A ruptura é uma palavra larga. Nela cabe tudo e por vezes nada. Que espaços há hoje para uma ruptura? Sim, a entrada na Europa, para quem se lembra do que era Portugal antes da Europa, foi uma ruptura. Mas o país continua a ser quase o mesmo, apesar dessa ruptura. O estadão não é, nem nunca foi uma invenção para expulsar o liberalismo das nossas costas. O estadão é o próprio país. Os portugueses sempre foram accionistas da sua pouca liberdade. E quem saiu do baralho nunca augurou, para si, nada de bom. Seja como for, a ruptura de Rangel é uma ruptura que acontece num texto. Um texto é sempre um episódio largo. Nele tudo se pode evocar. Até o negativo de um país. Ou um simples baralho de cartas desalinhado.