A TV na fronteira flexível de Quinta-feira
Vi hoje pela primeira vez o Conselho de Estado que é um programa da 2 (canal público de televisão portuguesa). Tinha acabado de regressar de Lisboa. Dia de trabalho cheio, stressante, denso. Sentei-me no sofá à espera de milagres e eis que deparo com quatro convidados a falar sobre o 25 de Abril, ou sobre já não sei o quê que soube no mínimo a delírio. Dois deles eram blogueadores e eu nunca lhes tinha vislumbrado o rosto e a prosódica. Pedro Lomba da ex-Flor da Obsessão, muito bem comportado, contido e ostentando uma jovial vozinha de rouxinol e o parisiense José Mário Silva do Blogue de Esquerda, um tipo assim para o porreiraço, todo ele a curtir a cena da revolução vs. evolução. Foi giro. Mas o melhor veio da outra banda (digo banda, mais geracional do que talvez política); de um lado, um tal professor catedrático (aonde?), qual peça de museu que me fez lembrar aquelas esfinges ancestrais de l´Ancien Regime a falar da floresta à Junger como refúgio para as heresias da democracia. Uma peça de museu como não via há muito tempo. Giríssimo. Dou outro lado, o Carlos Antunes a dizer que o fascismo ainda hoje existe e, já no fim do programa, a concluir e a repetir que é “muito anarquista, graças a Deus”. Foi um programa giro à brava (Charlotte, tira esta última expressão e também o “professor catedrático”, a “evolução” e a “revolução” e ainda o próprio “Conselho de estado”, está bem?).