quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

Felicidade

O romance - virá a ser mesmo romance? - que estou a escrever desde o início da semana passada entrou hoje numa nova fase. Chamo-lhe, há muito, a fase do "não retorno". Quer dizer que já sei que é coisa para ir até ao fim. Para já é o que sei e é o quanto basta. E é muito. Mas não esqueço o que aprendi com Calvino:

"O problema de não acabar uma história é este. Seja como for que ela acabe, seja qual for o momento em que decidimos que a história pode considerar-se acabada, verificamos que não é para esse ponto que (se) conduzia a acção de contar, que o que conta está noutro sítio, é o que aconteceu antes: é o sentido que adquire esse segmento isolado de acontecimentos, extraído da continuidade do contável."

Aquilo que eu desigo por fase do "não retorno" é a certeza formada e fundada de que sei que o tal "noutro sítio", porventura no plural, já habita a centena e tal de páginas que enformam o borrão ainda sem título que estou a trabalhar. Preciso agora é de encontrá-lo (ou encontrá-los). Amanhã terei mais um dia, de sol a sol, apenas para essa demanda. Não é bom?