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Passo a publicar mais um belo texto que acaba de me ser enviado pelo Onésimo Teotónio Almeida. Atravessou o Atlântico e, em três tempos, aqui se apresenta a falar de "Saias":
sdUm inocente na Costa dos Murmúrios
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Se não dispuséssemos já de provas apodíticas de como os intelectuais (os de antiga cepa, entenda-se) não têm jeito para o negócio, bastar-nos-ia uma recentíssima prova.
Eduardo Lourenço publicou mais um livro; o tema, a modernidade literária que veio revirar o lirismo romântico, idealizado, e que o sopro de Nietzsche acabaria por fazer cair, a princípio lentamente mas depois em queda livre, no corpo - nos corpos e na pós-modernidade do quase mero eros. Lourenço, na peugada de Eça, foi desencantar a musa de Lamartine, que desde cedo tanto cativara o nosso romancista-mor, e pespegou no título da sua colectânea de ensaios as próprias palavras queirosianas: As Saias de Elvira.
Estrangeirados, afrancesados tanto um como outro, já se sabe. Mas Eça escrevia no século XIX e não no XXI. Eduardo Lourenço, malgrado o seu impressionante faro literário, estético, filosófico e até de analista político, revelou mais uma vez não estar pelos deuses fadado para tirar partido económico dos seus livros.
Fosse ele mais atento aos sinais do mercado actual e, simultaneamente, mais castiço, mais lusitano, mais vernáculo nas suas intertextualidades e ter-se-ia lembrado de recorrer ao nosso folclore, para dele extrair um despudoradamente bem mais rentável título: A Saia da Carolina.
Se não dispuséssemos já de provas apodíticas de como os intelectuais (os de antiga cepa, entenda-se) não têm jeito para o negócio, bastar-nos-ia uma recentíssima prova.
Eduardo Lourenço publicou mais um livro; o tema, a modernidade literária que veio revirar o lirismo romântico, idealizado, e que o sopro de Nietzsche acabaria por fazer cair, a princípio lentamente mas depois em queda livre, no corpo - nos corpos e na pós-modernidade do quase mero eros. Lourenço, na peugada de Eça, foi desencantar a musa de Lamartine, que desde cedo tanto cativara o nosso romancista-mor, e pespegou no título da sua colectânea de ensaios as próprias palavras queirosianas: As Saias de Elvira.
Estrangeirados, afrancesados tanto um como outro, já se sabe. Mas Eça escrevia no século XIX e não no XXI. Eduardo Lourenço, malgrado o seu impressionante faro literário, estético, filosófico e até de analista político, revelou mais uma vez não estar pelos deuses fadado para tirar partido económico dos seus livros.
Fosse ele mais atento aos sinais do mercado actual e, simultaneamente, mais castiço, mais lusitano, mais vernáculo nas suas intertextualidades e ter-se-ia lembrado de recorrer ao nosso folclore, para dele extrair um despudoradamente bem mais rentável título: A Saia da Carolina.