e
PADRE ANTÓNIO VIEIRA - SERMÃO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO - ESOTERISMO E INICIAÇÃO, Campo das Letras, Porto, 2007 (Junho).
e
Pré-publicação:
ew
"Talvez a hipervalorização da componente teológica nos escritos de António Vieira seja a razão do deficiente estudo e fraca divulgação da sua obra, e impedimento para quem o lê ver mais fundo. É um erro. Para além de meia dúzia de Sermões mais divulgados (S.to António aos Peixes, Sexagésima, Pelo Sucesso das Armas… e pouco mais), a maior parte da sua obra é praticamente ignorada. Só assim se compreende que em www.vidas-lusofonas.pt se diga: “Durante um mês prega todos os dias (são os sermões conhecidos como Rosa Mística, do Rosário) abordando o tema da escravatura”, o que é manifestamente incorrecto.
Pregados durante um mês?! Antes me parece que os pregou ao longo da vida. Contra a escravatura?! Sim, mas melhor se diria, contra as escravaturas; sobretudo a que a ignorância e o desejo de poderes e vãs glórias impõem ao homem, privando-o de humanidade. E deste modo, disseminam-se por verdades erros grosseiros. Ainda que o desprezo respeitoso dos nossos melhores
valores, alicerçado na ignorância, seja um hábito entre nós, é um hábito mau; e não me ocorre razão nenhuma para que não seja modificado.
Na minha opinião, a teologia na obra de António Vieira é incidental. É padre, educado num colégio jesuíta, numa época e num país onde não ser cristão era autopropor-se à fogueira; não vejo como fugir à teologia, que de resto professava, embora de modo diverso da maioria dos seus pares. Porém, a recorrente persistência na citação de filósofos e escritores pré-cristãos, a qua-
lidade supra-religiosa do seu humanismo e a implícita aceitação das descobertas e teorias científicas contemporâneas mostram bem como em António Vieira há mundo para além da teologia. O próprio o escreveu no prólogo do 1.º volume dos seus Sermões, em 1677: “E assim uns serão Panegíricos, outros Gratulatórios, outros Apologéticos, outros Políticos, outros Bélicos, outros Funerais, outros totalmente Ascéticos, mas todos quanto a matéria o permitia (e mais do que em tais casos se costuma) Morais”. Nos escritos de António Vieira encontramos duas constantes: a teologia cristã; o humanismo – repúdio da opressão e repressão entre os homens, independentemente da raça e seja por que meio for. Estas duas características
harmonizam-se, e o autor faz da segunda a exemplificação da prática material da primeira. O estado clerical, ao qual pertencia, pelo contrário, sustentava, com a sua explicação teológica e a sua prática, a servidão de quase todos e o domínio de uns poucos."
e
Pregados durante um mês?! Antes me parece que os pregou ao longo da vida. Contra a escravatura?! Sim, mas melhor se diria, contra as escravaturas; sobretudo a que a ignorância e o desejo de poderes e vãs glórias impõem ao homem, privando-o de humanidade. E deste modo, disseminam-se por verdades erros grosseiros. Ainda que o desprezo respeitoso dos nossos melhores
valores, alicerçado na ignorância, seja um hábito entre nós, é um hábito mau; e não me ocorre razão nenhuma para que não seja modificado.
Na minha opinião, a teologia na obra de António Vieira é incidental. É padre, educado num colégio jesuíta, numa época e num país onde não ser cristão era autopropor-se à fogueira; não vejo como fugir à teologia, que de resto professava, embora de modo diverso da maioria dos seus pares. Porém, a recorrente persistência na citação de filósofos e escritores pré-cristãos, a qua-
lidade supra-religiosa do seu humanismo e a implícita aceitação das descobertas e teorias científicas contemporâneas mostram bem como em António Vieira há mundo para além da teologia. O próprio o escreveu no prólogo do 1.º volume dos seus Sermões, em 1677: “E assim uns serão Panegíricos, outros Gratulatórios, outros Apologéticos, outros Políticos, outros Bélicos, outros Funerais, outros totalmente Ascéticos, mas todos quanto a matéria o permitia (e mais do que em tais casos se costuma) Morais”. Nos escritos de António Vieira encontramos duas constantes: a teologia cristã; o humanismo – repúdio da opressão e repressão entre os homens, independentemente da raça e seja por que meio for. Estas duas características
harmonizam-se, e o autor faz da segunda a exemplificação da prática material da primeira. O estado clerical, ao qual pertencia, pelo contrário, sustentava, com a sua explicação teológica e a sua prática, a servidão de quase todos e o domínio de uns poucos."
e
Actualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Ariadne, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Guerra e Paz, Magna Editora, Magnólia, Mareantes, Publicações Europa-América, Quasi, Presença e Vercial.