quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Desfocar a cena e o enredo

Num lado, pode sempre achar-se graça ao figurão.
Noutros lados, não se pode nunca tocar na sensibilidade alheia.
e
Daniel Wolf escreve no último Spectator (no links) que, afinal, "Censorship wasn' t all bad". E explica a ironia de modo sagaz: "Vivemos numa cultura que subitamente celebra a estupidez como se fosse sabedoria, o feio como se fosse belo, a ofensa como se fosse virtude e, no limite, entende a dissenção face à opinião mais respeitável como causa para suspeição e a expressão de ideias pouco confortáveis como crime."
Esta nova vaga de "crime" e "suspeição" - deixo os outros aspectos agora de lado - não é apenas uma reacção ao que escapa ao comunicacionalmente correcto. É sobretudo o fruto de uma aliança (que muitos diriam ser estranha) entre, por um lado, o fluxo permanente de imagens mundializadas e, por outro lado, a ilusão multiculturalista que tende a desfocar e a demonizar o próprio cenário onde está (e onde pode estar livremente) em cena.