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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Eduardo Pitta, escritor, 57 anos (Da Literatura).
O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Eduardo Pitta, escritor, 57 anos (Da Literatura).
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— O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Define, com propriedade não isenta de ironia, o espaço público online ocupado pelos blogues.
— Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Para responder com franqueza, nenhum. Como a ronda dos blogues vem depois dos jornais da manhã (seis, todos em edição online: dois portugueses, dois espanhois, dois ingleses), à partida não há surpresas. No entanto, casos pontuais, como os das últimas eleições legislativas e presidenciais, deram azo a que os pudesse ver como “barómetro” de uma certa opinião, naturalmente orientada, menos por ideologias do que por interesses. Com as inevitáveis excepções da praxe, que são sempre duas ou três, e raramente mais do que isso, os blogues legíveis são feitos por gente de algum modo associada à (ou agarrada aos bordos da) classe dirigente: assessores da Casa Civil da Presidência da República, actuais ou antigos deputados e ministros, “spin doctors”, cientistas políticos, altos funcionários, magistrados, historiadores, sociólogos, jornalistas, antropólogos, professores universitários, colunistas, advogados, economistas, arquitectos, gestores da área económica, artistas, escritores, etc. Uma espécie de “caixa de ressonância”, em tempo real, da opinião “letrada”. Escrutínio praticamente inexistente (os interesses não deixam). Nos intervalos da emoção há textos com que aprendemos. Isso é bom.
— Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O impacto? Roubam-me tempo...
— Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Depende do que se entenda por editorialmente livre... Veja. Como é que um chefe de gabinete, um juíz, um auditor do ministério das Finanças, o director de um jornal, um professor auxiliar, um colunista, e por aí fora, muitas vezes inscritos no partido A ou B, ou dependendo directamente de interesses “fortes”, como é que essas pessoas, assinando com o seu nome, podem ser editorialmente livres? As omissões dão a exacta medida da margem de manobra de cada um.
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Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins e Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta. Amanhã: Paulo Querido.
Define, com propriedade não isenta de ironia, o espaço público online ocupado pelos blogues.
— Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Para responder com franqueza, nenhum. Como a ronda dos blogues vem depois dos jornais da manhã (seis, todos em edição online: dois portugueses, dois espanhois, dois ingleses), à partida não há surpresas. No entanto, casos pontuais, como os das últimas eleições legislativas e presidenciais, deram azo a que os pudesse ver como “barómetro” de uma certa opinião, naturalmente orientada, menos por ideologias do que por interesses. Com as inevitáveis excepções da praxe, que são sempre duas ou três, e raramente mais do que isso, os blogues legíveis são feitos por gente de algum modo associada à (ou agarrada aos bordos da) classe dirigente: assessores da Casa Civil da Presidência da República, actuais ou antigos deputados e ministros, “spin doctors”, cientistas políticos, altos funcionários, magistrados, historiadores, sociólogos, jornalistas, antropólogos, professores universitários, colunistas, advogados, economistas, arquitectos, gestores da área económica, artistas, escritores, etc. Uma espécie de “caixa de ressonância”, em tempo real, da opinião “letrada”. Escrutínio praticamente inexistente (os interesses não deixam). Nos intervalos da emoção há textos com que aprendemos. Isso é bom.
— Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O impacto? Roubam-me tempo...
— Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Depende do que se entenda por editorialmente livre... Veja. Como é que um chefe de gabinete, um juíz, um auditor do ministério das Finanças, o director de um jornal, um professor auxiliar, um colunista, e por aí fora, muitas vezes inscritos no partido A ou B, ou dependendo directamente de interesses “fortes”, como é que essas pessoas, assinando com o seu nome, podem ser editorialmente livres? As omissões dão a exacta medida da margem de manobra de cada um.
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Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins e Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta. Amanhã: Paulo Querido.