LC
O sorriso do arquivo no tempo da rede
(hoje: João Pereira Coutinho)
(hoje: João Pereira Coutinho)
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Regressar a Madison County
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"No passado domingo, provavelmente pela décima vez, dei por mim a rever As Pontes de Madison County, a obra-prima do melodrama que Clint Eastwood - quem mais? - realizou há uns anos, a partir de um romance intragável de Robert James Waller. E, uma vez mais, dei por mim a indagar se a história entre Robert e Francesca acaba mesmo como eu sei, e como vocês sabem, que ela realmente acaba. A natureza absurda desta dúvida absurda deve-se, claro, à famosa sequência final: quando Francesca apenas tem de abrir a porta do carro, abandonar a vida que tem e partir com o homem que ama. Quando assisto ao momento agónico da escolha, filmado com uma inteligência e uma sensibilidade que simplesmente me esmagam, eu sei, como vocês sabem, que uma vida e uma família, sobretudo na América rural da década de 60, não se apaga de um momento para o outro. Mas é certeza que dura pouco. O gesto de Francesca, ao renunciar ao amor e, por via disso, ao mortificar-se para sempre, oferece um dos momentos mais terrivelmente sacrificiais do cinema moderno. Pela sua violência, sim. E pela sua silenciosa e tão anónima tragédia. Não, eu não gostaria de um final feliz. Eu gostaria, tão-só, de fundir a realidade com a ficção. E, num gesto de misericórdia, de inocência e de fraqueza, mergulhar a mão na tela e abrir a porta do carro para que o filme terminasse como eu sei, e como vocês sabem, que ele talvez termine um dia. Quando eu passar novamente pelas pontes de Madison County."
"No passado domingo, provavelmente pela décima vez, dei por mim a rever As Pontes de Madison County, a obra-prima do melodrama que Clint Eastwood - quem mais? - realizou há uns anos, a partir de um romance intragável de Robert James Waller. E, uma vez mais, dei por mim a indagar se a história entre Robert e Francesca acaba mesmo como eu sei, e como vocês sabem, que ela realmente acaba. A natureza absurda desta dúvida absurda deve-se, claro, à famosa sequência final: quando Francesca apenas tem de abrir a porta do carro, abandonar a vida que tem e partir com o homem que ama. Quando assisto ao momento agónico da escolha, filmado com uma inteligência e uma sensibilidade que simplesmente me esmagam, eu sei, como vocês sabem, que uma vida e uma família, sobretudo na América rural da década de 60, não se apaga de um momento para o outro. Mas é certeza que dura pouco. O gesto de Francesca, ao renunciar ao amor e, por via disso, ao mortificar-se para sempre, oferece um dos momentos mais terrivelmente sacrificiais do cinema moderno. Pela sua violência, sim. E pela sua silenciosa e tão anónima tragédia. Não, eu não gostaria de um final feliz. Eu gostaria, tão-só, de fundir a realidade com a ficção. E, num gesto de misericórdia, de inocência e de fraqueza, mergulhar a mão na tela e abrir a porta do carro para que o filme terminasse como eu sei, e como vocês sabem, que ele talvez termine um dia. Quando eu passar novamente pelas pontes de Madison County."
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Segundas - João Pereira Coutinho
Terças - Fernando Ilharco
Quartas - Viriato Soromenho Marques
Quintas - Bragança de Miranda
Sextas - Paulo Tunhas
Terças - Fernando Ilharco
Quartas - Viriato Soromenho Marques
Quintas - Bragança de Miranda
Sextas - Paulo Tunhas