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A.A.A., O meu primeiro Larousse de Lendas da Mitologia, Campo das Letras, Porto (Tradução Alexandra Bravo).
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Pré-publicação:
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"DÉDALO E ÍCARO
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Dédalo era o genial arquitecto que, sob as ordens do rei Minos, tinha concebido o inexpugnável Labirinto onde estava enclausurado o Minotauro, na ilha de Creta. Esta criatura monstruosa exigia regularmente carne humana, e houve inúmeros jovens atenienses que lhe foram sacrificados... até ao dia em que Teseu conseguiu vencê-lo. Este jovem herói saiu vivo do Labirinto com a ajuda de Ariadne, a própria filha do rei Minos. Ao deixar Creta, Teseu levou Ariadne consigo, como fora seu desejo.
Minos não sabia nada sobre o que realmente se tinha passado no Labirinto: pensava que a sua filha tinha sido levada por Teseu contra vontade dela. E segundo Minos, se Teseu tinha conseguido sair sem problemas do Labirinto, só havia uma explicação para isso: Dédalo tinha traído a sua confiança, dando a planta ao rapaz. Por isso, para se vingar, fechou o arquitecto, com o respectivo filho Ícaro, no Labirinto que aquele tinha criado.
Dédalo sabia que, sem a planta do Labirinto, seria incapaz de encontrar a saída! Mas ele era um criador notável – até tinha conseguido fabricar estátuas que se mexiam sozinhas – e acreditava que cada problema tinha a sua solução. Reflectiu durante muito tempo e considerou então que, se a terra e o mar não lhe ofereciam nenhuma saída, o céu, em contrapartida, estava livre. O filho e ele iriam escapar a voar... como pássaros!
Com a ajuda de um arco improvisado, Dédalo matou duas águias e apropriou-se das penas destas. Com habilidade e paciência, juntou as penas e colou-as com cera. Ícaro ajudou-o no trabalho, sem suspeitar que incorria na sua própria desgraça. Por fim, Dédalo recurvou esta construção de penas de forma a imitar a curvatura das asas de um pássaro. Assim que terminou os dois pares de asas, Dédalo prendeu-os nos ombros de Ícaro e nos seus. Depois, fez as suas recomendações ao filho querido: “Ícaro, tem cuidado para não voares nem muito alto nem muito baixo: muito perto do sol, a cera das tuas asas correm o risco de se derreter; muito perto do mar, as tuas asas molhar-se-ão. Segue-me, meu filho, sem nunca me perderes de vista”. O velho homem cobriu então o rapazinho de beijos.
Num bater de asas, subiram pelos ares. Dédalo voltava-se a cada instante para vigiar o filho. Houve camponeses que os avistaram e ficaram espantados. Aqueles homens que voavam como pássaros deviam ser deuses! Tal como um passarinho que sai do ninho, Ícaro depressa ganhou confiança. Rapidamente se sentiu inebriado pela sensação de liberdade e excitado com as alturas que podia alcançar.
Ícaro voou mais alto, sempre mais alto, de modo que Dédalo o perdeu de vista e ficou preocupado. Mas o jovem orgulhoso não deu importância nenhuma às recomendações do pai. Como um pássaro, quase como um deus, podia subir aos céus e sentia-se invencível! “Vou-me aproximar do sol e acompanhá-lo no seu curso!”, disse, esquecendo que era apenas um simples mortal.
Aconteceu o esperado: assim que chegou perto do sol, a cera das asas de Ícaro começou a derreter. As penas caíram uma a uma. O rapazinho já não estava seguro e agitava tragicamente os braços no vazio. Durante a queda, gritou o nome do pai. Mas em vão: este já não podia fazer nada por ele.
Ícaro caiu numa ilha que depois se chamou de Içaria e o mar que a rodeia foi baptizado de Mar Icariano, em memória desse rapaz audacioso.
