De férias, ou melhor, entre dois períodos de férias. A própria ideia de férias é tão recente (e ocidental) quanto confusa: implicaria separar o que se entende por trabalho do que se possa entender por descanso. Na prática, toda a gente interioriza muito bem este tipo de separação, já que ela nasceu numa sociedade que se inventou a si própria atribuindo menos força à iniciativa do que à lógica do por conta de outrem. Mas as férias significam tudo menos inactividade. As férias são uma indústria e, ao mesmo tempo, uma ostensão. É nas férias que o gelo, parecendo derreter, se torna em iceberg: um imenso jogo de espelhos que, embora imaginando-se livre, acaba por encarnar a rotina e o mimo de um formigueiro.