O estado filantropo, razoavelmente remediado e sempre pronto a insinuar-se perante o magistério do que se designa por "cultura", torna-se amiúde num corpo narcísico que evoca e actualiza certas formas arcaicas de auto-sacralização. Noutros tempos, era através do universo das indulgências que os superiores representantes do ‘Altíssimo’ na terra se encarregavam de mediar o perdão do mal, para além, é evidente, de edificarem templos e acomodações luxuosas (os museus e o mercado das ‘indústrias da dignificação contemporânea’ estavam ainda para vir).