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Monitorizado e fiel a um conjunto bastante estável de “personalidades”, tem persistido ao longo do tempo em Portugal um micro-espaço público que os próprios dizem ser votado à indignação. Já lá vai o tempo em que a causa foi particularmente sensível ao defunto Conselho Mundial (e brejneviano) para a Paz e para a Cooperação. Seguindo as névoas da história, os alvos seguintes passaram a identificar-se mais com a “cultura” e não tiveram em boa conta, nem certos escritos de Maria Filomena Mónica, nem, claro está, os excessos dos “americanos” após o 09/11. É evidente que a guerra sempre inundou a noblesse desta lustrosa indignação. Bastante menos em certos casos, como aconteceu com a Chechénia, com o Congo, com os Balcãs ou com Darfur (há dias de menor atenção!), mas muito (com lágrimas e faixas brancas de linho) no compreensível caso da Indonésia vs. Timor e, sobretudo, no magno e antigo troféu de estimação: Israel. Há dias, cerca de sessenta personalidades lá subscreveram o esperado abaixo-assinado. Em nome da paz, é evidente. É como sorvete em tempo de Verão. Tal como nas perfumadas prosas de Chomsky, sabe bem e oculta desígnios mais finos e delicados. Este micro-espaço público, bem estudadinho, até dava um óptimo romance. Talvez vivido em ambiente de policial ali pelas vielas que ligam o S. Carlos e o S. Luís ao Chiado. O que a liberdade dá a ver!