sábado, 14 de julho de 2007

Quarto aniversário do Miniscente - 5

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Nestes quatro anos, é óbvio que conheci muita gente interessante. E criei novas cumplicidades. Por outro lado, desleixei o (que na minha Holanda de há vinte anos designava por) “culto dos interiores”, descobri na malha que me escreve um discurso menos analítico, refiz algumas ideias sobre a figura do leitor e do criador de textos e esqueci muita coisa fundamental. Apercebi-me da forma de fluxo com que os variados mainstreams actuam, raramente reagi à barbárie expressiva e houve momentos – não poucos – em que cheguei a cansar-me desta actividade e dos seus previsíveis comentadores. Sim, porque a blogosfera é uma actividade, ainda que, e bem, Al Ries e a sua filha Laura Ries separem cristalinamente as águas: negócio é uma coisa, comunicação é outra.
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Um dia, tal como começou, o Miniscente há-de acabar. Mas não lhe darei, por ora, o privilégio de acabar em data certa, apolínea e pitagórica. Como é esta. Deixei para trás, neste ciberespaço apetecível, algumas séries de textos que não deslustram e muitas outras que foram concebidas ao nível de uma pastilha elástica conservadora. Em ambos os casos, ponderei sempre a forma e nunca, infelizmente, soube filtrar o que ia enunciando ao sabor das grandes audiências (embora, com o tempo, tivesse deixado de consultar, com regularidade mais ou menos adolescente, o “Sitemeter”). Diga-se, em concordância com o hábito e à luz da inexplicável efígie do seu monge, que, hoje em dia, também visito menos blogues, também desenvolvo muito menos networking e também perdi alguma paciência para actualizar links. Sintomas, dir-se-á. Sintomas, talvez, de mudanças que urgem. Até porque não há blogger que, só por ser blogger, tenha interesse. É por isso que sou alérgico a um certo corporativismo tribal que abunda na blogosfera. E com o qual, rigorosamente, nada tenho que ver. Nem nunca terei.
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(continua)
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Este texto é publicado em cinco partes, entre o dia 11 de Julho e o dia do quarto aniversário do Miniscente (15 de Julho).