Reparo
Num post (e crónica) que assinei acerca dos "juízes inabaláveis", critiquei convictamente a ideia de que poderiam - ou deveriam - existir listas "perfeitas". Interpretei o facto e tentei provar que essa ideia acabava, em última instância, por corroer o que há de mais importante e vital na própria democracia.
Mas não se entenda esse meu texto e essa minha posição, de modo nenhum, com uma espécie de aceitação acrítica das listas que estão aí a aparecer à luz do dia. A excentricidade e a incapacidade renovadora que denotam são de tal modo gritantes e generalizadas que nem quase valeria a pena escrever este reparo (ver hoje, a propósito, o excelente editorial de José Manuel Fernandes). Não irei tão longe quanto é saudável e causticamente habitual em Vasco Pulido Valente, mas, por outro lado, não há nada como a hipérbole para traduzir de forma cristalina o que se está a passar diante dos nossos olhos.