quinta-feira, 1 de junho de 2006

O "tom" dos blogues - 22 (act.)

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“In the beginning - say 1994 - the phenomenon now called blogging was little more than the sometimes nutty, sometimes inspired writing of online diaries.”
(...) “This, at least, is the idea: a publishing revolution more profound than anything since the printing press.” (Andrew Sullivan, 2002)
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É difícil reflectir, hoje em dia, acerca da expansão da rede. Tradicionalmente, as análises sempre separaram o objecto do ponto de vista, enquanto, hoje em dia, a rede (como objecto de análise) e o olhar analítico do seu metatexto quase coincidem: como se um e outro surfassem na mesma onda e na turbulência do mesmo instante. O que não quer dizer que não haja imensa produção teórica contemporânea sobre o campo das redes e a sua recentíssima cultura (teoria dos grafos aleatórios, redes neuronais, a rede bolsista, o mundo cyborg, a rede WWW e outros – quase infinitos - universos diagramáticos).
Contudo, o ínfimo continente que dá pelo nome de blogosfera tem duas características imediatas de crescente notoriedade no meio da ‘grande tempestade’: a primeira, analisada anteontem aqui, diz respeito ao ‘paradigma da influência’ no espaço público (o ‘snapshot’ cirúrgico); a segunda diz respeito à enorme fertilidade que está a demonstrar na rede global.
Não existe um design que nos permita descrever este segundo aspecto, embora haja dados que contribuem para figurar a possível morfologia que se está neste momento a desenvolver:
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a) Sabe-se que a blogosfera está, semestre a semestre, a duplicar a sua dimensão (fonte: ClickZ). Neste momento ela é já 60 vezes maior do que era há três anos (escrevem-se 50.000 posts por hora). Particularmente interessante é o facto de actualmente o Japonês e o Mandarim perfazerem 52% da blogosfera, seguidos pelo Inglês (com 31%) e a uma grande distância pelo Castelhano, Português, Italiano, Russo e Francês. O caso da Coreia do Sul, onde se crê existirem cerca de 20 milhões de blogues, é impressionante.
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b) Segundo dados de David Sifry (referenciados pelo USA Today), entre Novembro de 2005 e Março de 2006, as línguas mais utilizadas na blogosfera foram as seguintes: Japonês (de 31 para 37%), Inglês (de 25 para 31%), Chinês (de 25 para 15%), Espanhol (de 4 para 3%), Português (de 3 para 2%), Italiano (de 3 para 2%), Russo (de 0,5 para 2%), Francês (manteve-se pelos 2%), Alemão (manteve pos 1%), Holandês (manteve-se por 1%) e outros (entre 4 a 5%).
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c) Neste momento existem no planeta, segundo o The Blog Herald, cerca de 75 a 140 milhões de blogues (40, 5 milhões indexados ao sistema de busca technorati):
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There are two sets of figures: based on major blog using countries the figure would be around 75 million, which is a patchy figure because its difficult to count blogs based on the country of origin due to the worldwide phenomenon of people using US companies. Based on blogs created at major hosts (a more accurate measure) the figure is actually 134-144 million. So I’m taking a round 100 million + blogs figure.”
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A taxa de crescimento deste novo dispositivo comunicacional é de tal modo meteórica que corresponde à criação de um blogue por segundo e a cerca de 75.000 a 80.000 blogues por dia. De todos os blogues criados, permaneceram activos, ao longo do ano de 2005, um total de 55%. A distribuição destes dados por “host” e por país é particularmente interessante (consultar aqui todas as fontes e, naturalmente, toda a relativação face aos números apresentados):
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por “Host”:
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Xanga: aprox. 40 milhões
MySpace: aprox. 20 a 30 milhões
MSN Spaces: aprox. 18 milhões
Blogger: aprox. 15 milhões
Cyworld: aprox. 13 milhões
SixApart: aprox. 11 milhões
Planet Weblog Service: aprox. 6 milhões
Yahoo blogs Koreia: aprox. 3 milhões
Skyblog: aprox. 3 milhões
Bokee: aprox. 2 milhões
Greatest Journal: aprox. 1, 16 milhão
Other US Live Journal: aprox. clones 1 milhão
Onet. pl: aprox. 825.000
Persian blog: aprox. 520.000
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por país (com mais de 250.000 blogues):
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Estados Unidos: aprox. 30 a 50 milhões
Coreia do Sul: aprox. 20 milhões
China: aprox. 6 milhões
Japão: aprox. 5,5 milhões
França: aprox. 3,5 milhões
Reino Unido aprox. 2,5 milhões
Espanha: aprox. 1,5 milhão
Polónia: aprox. 1,5 milhão
Irão: aprox. 700.000
Canadá: aprox. 700.000
Holanda: aprox. 600.000
Austrália: aprox. 450.000
Rússia: aprox. 400.000
Alemanha: aprox. 300,000
Itália: aprox. 250,000
Sobre blogues em Português, ver nota*
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O impacto desta expansão é de tal modo grande que não é possível hoje conceber juízos minimamente objectiváveis que o possam caracterizar. Nem nos próximos anos se irá aclarar muito bem o seu significado, já que o agir dos blogues é sobretudo aferido por aspectos qualitativos que agenciam influências quase invisíveis num tabuleiro, ao mesmo tempo, global e arrasadoramente descontínuo.
Tal como Daniel Drezner questionou - "How is it possible to show that without the blogosphere, a political event would have ended differently?" - e logo respondeu - “This problem is compounded by the fact that blogs often will be writing about a newsbreaking event as it happens”. Um dos dons da expressão emergente dos blogues é, de facto, essa ‘capacidade de fogo’ que faz do evento e da sua notação um mesma figura (peço, desta vez, licença ao João Miranda para exemplificar o poder da nova carabina comunicacional).
A verdade é que a velocidade da expansão blogosférica seria mais um óptimo tema para Virilio.
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*Quanto à blogosfera em Português, esta é uma óptima altura para solicitar actualizações aos nossos bloggers. Embora obtusos, os dados há três anos eram os seguintes: 100.000+ (Brasil) e 4.000 (Portugal). No entanto, contando a blogosfera global com uma média activa de 100 milhões de blogues e exprimindo-se no seu seio cerca de 2% em língua portuguesa – estes dados são sustentados por David Sifry e pela própria Technorati –, é normal que Portugal e Brasil, além da África lusófona, repartam uns 2 milhões de blogues. Mas eu torço o nariz, apesar de, em três anos apenas, a blogosfera ter matematicamente crescido 6000%. Venham, pois, actualizações acerca da blogosfera em Português!)
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P.S.- Paulo Querido tem hoje um post sobre o tema com remissão aqui para o Miniscente. Agradeço a consideração (e especialmente as palavras sobre esta sequência analítica), estimo as discordâncias e só lamento a omissão de opinião ("formada").