quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cerveja e literatura - 54

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Quando Ralph descobre, preto no branco, a infidelidade de Marian, "agarra-a pelo ombro e empurra-a da sua frente", escreve Raymond Carver. Não escutando os perdões, sai depois de casa e o destino torna-se previsível. A umas dez páginas do final do romance, dir-se-á que, para tanto melodrama real, nada melhor do que uma cerveja no Blacke´s:
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"Ele teve que parar e encostar-se a um carro antes de caminhar. Dois casais em trajo de cerimónia vinham no passeio, em direcção a ele, e um dos homens vinha a contar uma história em voz alta. Os outros já estavam a rir. Ralph afastou-se do carro e atravessou a rua. Em poucos minutos chegou ao Blacke´s onde, nalgumas tardes, parava para beber uma cerveja com Dick Koening, antes de ir buscar os filhos ao infantário."
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(Raymond Carver, Queres fazer o favor de te calares, tradução: Carlos Santos; Teorema, Lisboa, 2004, pp. 266/267)