sexta-feira, 23 de março de 2007

A estranha obsessão da Ota - 2 (act.)

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A frase do dia podia ser esta: "Basta identificar os proprietários dos terrenos para acabar com a nebulosa que cobre a construção do novo aeroporto" (Rui Costa Pinto). Mas a afirmação não recobre todo o problema. A questão central é (ainda) a evocada pelo governo: "Trata-se de uma decisão política". Na célebre frase de Mário Lino, há um fundo quase religioso que evita a larga maioria dos estudos técnicos (que não augura qualquer futuro para a Ota: relevo, tipo de terreno, remoção de terras, acessibilidades, tráfego aéreo, tempo de vida, etc., etc.). A súbita pressa do governo prende-se agora com os calendários e requisitos exigidos pelos fundos europeus. A chantagem vai, pois, entrar na ordem do dia. Contudo, deverá exigir-se um mínimo de racionalidade. Mais valia a opção por uma solução transitória pouco onerosa (Portela mais Montijo, por exemplo), enquanto se estudava e planificava, com alguma consistência, a chamada "decisão final". Um pouco de respeito pelos dinheiros públicos não fazia mal a ninguém.
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Creio que é muito negativo colocar a "Ota e o TGV" no mesmo saco. Há uma certa tendência de tipo protestatário que facilmente repete o chavão. Não concordo com esse ponto de vista. Enquanto o que está em causa na Ota é um total desacerto entre o nível de precipitação ou de "urgência política" e um vasto conjunto de dados objectivos e técnicos, já o TGV pressupõe a ligação de Portugal a uma rede estratégica (é claro que a prudência aconselha a optar apenas pelo troço que é subvencionado pela UE: o troço Madrid-Lisboa).
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Actualizações:
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1 - A propósito do tema, ver aqui o artigo de Leonor Matias:
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"Alcochete e Poceirão são alternativas à Ota".
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2 - A posição de Luís Pinto Leite:
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Em breve, o Miniscente mostrará o Power Point "OTA2" (já aqui está!) que é assinado pelo Engº. Luís Leite Pinto. Deixo, para já, a sua apresentação:
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"Ultimamente a OTA voltou à baila.
É assunto desconfortável para alguns.
Para ter uma ideia mais clara e, sobretudo, mais objectiva, sem preconceitos, resolvi, em meados de Fevereiro, consultar a net e recolher a informação ali disponível.
Em boa = hora o fiz porque, hoje, tendo voltado a ir ao "site" da NAER nada encontrei.
A informação que consultara, nomeadamente o Relatório Final e seus anexos da firma Parson = FCG, assim como o próprio "site", desapareceram.
Para além de ser licenciado em engenharia civil, pelo IST de Lisboa, sou apenas especialista em estruturas pelo CHEC = de Paris.
De vias de comunicação apenas sei o que a Universidade me deu e uma dura missão no Ultramar me obrigou. Pouco mais.
No entanto, as minhas formação e experiência, assim como os dados recolhidos, permitem-me afirmar que um aeroporto na OTA é uma autêntica =barbaridade técnica.
Se não acreditam, vejam o que compilei e tirem as vossas conclusões. Não acredito, simplesmente não acredito, que o nosso governo permita a "coisa", que de obra tem a mais o que de boa engenharia tem a menos.
Como sempre, estou ao vosso dispor para qualquer esclarecimento."
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3 - A posição de Viktor Bent:
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“Quanto à OTA, penso que é um elefante branco. Tal e qual como a renovação da linha Lisboa-Porto. Compraram-se comboios que dão 220km/h e curiosamente a viagem demora quase 3 horas. Milagre!
O Alfa Pendular atinge apenas essa velocidade numa recta perto de Oiã. Há ocasiões em que vai a 30km/h devido à linha. O mesmo acontece com o Alfa Pendular para o Algarve. Perto do Poceirão, chega-se aos 220km/h, mas apenas durante cerca de 15 minutos.
A OTA é exactamente o mesmo. Enorme investimento para uma solução imperfeita. Basta ir a Faro no Verão e ver a cadência infernal de voos. Será que há tráfego para Lisboa? Outra questão: o novo Airbus consegue aterrar na OTA?”
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4 - "Última hora" no Expresso online:
"Aeroporto no Poceirão seria melhor do que Ota e Rio Frio"
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Tudo aqui.
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(em causa um estudo preliminar do Centro de Estudos Urbanos do Instituto Superior Técnico)