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Cada década acaba sempre por corresponder a uma escala musical que se esgota, ao insuflar de um balão que depois se esvazia, ou a um soufflé que se expande no forno até abrir brecha. Isso mesmo: uma brecha que não nos chega a preparar, como deve ser, para a década seguinte. O que se passa à escala de uma década passa-se também à escala de um ano. Ora, soletremos o número "2007" e perguntemo-nos, depois, se ele não tem o seu quê de corpo estranho? Cada número tem evidentemente o seu nome mais ou menos secreto, mas, quando o número coincide com um ano, esse nome parece assustar-nos. É como se nele revíssemos a casa ainda desconhecida onde iremos habitar durante mais uma (pequena mas significativa) parte da vida.