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As imagens suscitam o acontecimento. A intrusão faz parte do mundo que faz a imagem. Tudo nela entra até àquele momento. Há um instante em que a adequação se desfaz e em que a expectativa como que é defraudada (a metáfora do ”murro no estômago” sempre traduziu esse facto). Não fosse a calculada provocação do Hezbollah-Irão junto às fronteiras de Israel e este acontecimento estaria ainda a dominar a história do verão. O terrorismo passou a viver da televisão, da propagação, da contaminação, ou seja, da mais profunda inversão. Já lá vai o tempo da guerra de 1967 que vinha no Século do dia seguinte (que chegava a casa à hora do almoço) e onde eram visíveis os campos que se digladiavam: estados, caras, blocos, causas. Zidane não existia ainda nessa altura e tudo estava por acontecer. Ficou agora perante tudo e todos como o mau da fita, mas o rosário está ainda por provar. O ser humano traz consigo uma nuvem de sobrevivência. Nem sempre é bonita, nem sempre a apreciamos em nós. E somo-la secretamente com o mesmo afinco com que a detestamos. É por isso que, nas imagens, uma bomba ou uma cabeçada é sempre uma coisa do diabo, do outro. Que interessa que o dito se defenda, ou que o mal lhe ”esteja já no sangue” (os ditames populares tradicionais são amiúde tão cruéis quanto realmente ilusórios). Olhamos as imagens e o que soa a falso é sempre maior do que nós: o abismo perfilha o coração que move a imagem. O ”mainstream” acaba por resolver o assunto, coordenando uma resposta, serenando a turbulência e repondo a tanquilidade (há muitas pombinhas subitamente impressionadas com aquilo que sempre foi o cenário da guerra). Quem não o aceita deixa a correcção a navegar entre imagens e tenta acomodar o incómodo no espaço da dúvida. Estrada sem fim. Estrada sem explicações arrumadas. Uma questão de tom. E de tomates.
As imagens suscitam o acontecimento. A intrusão faz parte do mundo que faz a imagem. Tudo nela entra até àquele momento. Há um instante em que a adequação se desfaz e em que a expectativa como que é defraudada (a metáfora do ”murro no estômago” sempre traduziu esse facto). Não fosse a calculada provocação do Hezbollah-Irão junto às fronteiras de Israel e este acontecimento estaria ainda a dominar a história do verão. O terrorismo passou a viver da televisão, da propagação, da contaminação, ou seja, da mais profunda inversão. Já lá vai o tempo da guerra de 1967 que vinha no Século do dia seguinte (que chegava a casa à hora do almoço) e onde eram visíveis os campos que se digladiavam: estados, caras, blocos, causas. Zidane não existia ainda nessa altura e tudo estava por acontecer. Ficou agora perante tudo e todos como o mau da fita, mas o rosário está ainda por provar. O ser humano traz consigo uma nuvem de sobrevivência. Nem sempre é bonita, nem sempre a apreciamos em nós. E somo-la secretamente com o mesmo afinco com que a detestamos. É por isso que, nas imagens, uma bomba ou uma cabeçada é sempre uma coisa do diabo, do outro. Que interessa que o dito se defenda, ou que o mal lhe ”esteja já no sangue” (os ditames populares tradicionais são amiúde tão cruéis quanto realmente ilusórios). Olhamos as imagens e o que soa a falso é sempre maior do que nós: o abismo perfilha o coração que move a imagem. O ”mainstream” acaba por resolver o assunto, coordenando uma resposta, serenando a turbulência e repondo a tanquilidade (há muitas pombinhas subitamente impressionadas com aquilo que sempre foi o cenário da guerra). Quem não o aceita deixa a correcção a navegar entre imagens e tenta acomodar o incómodo no espaço da dúvida. Estrada sem fim. Estrada sem explicações arrumadas. Uma questão de tom. E de tomates.