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o Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. O convidado de hoje é Carlos Pinto Coelho, 62 anos, jornalista.
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Um mundo de modernidade, ainda incipiente e encantatório como todos os instrumentos de comunicação novos. Já começou a abrandar a quase histeria dos seus primórdios, quando parecia que a blogosfera chegara para esmagar irremediavelmente todos os restantes media de palavra escrita. Muitos dos seus prosélitos fundadores já o abandonaram, no cansaço de todos os paroxismos inúteis. Hoje a blogosfera é território exclusivo de adolescente (os “queridos diários” de antigamente), feirantes de vaidades, autores frustrados que só ali conseguem publicar-se, almas solitárias à procura de um qualquer eco, e também – certamente – de espíritos generosos que fazem doação militante das suas ideias, entre os quais coloco o autor do “Miniscente”.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim, já calhou ter falhado alguma cobertura noticiosa dos media jornalísticos e ter encontrado referência ao assunto num blogue. Mas muito avulsamente.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum, que me recorde.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não há, entre humanos adultos, manifestações públicas de pensamento inconsequentes. Todo o gesto partilhado transporta a sua própria sombra e com ela se compromete. Em termos simples, se um blogue se faz no anonimato, pratica a irresponsabilidade que se ampara na impunidade – e aí sim, a expressão pode ser livre até ao crime. Fora disso, nenhum autor identificado de blogue deixa de praticar uma severa auto-regulação, mesmo que inconsciente.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães e José Luís Peixoto. Amanhã: José Quintela, Director de Comunicação do Grupo Inapa.