Adrian Goldsworthy, Generais Romanos - Os homens que construíram o Império Romano, A Esfera dos Livros, Lisboa, 2007 (Outubro).
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Pré-publicação:
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"A sumária descrição do papel do general no campo de batalha, foi escrita por onasander em meados do século i da nossa era, mas reflecte um estilo de comando que persistiu pelo menos durante setecentos anos e que era tipicamente romano. o general ali estava, dirigindo a batalha, para inspirar os soldados, fazendo-os sentir que estavam a ser observados e que qualquer acto visível de coragem seria recompensado, na mesma medida em que seria punida a covardia. Não lhe competia mergulhar na refrega, de espada ou lança na mão, lutando à cabeça dos seus homens, partilhando os riscos. os romanos sabiam que Alexandre o Grande tinha conduzido os seus macedónios deste modo, vitória atrás de vitória, mas não se esperava dos seus comandantes uma emulação desse heroísmo. onasander era grego e um homem sem experiência militar, escrevendo num género literário estabelecido no período helenístico, mas todos os estereótipos literários usados para descrever o chefe militar no seu O General eram decididamente romanos. o livro foi escrito em roma e dedicado a Quinto Verânio, um senador romano que morreria no comando de um exército, na Britânia no ano de 58 da nossa era. os romanos orgulhavam-se de ter copiado dos inimigos externos muitas das suas tácticas e do seu equipamento militar, mas a sua dívida para com os outros era muito menor nos domínios da estrutura básica do seu exército e nas funções desempenhadas pelos seus comandantes.
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Este livro debruça-se sobre generais, especificamente sobre quinze dos mais bem sucedidos comandantes romanos, desde os fins do século III a.c. a meados do século vi da nossa era. Alguns deles são ainda relativamente conhecidos pelo menos entre os historiadores militares –cipião Africano, Pompeio e césar serão seguramente passíveis de figurar na lista dos mais hábeis comandantes da História– enquanto outros se encontram esquecidos. Todos, com a possível excepção de Juliano, eram, no mínimo, generais competentes, que ganharam relevante sucesso, mesmo nos casos em que terminaram derrotados, mas, na sua maioria, eram bastante talentosos. A selecção baseou-se na sua relevância, tanto no domínio da história de roma, na sua generalidade, como no desenvolvimento do modo romano de fazer a guerra, e também na existência de um suficiente número de fontes de informação que permitisse descrever com algum detalhe a sua acção. Para os séculos ii, iv e vi da nossa era, temos uma única individualidade, e nenhuma para os séculos iii e v, simplesmente porque a informação para esses séculos é muito pobre. Pela mesma razão, não podemos analisar em detalhe nenhuma campanha de um qualquer general romano antes da Segunda Guerra Púnica. Apesar de tudo, o leque é suficientemente vasto e as personalidades escolhidas ilustram cabalmente as transformações, quer na natureza do exército romano quer no relacionamento entre o general em campanha e o Estado.
"A sumária descrição do papel do general no campo de batalha, foi escrita por onasander em meados do século i da nossa era, mas reflecte um estilo de comando que persistiu pelo menos durante setecentos anos e que era tipicamente romano. o general ali estava, dirigindo a batalha, para inspirar os soldados, fazendo-os sentir que estavam a ser observados e que qualquer acto visível de coragem seria recompensado, na mesma medida em que seria punida a covardia. Não lhe competia mergulhar na refrega, de espada ou lança na mão, lutando à cabeça dos seus homens, partilhando os riscos. os romanos sabiam que Alexandre o Grande tinha conduzido os seus macedónios deste modo, vitória atrás de vitória, mas não se esperava dos seus comandantes uma emulação desse heroísmo. onasander era grego e um homem sem experiência militar, escrevendo num género literário estabelecido no período helenístico, mas todos os estereótipos literários usados para descrever o chefe militar no seu O General eram decididamente romanos. o livro foi escrito em roma e dedicado a Quinto Verânio, um senador romano que morreria no comando de um exército, na Britânia no ano de 58 da nossa era. os romanos orgulhavam-se de ter copiado dos inimigos externos muitas das suas tácticas e do seu equipamento militar, mas a sua dívida para com os outros era muito menor nos domínios da estrutura básica do seu exército e nas funções desempenhadas pelos seus comandantes.
