sábado, 16 de junho de 2007

Blogues e Meteoros - 35

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(crónica publicada no Expresso Online desde anteontem)
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O Triunfo do Design - V
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O design está hoje a encontrar na tecnologia a sua realização quase plena. Não apenas reúne o que sempre se pensou serem opostos (razão e mito, técnica e arte), como está a ajudar a libertar a arte da sua sacralização moderna, misturando-a com objectos do nosso quotidiano. Cada vez mais, o design age nessa película muito fina que aproxima o corpo e os sentidos daquilo que os envolve. Razão pela qual o design é mais susceptível de uso, usufruto e fruição do que de discussões teóricas acaloradas.
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À excepção de alguns centros de investigação (UNIDCOM/IADE, FBAUL, CIFAD, etc.), o design quase se contenta em incorporar. Ou seja: em dar ao corpo a sua nova e inesperada pele. Eficaz e bela, funcional e mágica, prática mas visceralmente estética.
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Os blogues não escapam a este horizonte, já que são, por natureza, filhos de templates e afilhados de diversas ‘poéticas do código’ que concorrem entre si. Mas há blogues que tratam o design como área de excelência. Destacamos, nesta crónica, alguns desses ciberespaços mais relevantes. Agradeço ao meu colega José Bártolo (investigor da área do design e da cultura visual) a ajuda para a enumeração que se segue.
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Em termos internacionais, convirá sublinhar dois blogues à partida: o
“Design Observer” de Rick Poynor, um influente designer e crítico de design, e o “Core 77” que é uma referência no campo do design industrial. Existem, naturalmente, muitos outros blogues de relevo na área, tais como o “Design Writhing Research” de Ellen Lupton, o “Speak Up” de De Armin e Bryony Gomez-Palacio, ou a edição online do Journal da A.I.G.A. (Associação de Designers Gráficos Norte-americana) que é editada por Steven Heller.
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No que diz respeito à blogosfera portuguesa, saliente-se o
“Ressabiator” de Mário Moura, o “Desígnio” de Luís Inácio, o "Isto não é uma tese" de Joana e Mariana Leão Cunha, o “Coconut Jam” de “Jam” (uma preciosa e actualizada lista de links), o “Tocolante” de “Papo-Seco” (que remete para a história política recente do design gráfico), o “Type For You” de Pedro Mesquita, para além do genérico “Comunicarte”, do “Texto”, do infelizmente já desactivado “DesignerX” e ainda, claro, de “Reactor” do já referido José Bártolo (chamo a atenção para as entrevistas que aí têm sido publicadas recentemente).
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O “sonho” do “resgate estético da quotidianidade”, a que há dezoito anos se referia Gianni Vattimo a propósito do design, na sua obra A Sociedade Transparente, parece agora estar a tornar-se numa realidade evidente. E é claro que a realização do design é, ao mesmo tempo, um facto tecnológico e o resultado da massificação do – chamemos-lhe – ‘antigo altar’ das artes.