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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Tomás Vasques (http://hojehaconquilhas.blogspot.com/).
O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Tomás Vasques (http://hojehaconquilhas.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
No essencial, duas coisas simples: comunicação e intervenção. Depois, diria: em desenvolvimento. Posso pecar por optimismo, mas penso que, se nenhum facto vier alterar o percurso actual (que por ora não antevejo), os blogues estão a ocupar um espaço de opinião e de intervenção, a vários níveis – político, cultural, social – incontornável. Cada blogue é a voz de um cidadão que participa com a sua opinião no dia a dia: comenta a decisão política, um filme, um concerto, uma sentença judicial, um livro e por aí fora. Pode vir a ser a âncora de uma “democracia participativa”. Dois obstáculos neste estádio: primeiro, nem todo o cidadão português tem um computador; segundo, políticos, jornalistas e outros “destacados” membros da sociedade portuguesa, quais velhos do Restelo, vão procurar fazer da “blogosfera” uma extensão do status quo. Ou seja: “eles” estão no Parlamento, escrevem nos jornais, comentam na televisão e escrevem nos blogues. Para além deles, o resto “é lixo”, como já alguém escreveu. Talvez se enganem…
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Quase todos os acontecimentos nacionais ou internacionais nos últimos 3 anos sigo-os sobretudo na “blogosfera”: da guerra do Iraque à Câmara de Lisboa. Quer ao nível da informação – links para jornais e artigos de opinião estrangeiros –, quer ao nível da opinião, encontra-se nos blogues uma riqueza, uma diversidade e uma rapidez que não se encontra na comunicação social tradicional. Seguir apenas (ou quase) através de blogues, cito o exemplo da presença das FARC na Festa do Avante e o “movimento” pela libertação de Ingrid Betancourt.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Vários, dos quais destaco, em primeiro lugar, a ocupação do meu tempo livre: alterou (desviou) completamente os meus hábitos de leitura. Leio menos jornais, menos livros e vejo menos telejornais. Em segundo lugar, proporcionou-me conhecer pessoas fora do meu círculo – uns virtuais; outros, pessoalmente. Alguns que, naturalmente, já são amigos como se os conhecesse há muitos anos.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Existe nos blogues o mesmo (melhor: quase o mesmo) condicionalismo à livre expressão que existe em qualquer outro meio de comunicação, oral ou escrito. No entanto, aqui, os condicionalismos editoriais são mais auto-impostos. Não é um colectivo, um editor ou um director a condicionar. E, sobretudo, existe mais nos bloggers que têm responsabilidades políticas, jornalísticas, literárias, académicas ou outras: auto-condicionam-se em função dos seus “interesses” específicos. Acontece muito menos nos bloggers “desconhecidos”. Esta questão liga-se com a primeira pergunta: os blogues que mais se auto-condicionam editorialmente são os que têm maior visibilidade (mais leitores) e, em regra, “desprezam” os outros procurando, com isso, objectivamente, condicioná-los, deixá-los a vegetar no limbo de modo a manter o statu quo. Mas a tendência de cada blogue uma opinião parece-me que é a que vai singrar alterando as regras do jogo.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Existe nos blogues o mesmo (melhor: quase o mesmo) condicionalismo à livre expressão que existe em qualquer outro meio de comunicação, oral ou escrito. No entanto, aqui, os condicionalismos editoriais são mais auto-impostos. Não é um colectivo, um editor ou um director a condicionar. E, sobretudo, existe mais nos bloggers que têm responsabilidades políticas, jornalísticas, literárias, académicas ou outras: auto-condicionam-se em função dos seus “interesses” específicos. Acontece muito menos nos bloggers “desconhecidos”. Esta questão liga-se com a primeira pergunta: os blogues que mais se auto-condicionam editorialmente são os que têm maior visibilidade (mais leitores) e, em regra, “desprezam” os outros procurando, com isso, objectivamente, condicioná-los, deixá-los a vegetar no limbo de modo a manter o statu quo. Mas a tendência de cada blogue uma opinião parece-me que é a que vai singrar alterando as regras do jogo.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson. Agenda para esta semana (de segunda-feira, dia 29/01/07, ao sábado, dia 03/02/07): João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete e Maria João Eloy.