terça-feira, 14 de junho de 2011

Conteúdos - cânone - 5 (crise)

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Quando comunico a ideia de crise, faço o que tenho a fazer. Mas, ao mesmo tempo, sigo o que o guião do conteúdo “crise” me diz sobre o entendimento possível do presente, ou doutro qualquer tempo que nos escape, ou que não cheguemos efectivamente a controlar.
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Quando dizemos crise, estamos a dizer o modo como compreendemos a actualidade. Mas quando dizemos “a crise” já estamos a cair na tentação de a compreender. De qualquer modo, nesta etapa em que a crise aparece definida e clarificada (como se fosse algo familiar – “a crise”), sucede, de modo óbvio, o tempo em que a procura nos oráculos e nas entrelinhas das “Escrituras” prenunciava respostas para tudo. A ideia de crise veio substituir todas essas demoras. A crise é, por isso mesmo, um jogo de expectativas que se tenta aproximar da realidade, embora se saiba que esta é sempre mais complexa do que todas as receitas. Um jogo fascinante que, por vezes, se identifica com a solução. O cenário passa assim a ser o real. Por isso se diz “a crise” em vez de “crise”, para que não seja apenas mais uma.