terça-feira, 17 de julho de 2007

Viva a polémica!

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Recebi do amigo e habitual correspondente na Holanda, Carmo da Rosa, o seguinte texto (que anuncia a tradução de um post de conhecido blogger holandês, publicado mais abaixo):
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"Para festejar os quatro anos do Miniscente e para satisfazer ao mesmo tempo o interesse polémico da minha ‘compagne de route’, Fernanda Valente (manifestado em post de 14 de Julho), envio desta vez em tradução um artigo de um dos melhores blogueiros holandeses. Bastante conhecido nestas lides, apesar de poucos saberem quem é esta figura enigmática que assina - por motivos de segurança - com LAGONDA. Há quem diga que é uma mulher, outros acham esta hipótese pouco provável e a mim faz-me lembrar o fado do embuçado, que nós bem conhecemos… ‘Era El-Rei de Portugal’."
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Argamassa: o islamismo moderado
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Para onde quer que nos viremos somos confrontados com o raio do Islão! Não se fala noutra coisa na rádio e na televisão. Toda a gente faz o melhor que pode para, de forma forçada, demonstrar uma atitude positiva em relação ao Islão, para estabelecer em quase todas as declarações uma (muita rebuscada) ligação de amizade com a Meca. ‘Não se tratava de jovens islamitas’, esclarece o apresentador do telejornal holandês de forma espontânea, quando os enfermeiros das ambulâncias são mais uma vez agredidos em Amesterdão. Ou então é o apresentador do boletim meteorológico que de repente se põe a explicar o decurso da estação das chuvas no Líbano. No Líbano? Porque não em Madagáscar? E mesmo ao ministro holandês da justiça, que na realidade apenas quer explicar como funciona a democracia, escapa-se-lhe entre dentes a palavra ‘sharia’. Pois é! Quando temos a caixa dos pirolitos atulhada destas coisas o lapso freudiano é inevitável.
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‘Bom dia padeiro, no Alcorão não está escrito que o véu é obrigatório para as mulheres, olhe, já agora arranje-me aí duas sêmeas e cinco papos-secos por favor?’.
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Até para os mais ferozes defensores desta religião tornou-se já quase impossível manter a ideia que tudo vai bem com o Islão, que é ‘apenas uma religião’, comparável a tantas outras! Passam-se meses – qual quê? passam-se aaaaaanos! sem que seja necessário defender o Budismo no telejornal. Nunca vi o comportamento de colonos judeus no telejornal explicado a partir da Thorá. Mas um muçulmano mal levanta o dedo mindinho, logo uma armada de jornalistas, de exegetas e de multiculturalistas está pronta para explicar que não há azar; que o levantar do dedo mindinho é normal nos muçulmanos; que se trata de um muçulmano moderado, de maneira nenhuma um terrorista.
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Como vêem as coisas não se tornaram mais descontraídas. Mas parece que já se avista uma esperança no horizonte! O fantástico islamismo moderado, que dentro em breve vai finalmente meter mãos à obra e vai tratar de iluminar a meia dúzia de fundamentalistas enraivecidos que povoam este mundo. Porque quase todos os muçulmanos são nomeadamente moderados, e desejam intensamente um Islão secular, onde haja mais espaço para a liberdade individual e para a emancipação. Pelo menos, parece ser isto o que temos que acreditar. Mais de dois anos após a morte de Theo van Gogh as sociedades ocidentais ainda não ouviram ‘algo’ significativo da parte do Islão moderado. Talvez possamos prudentemente fazer um balanço?
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Um estudo recente afirma que a percentagem de jovens marroquinos que rejeita a sociedade ocidental já chegou aos 50%. Eu lembro-me que ainda não há muito tempo a percentagem era de 15%. E desta forma é dada uma resposta à sacrossanta pergunta que nunca é posta. A pergunta é a seguinte: Quem é que tem mais influência? O Islão moderado sobre o fundamentalista, ou o fundamentalista sobre o moderado?
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Pois bem!
