No polícia tanto tremia a crista vermelha de galo como a aura de um santo em vésperas de redenção. Saíra do reboque e ouvia a vozearia dos indígenas que tinham estacionado os carros sobre as passagens de peões. Deixei de olhar pela janela e abri o rádio. Sabia perfeitamente qual ia ser o destino da cena, logo que voltasse a espreitar para a rua. E assim aconteceu. O polícia voltou a subir para o reboque e, nem passaram três minutos, já as zebras estavam outra vez cobertas pela intimidade dos pneus. Esta é a ópera que Portugal há muito compôs para o seu próprio gáudio.