos do Hezbollah são civis israelitas, onde quer que eles se encontrem, enquanto o alvo de Israel é o Hezbollah. Os mísseis do Hezbollah são fornecidos pelo Irão e pela Síria, inimigos jurados de todas as iniciativas de paz para o Médio Oriente.A verdadeira batalha devastadora destes dias não é entre Beirute e Haifa, mas entre uma coligação de países que procuram a paz – Israel, Líbano, Egipto, Jordânia e até a Arábia Saudita – e um islamismo fanático alimentado pelo Irão e pela Síria.Se, como todos nós esperamos – “falcões” e “pombas” israelitas da mesma forma – o Hezbollah for derrotado em breve, Israel e o Líbano serão os vencedores. Além do mais, a derrota de uma organização fundamentalista islâmica apostada no terror pode aumentar grandemente as possibilidades de paz para a região.
e
Tradução de Nuno Guerreiro.