Dédalo, que tinha por fim alcançado o filho, levantou o pequeno corpo desfalecido e enterrou-o.
Em seguida, tornou a voar para pedir refúgio na Sicília, ao rei Cocalos.
No entanto, Minos tinha ficado louco de raiva por causa da fuga dos seus prisioneiros e estava mesmo decidido a reencontrar Dédalo. Vagueou de terra em terra à procura dele. “Procuro esse traidor do Dédalo”, disse Minos, ao encontrar Cocalos. “Se está aqui escondido, peço-te por tudo que mo entregues!” Cocalos fingiu não saber de nada.
Mas Minos era muito engenhoso. Andou pelo país com uma concha de caracol e um fio. “Prometo a mais bela das recompensas àquele que conseguir fazer passar o fio nas espirais desta concha!”, repetia ele para quem queria ouvir.
Houve muitos que tentaram resolver este estranho desafio, mas em vão. Cocalos, esse, sabia que com a ajuda de Dédalo podia conseguir. Submeteu então o problema ao seu genial protegido. “Nada mais fácil”, disse Dédalo, depois de alguns instantes de reflexão. “Peça aos seus criados que me tragam algumas formigas e verá!”
Dédalo atou uma das formigas ao fio e introduziu o insecto na concha por um buraquinho no cocuruto. Em poucos minutos, estava feito: a formiga saiu do outro lado com o fio.
Cocalos, triunfante, correu rapidamente até Minos, para reclamar a sua recompensa. Que idiota! No mesmo instante em que viu a concha, Minos percebeu que o rei da Sicília tinha obtido a ajuda do homem mais engenhoso que existia, o famoso construtor do Labirinto.
“Diz-me onde está Dédalo”, ordenou-lhe Minos. “Agora já não me podes mentir!” Envergonhado, Cocalos foi obrigado a confessar e prometeu que lhe entregaria o arquitecto o mais rapidamente possível. Enquanto esperava, convidou Minos para repousar no palácio.
Cocalos era ingénuo, claro, mas tinha bom coração e não queria provocar a morte de Dédalo. Assim sendo, chegada a noite, quando Minos se foi lavar, Cocalos encarregou as filhas de o queimarem. Foi assim que o rei Minos, vermelho como uma lagosta, faleceu no banho.
Quanto a Dédalo, construiu inúmeras edificações magníficas para agradecer ao seu anfitrião."
Minos não sabia nada sobre o que realmente se tinha passado no Labirinto: pensava que a sua filha tinha sido levada por Teseu contra vontade dela. E segundo Minos, se Teseu tinha conseguido sair sem problemas do Labirinto, só havia uma explicação para isso: Dédalo tinha traído a sua confiança, dando a planta ao rapaz. Por isso, para se vingar, fechou o arquitecto, com o respectivo filho Ícaro, no Labirinto que aquele tinha criado.
Dédalo sabia que, sem a planta do Labirinto, seria incapaz de encontrar a saída! Mas ele era um criador notável – até tinha conseguido fabricar estátuas que se mexiam sozinhas – e acreditava que cada problema tinha a sua solução. Reflectiu durante muito tempo e considerou então que, se a terra e o mar não lhe ofereciam nenhuma saída, o céu, em contrapartida, estava livre. O filho e ele iriam escapar a voar... como pássaros!
Com a ajuda de um arco improvisado, Dédalo matou duas águias e apropriou-se das penas destas. Com habilidade e paciência, juntou as penas e colou-as com cera. Ícaro ajudou-o no trabalho, sem suspeitar que incorria na sua própria desgraça. Por fim, Dédalo recurvou esta construção de penas de forma a imitar a curvatura das asas de um pássaro. Assim que terminou os dois pares de asas, Dédalo prendeu-os nos ombros de Ícaro e nos seus. Depois, fez as suas recomendações ao filho querido: “Ícaro, tem cuidado para não voares nem muito alto nem muito baixo: muito perto do sol, a cera das tuas asas correm o risco de se derreter; muito perto do mar, as tuas asas molhar-se-ão. Segue-me, meu filho, sem nunca me perderes de vista”. O velho homem cobriu então o rapazinho de beijos.
