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“Enquanto ia a atravessar a ponte, recordou-se de novo de como Amesterdão era uma cidade calma e civilizada. Fez um grande desvio para oeste a fim de passar ao longo do Brouwersgracht” (…) “Que lugar tolerante, aberto, adulto: os belos armazéns de tijolo e de madeira trabalhada convertidos em apartamentos de bom gosto, as modestas pontes de Van Gogh, o discreto mobiliário de rua, os holandeses de ar inteligente e interessante nas suas bicicletas, com os filhos de aspecto calmo sentados atrás. Até os comerciantes pareciam professores e os varredores de rua faziam lembrar músicos de jazz.”
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Abre assim o antepenúltimo capítulo de Amesterdão de Ian McEwan. O seu personagem esteve a poucos metros da casa onde eu próprio vivi durante anos e anos na bela cidade. De facto, a minha Palmstraat era uma das perpendiculares ao Canal dos Cervejeiros, o citado "Brouwersgracht" ("Brewers" em Inglês, "Brouwers" em Holandês). Quanto às parecenças e atributos (pontes e pessoas incluídas), deixo-os, como é evidente, ao capricho imaginativo do melhor escritor inglês da actualidade. Mas a cerveja merecia um canal assim. Garanto.
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(Ian McEwan, Amesterdão, Gradiva, Lisboa, 1999, p. 168)
(Ian McEwan, Amesterdão, Gradiva, Lisboa, 1999, p. 168)