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(versão completa na crónica desta semana - próxima Quinta - do Expresso Online)
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Sabe-se que Berardo não é muito bem visto pela galeria vetusta que, há uns bons vinte anos, ainda se designava de modo corrente por “intelectualidade”. Nem o design negro (mitologicamente Augustus) que o acompanha bastará para suprir as mil desconfianças que, apesar de tudo, não excedem, aqui e ali, os suspiros contidos ou os embaraços mais ou menos impertinentes de alguns. Apenas Mega Ferreira, na boca do lobo, foi mais longe e bateu com a porta. Além disso, o autor de Heliventilador de Resende foi categórico: só aceitara presidir ao conselho de fundadores do Museu Berardo para dar ao “exterior a imagem de uma certa unidade de propósitos entre a Fundação (Berardo) e a Fundação Centro Cultural de Belém”. Enfim: sem que nada o fizesse prever – acreditemos no vaticínio mais ingénuo –, estalou o verniz, afundaram-se as aparências e o “right to the point”, que nunca fez escola no Portugal dos pequeninos, tornou-se subitamente em mutismo e campo de pragas. Qual arte contemporânea, qual quê! O que a antiga galeria vetusta nunca apreciou foi o cheiro dos legumes.