Presidente ligeiro
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É domingo à tarde e eu estou no hall principal da Gulbenkian a fazer tempo para o início de um concerto. De repente, Jorge Sampaio desce as escadas acompanhado por vasta comitiva. Quando a televisão abre as luzes sobre a pequena multidão e os acompanhantes do presidente vivem com gáudio o brilho inodoro do ritual, uns fardados com fitinhas brancas às curvas, outros de fatinho apertado e auriculares à James Bond das Maldivas, eis que o meu olhar periférico distingue um vulto vetusto a correr sobre a alcatifa. Levanto a cabeça, abro os olhos e vejo o próprio Sampaio a correr em diagonal, estilo Jorge Coroado, com aquele destino que pertence invariavelmente aos mortais que sentem súbitos problemas hidráulicos. A segurança rodeou a zona das casas de banho por momentos e eu, fora de mão e do mundo (como acontece tantas vezes), lá fiquei a auscultar a imensa escultura de António Rosa.