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Frederico Lourenço, Caracteres (com desenhos de Richard de Luchi), Livros Cotovia, Lisboa, 2007.
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Pré-Publicação:
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"Prefácio"
"Prefácio"
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"Não seria exagero afirmar que, a seguir aos diálogos mais literariamente perfeitos de Platão (Protágoras e Banquete), a grande obra-prima da prosa grega é essa jóia que dá pelo nome de Caracteres. Foi composta no século IV antes de Cristo por Teofrasto, escritor natural da ilha de Lesbos, que se estabeleceria em Atenas para estudar com Platão e Aristóteles; consiste numa sequência de trinta caricaturas miniaturais em prosa, que delineiam, em poucas palavras, toda uma personalidade com traço certeiro, sarcástico e genialmente lacónico.
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"Não seria exagero afirmar que, a seguir aos diálogos mais literariamente perfeitos de Platão (Protágoras e Banquete), a grande obra-prima da prosa grega é essa jóia que dá pelo nome de Caracteres. Foi composta no século IV antes de Cristo por Teofrasto, escritor natural da ilha de Lesbos, que se estabeleceria em Atenas para estudar com Platão e Aristóteles; consiste numa sequência de trinta caricaturas miniaturais em prosa, que delineiam, em poucas palavras, toda uma personalidade com traço certeiro, sarcástico e genialmente lacónico.
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Os títulos dos Caracteres de Teofrasto (socorro-me da excelente tradução de Maria de Fátima Silva na editora Relógio d’Água) são, por exemplo, O parolo, O pedante, O forreta, O parlapatão (etc.); e cada pequeno texto do autor grego obedece como que a uma estrutura padronizada comum aos trinta retratos, apresentando marcas retóricas repetidas, que dão, em última análise, coesão à obra. Tomemos, como exemplo, o início de O parolo: “A parolice é uma espécie de desconhecimento das conveniências. Eis o perfil do parolo. É tipo para emborcar umas sopas de cavalo cansado antes de sair para a assembleia…” Ou o início de O parlapatão: “A parlapatice, se se lhe quiser encontrar uma definição, é uma espécie de incontinência do discurso. Eis o perfil do parlapatão. Seja o que for que lhe diga alguém que o encontra por acaso, ele salta logo a reclamar que não é nada disso, que ele é quem está bem dentro do assunto…”.
eApaixonado, há longos anos, por este milagre de requinte (tanto na observação social como na escrita cinzelada), fui compondo uma sequência de Caracteres em número igual aos de Teofrasto, aportuguesando e modernizando, como é óbvio, as personalidades caricaturadas. Pedi a Richard de Luchi — cujo traço lembra o de dois ilustres conterrâneos seus, Osbert Lancaster e Ionicus, e que já me ajudou na adaptação para jovens da Odisseia — para ilustrar cada retrato; os desenhos dele são literalmente metade do livro (até mais).
eCumpre-me dizer que, ao contrário de Teofrasto, incluo, além de retratos “humanos”, outros, zoomórficos, já que, como diz o povo português, a muitos animais “só lhes falta falar” — ao passo que, no respeitante a muitos seres humanos, “mais valia estarem calados”.
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Finalmente, uma palavra de apreço para James Diggle, que chamou a minha atenção para os Caracteres e cuja edição da obra na Cambridge University Press me deu a conhecer a verdadeira genialidade de Teofrasto; e um agradecimento a Carlos Mendes de Sousa, pelas gargalhadas com que reagiu à leitura em voz alta destes textos."
Finalmente, uma palavra de apreço para James Diggle, que chamou a minha atenção para os Caracteres e cuja edição da obra na Cambridge University Press me deu a conhecer a verdadeira genialidade de Teofrasto; e um agradecimento a Carlos Mendes de Sousa, pelas gargalhadas com que reagiu à leitura em voz alta destes textos."
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