Num bater de asas, subiram pelos ares. Dédalo voltava-se a cada instante para vigiar o filho. Houve camponeses que os avistaram e ficaram espantados. Aqueles homens que voavam como pássaros deviam ser deuses! Tal como um passarinho que sai do ninho, Ícaro depressa ganhou confiança. Rapidamente se sentiu inebriado pela sensação de liberdade e excitado com as alturas que podia alcançar.
Ícaro voou mais alto, sempre mais alto, de modo que Dédalo o perdeu de vista e ficou preocupado. Mas o jovem orgulhoso não deu importância nenhuma às recomendações do pai. Como um pássaro, quase como um deus, podia subir aos céus e sentia-se invencível! “Vou-me aproximar do sol e acompanhá-lo no seu curso!”, disse, esquecendo que era apenas um simples mortal.
Aconteceu o esperado: assim que chegou perto do sol, a cera das asas de Ícaro começou a derreter. As penas caíram uma a uma. O rapazinho já não estava seguro e agitava tragicamente os braços no vazio. Durante a queda, gritou o nome do pai. Mas em vão: este já não podia fazer nada por ele.
Ícaro caiu numa ilha que depois se chamou de Içaria e o mar que a rodeia foi baptizado de Mar Icariano, em memória desse rapaz audacioso.
Dédalo, que tinha por fim alcançado o filho, levantou o pequeno corpo desfalecido e enterrou-o.
Em seguida, tornou a voar para pedir refúgio na Sicília, ao rei Cocalos.
No entanto, Minos tinha ficado louco de raiva por causa da fuga dos seus prisioneiros e estava mesmo decidido a reencontrar Dédalo. Vagueou de terra em terra à procura dele. “Procuro esse traidor do Dédalo”, disse Minos, ao encontrar Cocalos. “Se está aqui escondido, peço-te por tudo que mo entregues!” Cocalos fingiu não saber de nada.
Mas Minos era muito engenhoso. Andou pelo país com uma concha de caracol e um fio. “Prometo a mais bela das recompensas àquele que conseguir fazer passar o fio nas espirais desta concha!”, repetia ele para quem queria ouvir.
Houve muitos que tentaram resolver este estranho desafio, mas em vão. Cocalos, esse, sabia que com a ajuda de Dédalo podia conseguir. Submeteu então o problema ao seu genial protegido. “Nada mais fácil”, disse Dédalo, depois de alguns instantes de reflexão. “Peça aos seus criados que me tragam algumas formigas e verá!”
Dédalo atou uma das formigas ao fio e introduziu o insecto na concha por um buraquinho no cocuruto. Em poucos minutos, estava feito: a formiga saiu do outro lado com o fio.
Cocalos, triunfante, correu rapidamente até Minos, para reclamar a sua recompensa. Que idiota! No mesmo instante em que viu a concha, Minos percebeu que o rei da Sicília tinha obtido a ajuda do homem mais engenhoso que existia, o famoso construtor do Labirinto.
“Diz-me onde está Dédalo”, ordenou-lhe Minos. “Agora já não me podes mentir!” Envergonhado, Cocalos foi obrigado a confessar e prometeu que lhe entregaria o arquitecto o mais rapidamente possível. Enquanto esperava, convidou Minos para repousar no palácio.
Cocalos era ingénuo, claro, mas tinha bom coração e não queria provocar a morte de Dédalo. Assim sendo, chegada a noite, quando Minos se foi lavar, Cocalos encarregou as filhas de o queimarem. Foi assim que o rei Minos, vermelho como uma lagosta, faleceu no banho.
Quanto a Dédalo, construiu inúmeras edificações magníficas para agradecer ao seu anfitrião."
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