sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Mini-entrevistas/Série II – 63


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Daniel Oliveira, colunista (http://arrastao.weblog.com.pt/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Um espaço democrático de produção de informação, opinião ou criação artística sem mediação. Isso parece assustar alguns dos que, usando este espaço, se sentem desconfortáveis com o ruído indistinto e não certificado pelas instâncias de legitimação política e cultural. A mim agrada-me, mesmo quando não gosto do que leio. A blogosfera representa a democratização da produção de conteúdos e uma capacidade extraordinária de romper bloqueios e hegemonias. Milhares de pessoas produzem e consomem informação sem ter de a transformar em mercadoria. Nesse sentido, como já escrevi em tom um pouco irónico, a blogosfera, ou que lhe suceder, é o que para mim mais se assemelha à minha ideia de socialismo. Sem senhas de racionamento ou nomenclatura.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
A guerra do Iraque e a polémica em torno dos cartoons dinamarqueses. Uma das coisas boas da blogosfera nacional foi ter provado que há público para o debate sobre assuntos internacionais. Que Portugal não tem de viver deprimido na claustrofobia provinciana do debate caseiro. Que não falta gente que veja para lá dos limites da aldeia.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Através do Barnabé comecei a escrever no “Expresso”. Conheci gente com a qual não me cruzaria noutras circunstâncias. E tomou horas infinitas do meu tempo. Expôs-me também. Por vezes demais. Transformando-me numa personagem, o que nem sempre me agrada.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Pelo menos é a forma mais livre que temos hoje. E isso tem tido, nos Estados Unidos, na Europa e nas ditaduras islâmicas, um impacto extraordinário. Será seguramente limitado no seu público e vai ser industrializado, como é normal que aconteça. Mas o espaço foi criado e outros lhe sucederão. Confesso que sou muito optimista, nesta matéria.
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Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins e Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres e José Pedro Pereira. Agenda desta semana (20/11 a 25/11): Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira e Leandro Gejfinbein.