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Discordo, caro Avatar!
O intelectual é já, felizmente, uma obra de caridade em extinção. Hoje em dia, o intelectual é coisa que já não significa o mesmo que significou entre o iluminado fim de setecentos e os anos sessenta mais ou menos sartreanos. Os antigos silêncios dos antigos intelectuais já não são os silêncios dos que hoje cintilam com o vestígio do que foi ser intelectual. É por isso que "não dizer" (ocultar, omitir), nos dias de hoje, remete sobretudo para aquilo que não pertence ao fluxo ininterrupto e mundializado de imagens. Por outro lado,"dizer" (explicitar, enunciar), nos dias de hoje, é uma verdadeira corrente que atravessa público e privado, comércios infindos, nichos e patéticas redomas.
Pôr um carro - ou o coração - à venda nos blogues só não é já um facto por razões de pura eficácia. Espero que cheguemos lá (apenas porque é bom somar potencialidades às potencialidades, ou não é esse o caminho da virtualidade?)!
Não o perceber é navegar ainda com as estriadas velas da embarcação analógica, nesse mar de mitos onde os segredos e tabus ainda têm centro, limites e narrativas que se alimentam da pretensa veia libertina e contracultural dos "intelectuais".
P.S. - Discussão parecida já tinha andado por aqui, em finais de Novembro de 2003, entre o bom Avatar e o desilusionismo Miniscente. Na altura, em sintonia quase perfeita, rebatemos e comentámos a definição de "intelectual" do Eduardo Prado Coelho ("os tradutores de códigos culturais"). Não foi?