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É absolutamente irrelevante quantos muçulmanos moderados existem, enquanto eles não mexerem uma palha e não abrirem a boca. Porque são os empreendedores fanáticos e motivados que fazem a história; são os indivíduos dispostos a agir que marcam o compasso; são os persistentes que constroem pacientemente o molde onde a moderação vai enrijecer e tomar a sua forma definitiva. Enquanto os moderados não se moverem, e não se atreverem a resistir activamente contra os seus correligionários mais extremistas, estarão sempre na mó de baixo e serão sempre levados a reboque. Esta maioria silenciosa e complacente de muçulmanos é utilizada pelos fanáticos como escudo para se defenderem, ou então como uma enorme arma que vão pôr em marcha quando a altura for propícia.
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Porque o Islão é mesmo assim. Atacar de surpresa a cultura dominante é o único truque do Islão, mas dominam esta faceta com grande perfeição. A doutrina nasceu num país, e já se encontra em mais de 50. Como é isso possível? Porque o Islão marcha sempre em frente, nunca retrocede. São sempre os fundamentalistas que semeiam activamente a influência do Islão, alargando fronteiras e batendo-se por elas, nem que seja durante séculos: nunca os moderados conseguiram com sucesso uma retirada estratégica. O Islão só se retira quando é activamente combatido e derrotado, e para isso, em regra, foi sempre necessário utilizar medidas robustas.
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Assim foi em todo o Médio Oriente, onde a cultura persa foi completamente aniquilada. Assim foi na Indonésia, que nuns escassos 100 anos passou de totalmente budista para totalmente muçulmana. Assim é AGORA no Caxemira, onde já foram mortos milhões de hindus. Assim é agora na fronteira norte do Paquistão, na Tailândia, em África e no Líbano, e também vai ser assim na Europa. E sempre da mesma maneira – uma vanguarda inatingível que não tem medo de sujar as mãos e que em cada dia que passa dá um passo em frente, dispersa entre uma enorme horda silenciosa de simpatizantes que é apenas utilizada como massa de cimento para preencher e cimentar o espaço conquistado. O Islão moderado não é nada mais do que argamassa.
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E porque será que nós julgamos que vamos escapar? Porque é que não damos o corpo ao manifesto? Porque não fazemos uma tentativa para controlar a situação, porquê ficar à espera, na esperança da bóia de salvação que o Islão moderado nos possa atirar? E porque razão ousamos pensar que o Islão moderado é realmente moderado? Julgamos isso por causa desta única frase:
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‘Nós não podemos fazer nada’.
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Esta frase pode ser ouvida em todo o mundo. No sul da Tailândia onde os budistas sobreviventes são ameaçados e assassinados por milícias muçulmanas. E o que é que as autoridades muçulmanas locais nos dizem? É muito aborrecido, mas não podemos fazer nada. Na Indonésia raparigas cristãs são decapitadas por salteadores muçulmanos. E o que é que o governo muçulmano nos diz? Muito chato, mas não podemos fazer nada. O Islão significa nomeadamente amor! No Darfur, a milícia Janjaweed comete actualmente um genocídio expedito contra a população negra. E o que é que dizem os funcionários do Sudão? Sim, temos muita pena, mas não podemos fazer nada. Já o Arafat, com os seus terroristas suicidas, não podia fazer nada. E o Hezbollah, esses então não podem fazer mesmo nada. Nós não pudemos fazer nada: é o eterno pretexto de Allah.
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Atentado nos Estados Unidos? Não podemos fazer nada; o Islão é mera tolerância. Atentados à bomba em Madrid e Londres? Não, não podemos fazer nada; na realidade o Islão é uma religião de bondade! Samir A (tentativa de atentados contra o parlamento holandês e contra uma central nuclear)? Mohammed B (assassínio de Theo van Gogh)? Não podemos fazer nada; são rapazes holandeses como os outros. Parlamentários e jornalistas são seriamente ameaçados? Não podemos fazer nada; ‘jihad’ significa na realidade apenas uma luta interior. O Anti-semitismo e o ódio contra homossexuais que ressurge? Não podemos fazer nada; perante Allah somos todos iguais. Crimes de sangue? Lapidações? Não podemos fazer nada; o Islão é na realidade um paraíso de liberdade para as mulheres! Viva! Fantástico!
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Não podemos fazer nada."
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Lagonda
(tradução do Neerlandês: Carmo da Rosa)