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Referendar a lista telefónica de Lisboa com a agravante de, a cada página, remeter para a lista telefónica de Madrid, de Atenas, de Berlim, de Bruxelas e de Varsóvia, é obra. Obra das grandes. Dizer "sim" ou "não" a uma molhada de papel desta dimensão é, de facto, mais divertido do que ser palhaço ou acrobata no Cirque du Soleil. É claro que a liturgia política tem apetites que não são menos cómicos: de um lado, o coração das promessas (como se a acção e o verbo, em política, tivessem inevitável concordância); do outro lado, as virgens da imaculada correcção que agora acham que tudo deve bater certo-certinho (ou seja: se o senhor prior prometeu que ia comer a ermida, agora vai ter mesmo que o fazer… sem poupar os alicerces). A liturgia e a demagogia, como boas irmãs siamesas, vão-nos divertir imenso nos próximos dias.