sábado, 24 de setembro de 2005
Eu sei que a indignação é uma arena sadia. Em princípio é assim. Sei, também, que a indignação pode estar em vez de outra coisa qualquer (e não constituir, portanto, uma emergência carregada de autenticidade). O que não quer dizer, neste último caso, que deixe de ser sadia.
Considero que não existe qualquer tipo de cinismo nesta separação. E mais: considero que a tipificação do "intelectual" - como protagonista por excelência desse possível cinismo - é coisa que pertence cada vez menos ao mundo em que vivemos (o "intelectual"era, há três ou quatro décadas, uma espécie de iluminado utópico que habitava num mundo fechado e de convergências, onde as contra-culturas e as vanguardas tinham um sentido que hoje praticamente desapareceu).
A questão abordada por J.P.P. tem lógica, mas a abordagem parece-me projectiva e algo desfasada. Com outra cirurgia mais consistente, teria dado origem, certamente, a um excelente comentário sobre a recepção ao 'escândalo Fátima Felgueiras'.