segunda-feira, 2 de abril de 2007

Subitamente

e
O primeiro de Abril trouxe-me o inesperado. Subitamente, após ter escrito o post alusivo ao dia das mentiras, reparei que a força da letra me começou a interrogar o território da vontade. De facto, a escrita fixa não apenas a forma de que é feita. Para além dessa morfogénese, há como que um troar que se abre em flor e que parece correr em todas as direcções: um eco que se propaga noutros ecos e que parece querer preencher o espaço aberto por uma possibilidade que lhe é (milagrosamente) dada. A ambiguidade pactua quase sempre com a decisão e é por isso que somos todos tão susceptíveis ao poder da simulação. Foi o que me aconteceu mais uma vez. Recebi, entretanto, inúmeros sms, chamadas telefónicas, mails e até alguns comentários aqui no blogue. Agradeço a impertinência amiga, mas garanto-vos que o primeiro surpreendido com este 'continua não continua' fui mesmo eu. Passei o dia de ontem - antes e depois da ida ao estádio - e a manhã de hoje - antes e depois das três aulas que dei - neste limbo revolto onde se mediram prazeres, e de onde se contemplou a acqua alta do espírito a sobrevoar a inquietação das zattere. Por fim - vinha pela enésima vez de Lisboa para o Alentejo -, lá me decidi. A coisa vai mesmo continuar. Porque sim. Mas é certo que a Hora existe e existirá sempre.