Défices
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No Volkskrant de hoje, o meu diário de Amesterdão (lembro-me de o ouvir cair no chão do corredor e, depois, de o ver a ocupar o tampo da mesa do pequeno-almoço), a melopeia do défice aparece com cristalina e desinibida exposição calvinista. Estou certo de que, mais cedo ou mais tarde, as medidas serão apenas matéria de notícia breve, estrita e pragmática. Nós por cá preferimos falar, falar, falar. É o agradável barroco do sul, mas é também a necessidade de repetir até à exaustão uma metáfora (a do “défice”) que consiga traduzir o entendimento e a conformação da nossa própria “crise”.
Leiamos, pois, o título do matutino holandês:
“Os holandeses pagam anualmente entre 500 milhões e mil milhões de Euros a mais nas suas despesas de saúde. Pelo menos 500 milhões de Euros podem ser poupados”