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Este livro debruça-se sobre generais, especificamente sobre quinze dos mais bem sucedidos comandantes romanos, desde os fins do século III a.c. a meados do século vi da nossa era. Alguns deles são ainda relativamente conhecidos pelo menos entre os historiadores militares –cipião Africano, Pompeio e césar serão seguramente passíveis de figurar na lista dos mais hábeis comandantes da História– enquanto outros se encontram esquecidos. Todos, com a possível excepção de Juliano, eram, no mínimo, generais competentes, que ganharam relevante sucesso, mesmo nos casos em que terminaram derrotados, mas, na sua maioria, eram bastante talentosos. A selecção baseou-se na sua relevância, tanto no domínio da história de roma, na sua generalidade, como no desenvolvimento do modo romano de fazer a guerra, e também na existência de um suficiente número de fontes de informação que permitisse descrever com algum detalhe a sua acção. Para os séculos ii, iv e vi da nossa era, temos uma única individualidade, e nenhuma para os séculos iii e v, simplesmente porque a informação para esses séculos é muito pobre. Pela mesma razão, não podemos analisar em detalhe nenhuma campanha de um qualquer general romano antes da Segunda Guerra Púnica. Apesar de tudo, o leque é suficientemente vasto e as personalidades escolhidas ilustram cabalmente as transformações, quer na natureza do exército romano quer no relacionamento entre o general em campanha e o Estado.
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Mais do que seguir uma carreira individual no seu todo, cada capítulo centrar-se-á em um ou dois episódios concretos das suas campanhas, observando com algum detalhe os modos como cada um interagiu e controlou o seu exército. A ênfase será colocada sempre nas acções do comandante em cada fase de uma operação e em quanto contribuiu para o resultado final. esta abordagem, com elementos biográficos e uma especial atenção ao papel desempenhado pelo general – na estratégia, nas tácticas e seu desenvolvimento, na liderança–, corresponde a um estilo bastante tradicional de história militar. Inevitavelmente, envolve uma forte componente narrativa e descritiva dos mais relevantes episódios das guerras, batalhas e cercos, trombetas e espadas. embora popular entre o grande público, este tipo de história perdeu respeitabilidade académica nas últimas décadas. Os académicos preferem olhar para um mais vasto cenário, tentando captar os factores económicos, sociais ou culturais, tidos como de mais relevante influência no desenrolar dos conflitos, do que as decisões individuais ou os acontecimentos guerreiros. Para tornar este tópico ainda mais fora de moda, este é também no essencial um livro sobre aristocratas, uma vez que os romanos pensavam que somente os bem-nascidos e privilegiados mereciam ser encarregados dos altos comandos. Mesmo um «homem novo» (novus homo) como Mário, desprezado pela elite do Senado, onde pretendia forçar a sua entrada, pelas suas origens vulgares, vinha simplesmente da baixa aristocracia, não sendo de todo um representante da população indiferenciada."
Mais do que seguir uma carreira individual no seu todo, cada capítulo centrar-se-á em um ou dois episódios concretos das suas campanhas, observando com algum detalhe os modos como cada um interagiu e controlou o seu exército. A ênfase será colocada sempre nas acções do comandante em cada fase de uma operação e em quanto contribuiu para o resultado final. esta abordagem, com elementos biográficos e uma especial atenção ao papel desempenhado pelo general – na estratégia, nas tácticas e seu desenvolvimento, na liderança–, corresponde a um estilo bastante tradicional de história militar. Inevitavelmente, envolve uma forte componente narrativa e descritiva dos mais relevantes episódios das guerras, batalhas e cercos, trombetas e espadas. embora popular entre o grande público, este tipo de história perdeu respeitabilidade académica nas últimas décadas. Os académicos preferem olhar para um mais vasto cenário, tentando captar os factores económicos, sociais ou culturais, tidos como de mais relevante influência no desenrolar dos conflitos, do que as decisões individuais ou os acontecimentos guerreiros. Para tornar este tópico ainda mais fora de moda, este é também no essencial um livro sobre aristocratas, uma vez que os romanos pensavam que somente os bem-nascidos e privilegiados mereciam ser encarregados dos altos comandos. Mesmo um «homem novo» (novus homo) como Mário, desprezado pela elite do Senado, onde pretendia forçar a sua entrada, pelas suas origens vulgares, vinha simplesmente da baixa aristocracia, não sendo de todo um representante da população indiferenciada."
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