domingo, 10 de junho de 2007

O mito do dez de Junho

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Aqui, as paradas militares já estiveram ao serviço das mais variadas imagens
(LUM)
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Cavaco Silva afirmou, no seu discurso de hoje, que um país só se desenvolve, se tiver uma “imagem positiva de si próprio”. Creio que o problema não está tanto na imagem. Até porque uma imagem se constrói sempre a partir de outras imagens. O problema está sobretudo nos factos que acompanham esse, hoje tornado habitual, jogo das imagens. Percebo que o discurso da comunicação se centre na imagem (independentemente dos factos), mas creio que a mobilização política se deveria centrar, na medida do possível, noutras realidades. Sei que, face às coordenadas do nosso tempo, este meu discurso é particularmente ingénuo. De tal modo, que os assessores do presidente já partem do princípio (quase natural) de que estas coisas – imagens e factos – andam sempre a par. Eles sabem que assim não é. E eu também. Enfim, passámos a consumir tudo como se fosse natural: vivemos definitivamente num universo feito do mais puro material sintético. Inquestionável material. Tal como o fado, afinal.