sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Risível

Jan van Steen
e
Não há nada que possa escapar ao epíteto de risível. A começar pelo que nos transcende (por isso é que a percepção do inesperado está na base da literatura apocalíptica) e a acabar no micro-cosmos (por isso é que as fábulas põem em cena seres minúsculos – a rã e o besouro - a protagonizarem precisamente o inesperado). O inesperado move montanhas. Foi por isso que Laurent Joubert escreveu no seu tempo (Traité du ris suivi d´un dialogue sur la cacographie française, 1579): "Não há nada mais maravilhoso do que o riso, o qual Deus deu apenas ao homem, entre todos os animais, por ser o mais admirável".
O que Joubert nunca viu foi um gato a rir, coisa mais do que normal no furacão que preenche, de ponta a ponta, as telas do grande Jan van Steen. Hei-de voltar à carga com este nome e sobretudo com estas pinturas, minha paixão de longa, longuíssima data.